Artigo de opinião escrito por Douglas Koneff, encarregado de Negócios da Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, e publicado no jornal O Globo no dia 10 de novembro de 2022.
Instituições brasileiras têm um papel fundamental no combate ao desmatamento devastador da Amazônia
Entre todas as forças centrífugas destes últimos 20 anos, disputando para separar o mundo, a crise climática ainda paira como a maior questão que mudará a vida de forma inalterável.” O enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, frequentemente enfatiza esse ponto. A crise climática é uma ameaça existencial a nosso futuro, empregos, alimentos, filhos, lares e ao planeta.
Nos primeiros nove meses deste ano, os EUA sofreram 15 desastres climáticos, cada um deles custou à nossa nação mais de US$ 1 bilhão. Tragédias semelhantes ocorreram no mundo todo, incluindo o Brasil, onde inundações, incêndios e secas minaram o sustento e a segurança de milhões de pessoas.
Encontrar soluções requer uma cooperação global. A COP27 precisa obter resultados fortes e uma abordagem Implementation Plus, mas o que isso significa? Significa manter viva a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 oC. Devemos intensificar a ação global para reduzir as emissões de carbono e nos adaptarmos aos impactos climáticos, cumprindo e ampliando as metas anteriores. As estratégias para o crescimento econômico devem estar focadas na sustentabilidade e no apoio a esforços climáticos mais amplos.
Os EUA vão à COP27 certos de que estamos no caminho para cumprir nossas ambiciosas metas. Nossa legislação climática aprovada recentemente é a mais significativa da história dos EUA e traça um cronograma assertivo para reduzir até 2030 nossas emissões em 50-52% abaixo dos níveis de 2005, demonstrando empenho para alcançar nossos compromissos climáticos nos próximos oito anos.
Continuamos comprometidos em mobilizar US$ 100 bilhões anualmente para apoiar os esforços nos países em desenvolvimento, incluindo a promessa do presidente Biden de entregar US$ 11 bilhões por ano em financiamento até 2024 para descarbonizar as economias e aumentar a resiliência, especialmente entre comunidades vulneráveis.
O Brasil é um parceiro crucial contra as mudanças climáticas. As instituições brasileiras de renome internacional têm um papel fundamental no combate ao desmatamento devastador da Amazônia. Na COP27 e além, o Brasil pode contribuir no combate à crise climática com a criatividade, visão e liderança climática de empresas brasileiras, sociedade civil, universidades, comunidades indígenas e governos.
A cooperação ambiental Brasil-EUA para a conservação da biodiversidade na Amazônia reúne instituições governamentais, sociedade civil e setor privado. Apenas no ano passado, nossa parceria, por meio da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), evitou mais de 30 milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa, o equivalente à queima de quase 80 milhões de barris de óleo, e aprimorou a gestão de 45 milhões de hectares na Amazônia brasileira. Nossos investimentos apoiaram 189 áreas protegidas, das quais 83% eram reservas indígenas.
Há muito mais a fazer. Parceiros no Brasil e nos EUA entendem que devemos agir mais para proteger biomas críticos, como Amazônia e Cerrado, e fazer a transição para um futuro carbono zero. Entendemos que este momento representa uma chance de criação de empregos e investimentos verdes, melhoria da saúde, combate à fome e redução da poluição.
A COP27 será um momento crucial para o Brasil e os EUA darem mais um passo em nossa jornada de 200 anos e construir nosso legado de parceria com o Brasil. Porque o futuro é verde.
Douglas A. Koneff é encarregado de negócios da embaixada e consulados dos EUA no Brasil