Discurso da Embaixadora Liliana Ayalde Evento de Nomeação do Embaixador da Boa Vontade da UNAIDS

Bom dia a todos. É um prazer estar aqui com vocês hoje. Um obrigado especial ao Coordenador Residente do Sistema das Nações Unidas no Brasil, Joege Chediek, pelo convite para participar deste evento tão importante. Também gostaria de reconhecer a participação:

  • do subsecretário geral das Nações Unidas, Dr. Luiz Loures;
  • da diretora da UNAIDS no Brasil, Georgiana Braga;
  • do diretor do Departamento de DST/AIDS do Ministério da Saúde, Dr. Fábio Mesquita;
  • e do Embaixador da Boa Vontade, Mateus Solano.

Os Estados Unidos e o Brasil estão na vanguarda de combate à epidemia de HIV desde que ela começou nos anos oitenta. Nossos dois países são reconhecidos por fazerem grandes avanços no controle do HIV e por cuidar dos infectados.

O governo dos Estados Unidos foi, e continua sendo, o maior contribuinte na luta contra o HIV/AIDS.
Nosso compromisso tem sido apoiado através do Plano Emergencial da Presidência dos Estados Unidos para Combater a AIDS (PEPFAR) com a contribuição de US$ 1,76 milhões em 2012 para o Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária, dos quais US$ 45 milhões foram revertidos para a UNAIDS por ano.

O programa apoiou o tratamento antiretroviral de mais de cinco milhões e cem mil pessoas; drogas antiretrovirais para prevenir a transmissão do HIV de mãe para filho e apoiou diretamente o cuidado de mais de quinze milhões de pessoas.

Em escala global, os esforços dos governos, organizações multilaterais, como a UNAIDS e a OMS, sociedade civil, organizações sem fins lucrativos e indivíduos têm contribuído para diminuir as infecções e mortes e para melhorar a saúde das pessoas com o HIV.

Contudo, apesar desse sucesso, estamos vendo uma mudança no caráter da epidemia do HIV em vários países. Novas infecções estão aumentando entre as populações vulneráveis, particularmente entre homens que têm relações sexuais com homens e entre pessoas transgênero.

Um elemento que contribui significativamente para essa mudança é o estigma e a discriminação.

A proporção de homens que fazem sexo com homens que denunciam violência física, psicológica e sexual é um indicador de discriminação. Nós vemos que tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, cerca de trinta e cinco por cento desses homens denunciam tais ações contra eles.

Também temos evidências científicas documentadas demonstrando que fatores estruturais, como o estigma, a discriminação e a violência baseados na orientação sexual e na identidade de gênero limitam o acesso aos serviços de saúde.

E onde o estigma, a discriminação, a desigualdade e a violência relacionados ao HIV persistem, a resposta global para o HIV com certeza cessará.

Para responder efetivamente às epidemias nacionais nas quais populações vulneráveis formam o maior grupo de risco do HIV, a comunidade de saúde pública mundial começou a mudar a sua abordagem.

O PEPFAR, por exemplo, modificou seus princípios para incluir: “Acabar com o estigma e a discriminação contra pessoas com o HIV e populações-chaves, melhorando o seu acesso ao, e a adoção de serviços abrangentes para o HIV.

A UNAIDS também investiu na busca de uma visão voltada para uma campanha para alcançar ‘Zero novos infectados pelo HIV. Discriminação Zero. Zero mortes relacionadas com a Aids” até 2030;

Da mesma forma, o Ministério da Saúde do Brasil está se empenhando mais para atender e diagnosticar populações vulneráveis de alcance mais difícil.

Os Estados Unidos e o Brasil também apoiam a luta contra a discriminação de outras formas significativas no âmbito da OMS.

Pela primeira vez na história, os desafios na área da saúde para os LGBT foram debatidos na Agenda do Conselho Executivo da OMS em 2013. O tópico foi proposto pelos Estados Unidos e pela Tailândia em parceria com o Brasil, Noruega e África do Sul.

Estamos ansiosos para trabalhar com o Brasil, a UNAIDS, outras organizações multilaterais e parceiros internacionais para derrubar barreiras, para cuidar e ao mesmo tempo aumentar a conscientização sobre a diversidade de gênero.

A nomeação do Sr. Solano como Embaixador da Boa Vontade da UNAIDS vai impulsionar a visão da “Discriminação Zero” da UNAIDS.

O talento do Sr. Solano, sua bagagem diplomática e sua posição corajosa em questões de identidade de gênero – principalmente frente a milhões de olhos dos telespectadores brasileiros – certamente inspirará muitos a verem o estigma e a discriminação de maneira diferente.

Para finalizar, por meio de minha presença aqui, gostaria de reafirmar nosso apoio ao trabalho da UNAIDS, do Brasil e da comunidade internacional na melhoria do direito à saúde e à proteção da dignidade humana de populações mais vulneráveis.

Muito obrigada!