Declaração à imprensa
Cientistas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) concluíram, após cuidadoso exame das evidências existentes, que o Zika vírus de fato causa microcefalia e outras anomalias cerebrais graves em fetos. No relatório publicado no New England Journal of Medicine, os autores do CDC descrevem uma rigorosa ponderação de evidências com o uso de critérios científicos estabelecidos.
“Esse estudo representa um marco decisivo no surto de Zika. Agora está claro que o vírus causa a microcefalia. Mas estamos iniciando outros estudos para descobrir se a microcefalia em crianças nascidas de mães infectadas pelo Zika vírus é a ponta do iceberg dos efeitos prejudiciais ao cérebro e de outros problemas de desenvolvimento que podemos ver”, disse Tom Frieden, médico, mestre em Saúde Pública e diretor do CDC.
“Agora nós confirmamos aquilo as evidências tem sugerido, reforçando a orientação inicial que demos às gestantes e seus parceiros, bem como aos profissionais de saúde que lidam com pacientes diariamente, de tomar precauções para evitar a infecção pelo Zika vírus. Estamos procurando fazer o possível para proteger o público americano.”
Histórico
O relatório observa que nenhuma evidência isolada fornece prova conclusiva de que a infecção pelo Zika vírus causa microcefalia e outras anomalias cerebrais em fetos. Ao contrário, as conclusões dos autores baseiam-se no número crescente de evidências confirmadas em estudos publicados recentemente e em uma avaliação cuidadosa realizada com o uso de critérios científicos estabelecidos.
A constatação de que a infecção pelo Zika vírus pode causar microcefalia e outras anomalias cerebrais graves quer dizer que, uma mulher que é infectada pelo vírus durante a gravidez, corre um risco maior de ter um bebê com esses problemas de saúde. Isso não significa, entretanto, que todas as mulheres que contraem a infecção pelo Zika durante a gravidez terão bebês com problemas. Como se observou durante o surto de Zika atual, algumas mulheres infectadas tiveram bebês aparentemente saudáveis.
O estabelecimento dessa relação causal entre o Zika vírus e as anomalias cerebrais fetais é uma etapa importante para que se intensifiquem os esforços de prevenção, priorizem as atividades de pesquisa e ressalte a necessidade de comunicação direta sobre os riscos do Zika. Embora tenhamos conseguido responder a uma questão importante sobre as causas, ainda restam muitas outras. Respondê-las será o foco das pesquisas que estão em andamento que também servirão para melhorar os esforços de prevenção, o que poderá acabar ajudando a reduzir os efeitos da infecção pelo Zika vírus durante a gravidez.
No momento, o CDC não está alterando suas orientações atuais em decorrência dessa constatação. As gestantes devem continuar evitando viajar para regiões onde o vírus está se disseminando ativamente. Mulheres grávidas, que venham a viajar para regiões onde ocorre transmissão ativa do Zika vírus ou que nelas residem, devem conversar com seu médico e seguir estritamente as instruções para evitar picadas de mosquitos e a transmissão sexual do vírus. Continuamos a incentivar as mulheres e seus parceiros, especialmente nas regiões em que há transmissão ativa do Zika vírus, a fazer o planejamento da gravidez e buscar aconselhamento médico para conhecer os riscos e saber como reduzi-los.