Companhias americanas veem no Brasil um grande mercado’, diz subsecretário dos EUA

Entrevista concedida a Martha Beck e Eliane Oliveira, do jornal O Gloibo

Para Bruce Andrews, há grandes oportunidades para os dois países

Em visita de três dias a Brasília, para participar do Fórum de CEOs Estados Unidos-Brasil, o subsecretário de Comércio dos EUA, Bruce Andrews, demonstrou ter uma visão otimista sobre a economia brasileira. Segundo ele, o Brasil não é o único país que passa por dificuldades e, apesar dos problemas, continua sendo um grande parceiro comercial.

  • Se você olhar para além dos EUA e da China, uma boa parte do mundo está enfrentando desafios. É preciso olhar não para o que está acontecendo hoje, mas para as oportunidades do futuro. As companhias americanas veem no Brasil um grande mercado, com uma classe média em desenvolvimento – disse Andrews ao GLOBO, momentos

Ele lembrou que os EUA estão negociando novos acordos comerciais, como, por exemplo, com os países do Pacífico e com a União Europeia. E adiantou que o Brasil tem todas as chances para fazer algo do gênero com os americanos:

  • Esses acordos (que estão em negociação) cobrem 60% do PIB mundial, mas, obviamente, com o Brasil, que é um mercado global importante, nós adoraríamos ter a oportunidade de usar e aplicar os mesmos princípios. Estamos sempre procurando expandir nossos acordos de livre comércio. Agora que temos um padrão com esses dois, procuramos ter o mesmo tipo com outros países.

LIVRE COMÉRCIO

Perguntado se o Mercosul seria uma barreira para um acordo de livre comércio entre Brasil e EUA, ele destacou que tudo depende de como as negociações são feitas. A decisão, frisou, cabe ao Brasil.

  • Podem-se negociar acordos de maneira bilateral e multilateral – afirmou.Em março deste ano, Brasil e EUA assinaram um acordo de facilitação de comércio. O objetivo não é mexer em alíquotas de importação, uma vez que tal procedimento iria contra as normas do Mercosul, que tem a Tarifa Externa Comum (TEC) no comércio com terceiros países. A ideia é eliminar a burocracia e harmonizar normas técnicas e fitossanitárias, entre outros itens.
  • Um dos desafios que as empresas dos dois países enfrentam é a ineficiência e o custo que resultam de barreiras comerciais, que não são tarifas. Existe uma oportunidade real em seguir adiante nesse acordo, e isso vai beneficiar as nossas companhias – observou.Entre as medidas em estudo está a redução de exigências para o ingresso de empresários americanos e brasileiros nos dois países.
  • Nosso Departamento de Segurança Nacional tem certas regras que têm de ser seguidas. Nossos departamentos (americano e brasileiro) estão em negociações para tratar dessa questão. Mas queremos tornar mais fácil para os brasileiros visitarem os Estados Unidos.
    Perguntado sobre que medidas serão anunciadas em Washington, durante o encontro entre Dilma e o presidente Barack Obama, Andrews evitou entrar em detalhes.
  • Eu acho que há uma série de assuntos, tanto no campo econômico quanto em áreas mais amplas, que eles pretendem discutir e acho que existem grandes oportunidades para os dois países aproveitarem. O encontro de CEOs, que eu estou aqui para presidir, vem numa hora muito boa.