Recife, 08 de março de 2017 – Neste Dia Internacional da Mulher, o Consulado Geral dos Estados Unidos no Recife divulga os três vencedores do concurso de redação promovido com o tema “Como Definir uma Mulher Empoderada”. A vencedora do concurso foi Leandra Lawlesse, de Igarassu, município da Região Metropolitana no Recife. Seu artigo (versão reduzida) foi publicado no jornal Diário de Pernambuco neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. O jornal tem circulação em todo o estado de Pernambuco. O segundo lugar ficou com Melissa Alcoforado (Recife) e o terceiro, com Jorge de Lima (Paulista). Os três autores das redações vencedores receberão um tablet “Kindle Fire” cada. Confira abaixo a versão completa do texto vencedor.
Um painel de jurados do Consulado Geral dos Estados Unidos selecionou as três redações vencedoras. O concurso foi feito com o propósito de fomentar os objetivos da Missão dos Estados Unidos no Brasil e do Departamento de Estado de fortalecer a igualdade e inclusão social em todo o mundo, o Consulado Geral dos EUA do Recife promove concurso de redação para celebrar o Dia Internacional da Mulher. “Ficamos felizes com a participação de mulheres e homens, da capital e interior de Pernambuco, que participaram do concurso e mostraram que este é um tema relevante para toda a sociedade”, disse Matt Keener, cônsul de Diplomacia Pública e coordenador da iniciativa.
O concurso foi lançado no dia 2 de fevereiro e as redações deveriam conter no máximo 800 palavras, em português, sobre o tema “Como Definir uma Mulher Empoderada”. Os participantes teriam que ser cidadãos brasileiros residentes no estado de Pernambuco e ter pelo menos 13 anos de idade. Concorrentes menores de 18 anos precisam de permissão dos pais para participar. Cidadãos americanos ou residentes legais permanentes não eram elegíveis para participar.
O que é uma mulher empoderada?
Leandra Lawlesse
Ao longo da história, a mulher sempre assumiu um papel secundário na sociedade. Muitas alcunhas foram dadas a ela, como “sexo frágil” e “rainha do lar”. Muitas atribuições lhe foram conferidas como “ideais”: boa dona de casa, submissa, recatada, compreensiva, mãe cuidadosa.
Podemos pensar que isso foi há muito tempo e que, hoje em dia, não acontece mais. Entretanto, basta olharmos com um pouco mais de atenção, para percebermos que o papel da mulher na sociedade atual continua sendo secundário, apesar das muitas conquistas que já foram obtidas.
A sociedade moderna continua a ditar o modelo ideal de mulher: bonita, sexy, magra, “sarada”. Se não se casa, vira “solteirona”. Além dos estereótipos que se perpetuam, a forma como a mulher é tratada também reflete os padrões de uma sociedade machista e excludente. A violência contra as mulheres continua muito presente entre nós, elas geralmente ganham menos que os homens, para ocupar as mesmas funções, e os cargos de chefia, em sua maioria, estão em mãos masculinas.
Governos de todo mundo têm adotado políticas afirmativas para promover a igualdade de condições no trabalho e nos estudos, reprimir o assédio sexual e todas as outras formas de violência contra a mulher.
Em uma campanha de grandes proporções, A ONU criou um conjunto de medidas a serem adotadas por todos os países: as WEPs, que na Língua Inglesa, são as iniciais das palavras “Princípios de Empoderamento das Mulheres”. Esses princípios visam garantir a igualdade de gênero em todos os setores: econômico, político, social e cultural.
A Mulher Maravilha foi eleita como embaixadora dessa campanha das Nações Unidas, o que mostra que ainda estamos longe do real empoderamento feminino, pois se trata de uma “mulher ideal”, com cabelos compridos, sexy, dona de um corpo escultural: o tipo de beleza feminino desejável na sociedade.
Essas medidas governamentais, embora deficientes, são tentativas válidas. Entretanto, existe uma forma de empoderamento que nenhum governo ou instituição pode dá-las, e que é o mais real, libertador e transformador de todos os poderes: aquele que vem de dentro, que é uma conquista pessoal de cada uma. Esse empoderamento consiste em tomar a vida nas próprias mãos e assumir a beleza de ser quem é.
Uma mulher empoderada não se restringe aos padrões que a sociedade impõe. Se quiser ser caminhoneira, diplomata, artista, ou o que quer seja, vai à luta: trabalha, estuda, abre seus próprios caminhos. Mas se quiser ser dona de casa, também está tudo certo – a escolha é dela.
Os padrões de beleza não escravizam uma mulher empoderada. Cabelos cacheados ou lisos, curtos ou compridos, negros ou louros: é ela quem escolhe. Assume suas curvas e não se veste para agradar o sexo oposto ou para impressionar outras mulheres. Seja de vestido e salto alto, de calça jeans e tênis, ela é sempre linda, pois já compreendeu que sua beleza vem de seu posicionamento diante da vida.
Uma mulher empoderada não depende de um relacionamento para estar bem. Ela é livre! Sozinha ou acompanhada, ela é forte, é capaz, é feliz. Pode sofrer e chorar com suas desventuras amorosas, mas se reergue e se refaz, porque seu poder vem de dentro – ela não o coloca em mãos alheias.
Empoderar-se, requer um grande trabalho interior de construção da autoestima, de decisão e de libertação. Mas também requer a luta pela garantia de seus direitos, que se trava através da conscientização da sociedade, do posicionamento político, e que se propaga nas ruas, nas redes sociais, na educação das novas gerações.
O empoderamento é contagiante! A história está cheia de mulheres empoderadas, que através de seu rompimento com padrões sociais e de sua história de luta e de vida, mostraram o poder que elas têm.
No dia internacional da mulher, por exemplo, comemora-se a luta de operárias que disseram não às condições desumanas de trabalho a que estavam sendo submetidas. E o que dizer de Simone de Beauvoir que, no início do século XX, ousou dizer que “ninguém nasce mulher: torna-se mulher”? Ou ainda de Rosa Parks que, sendo negra, recusou-se a dar seu assento no ônibus a um homem branco nos Estados Unidos (o que a levou a ser presa)? E de Cora Coralina que, mesmo proibida de escrever pelo marido, criou uma obra literária impressionante? Esses são apenas alguns exemplos, dentre tantos outros, de mulheres que se empoderaram e abriram caminho para que milhões de outras mulheres também o fizessem.
Uma mulher empoderada é aquela que se liberta das fôrmas sociais e que ousa ser aquilo que quiser. Que se vê e se coloca diante da sociedade como um sujeito histórico que tem voz ativa. É uma mulher que se reconhece como um ser humano em contínuo trabalho de transformação e que, ao transformar-se, transforma o mundo.