Brasil pode fazer parte da Crescente Rede Limpa ao banir Huawei

 

Brasil pode fazer parte da Crescente Rede Limpa ao banir Huawei
Por Keith Krach, subsecretário dos EUA de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente

Publicado por Jornal O Globo
19/08/2020 – 01:00

Quem construir as redes 5G de uma nação ganhará a chave para os dados pessoais, comerciais e governamentais mais sensíveis daquele país. Empresas confiáveis como Ericsson e Nokia, da Europa, e Samsung, da República da Coreia, ganharam a confiança de governos e pessoas em todo o mundo. Ao mesmo tempo, outras entidades estão perdendo essa confiança, mais notavelmente, a República Popular da China e as empresas controladas pelo seu governo, como a Huawei.

Nos últimos oito meses, o governo chinês ocultou um surto que se tornou uma pandemia global, eviscerou as liberdades de Hong Kong, instigou um conflito sangrento na fronteira indiana, e persistiu com a brutalidade ao estilo Gulag nos campos de Xinjiang. Esses abusos são possíveis por um estado de vigilância orwelliano que rastreia bilhões de pessoas em todo o mundo e pelo Grande Firewall unidirecional da China, onde os dados entram, mas não saem, e a propaganda sai, mas a verdade não entra.

A Huawei é a espinha dorsal da vigilância mundial da China. Ela se apresenta como uma empresa privada independente, mas deve cumprir a Lei de Inteligência Nacional da China, entregando dados privados de cidadãos e de negócios ao governo chinês mediante solicitação. Isso significa que qualquer nação que confie à Huawei suas redes de comunicação oferece ao governo chinês uma chave de acesso para qualquer dado que cruze essas redes – desde comunicações comerciais e governamentais sensíveis, propriedade intelectual e até mensagens de texto. O histórico bem estabelecido de roubos de propriedade intelectual da Huawei demonstra o quão rotineiramente viola a confiança pública e as leis locais dos países onde opera.

O governo dos EUA e seus parceiros em todo o mundo estão acelerando os esforços para proteger a segurança econômica global, restringindo o envolvimento da Huawei e de outros fornecedores não confiáveis em redes 5G. Uma rede confiável oferece uma abordagem mais ampla para lidar com as ameaças de longo prazo à privacidade de dados, à segurança, aos direitos humanos e à colaboração de boa fé entre os países.

Existem hoje mais de 30 países participando da Rede Limpa e se juntam às maiores empresas de telecomunicações do mundo, como: Telefônica na Espanha, Orange na França, Telco Itália, Reliance na Índia, SK e KT na Coreia, e as do Japão, de Singapura, da Austrália e dos EUA.

Como resposta ao crescente número de países e empresas que questionam a confiabilidade da Huawei, ela intensificou suas já agressivas campanhas de lobby e mídia, inclusive no Brasil. Um representante da empresa alegou recentemente que as restrições aumentariam o custo do 5G no Brasil em até cinco vezes – um exemplo da campanha de desinformação da Huawei. Empresas confiáveis que aderem ao Estado Democrático de Direito e operam de boa fé não tentam intimidar governos e seus cidadãos com ameaças infundadas. E ao contrário do que a Huawei quer que você acredite, a escolha de provedores de equipamentos de comunicação confiáveis não acarreta necessariamente em um aumento nos custos.

Como o secretário Pompeo deixou claro, os EUA estão alinhados com os países contra o bullying chinês. Apoiamos o Reino Unido em sua decisão de julho de banir a Huawei de suas redes 5G, e estaremos ao lado dos nossos parceiros brasileiros contra qualquer coerção chinesa ou bullying direcionado a vocês.

Enquanto os brasileiros avaliam os riscos inerentes ao relacionamento da Huawei com o governo chinês, sua estrutura de propriedade não-transparente, histórico de roubo de propriedade intelectual, lobby desonesto e disposição para usar ameaças comerciais para avançar objetivos geopolíticos, quero que saibam que os EUA estão prontos para trabalhar com vocês. O Brasil merece acesso a tecnologia 5G aberta, inovadora e de confiança que contribua para a prosperidade da nação.