Discurso da Embaixadora Liliana Ayalde na Sessão Plenária do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos na Sede da Confederação Nacional da Indústria

Eu gostaria de começar agradecendo ao nosso anfitrião – a Confederação Nacional das Indústrias. Existe uma longa história de apoio prestado pela CNI à Embaixada dos Estados Unidos. Nos últimos anos, a CNI gentilmente organizou eventos para receber a secretária de Estado Hillary Clinton, o ministro de Energia Ernest Moniz, e o ex-subsecretario de comércio internacional Francisco Sanchez entre muitos outros. Obrigada CNI e particularmente ao senhor Robson Andrade.

Sinto-me honrada ao falar hoje na sessão plenária do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos. Gostaria de reconhecer o senhor Ahmet Bozer da Coca-Cola, que está liderando a delegação norte-americana hoje, e o senhor Fred Curado, da Embraer, presidente da Seção Brasileira, assim como todos os membros das Seções do Brasil e dos Estados Unidos.

Parabenizo o povo brasileiro e as autoridades eleitorais por mais uma eleição bem sucedida marcada por uma participação extraordinária e debate vigoroso. Esperamos continuar trabalhando com a presidente Dilma e sua administração para fortalecer nossas aspirações mútuas e avançar em nossa relação bilateral. Como muitos sabem, o presidente Obama telefonou para a presidente logo após sua vitória para parabeniza-la e o Vice Presidente Biden falou com ela na semana passada. Esperamos que o ministro Figueiredo e o secretario Kerry encontrem-se em breve para estabelecer um caminho concreto para que nossa cooperação continue avançando. Apesar dos desafios existentes, os laços comerciais e econômicos entre os Estados Unidos e o Brasil são a estabilidade da nossa relação.

  • A AmCham Brasil é a maior Câmara de Comércio norte-americana no mundo, com mais de 5.000 membros corporativos e 14 escritórios pelo Brasil, além de uma filial em Fortaleza abrindo neste ano.
  • O Departamento de Comércio de nossa embaixada levou aos Estados Unidos mais de 2.000 delegados para aproximadamente 40 feiras de negócios variados no ano passado.
  • Além disso, o Departamento de Comércio, diretamente e por meio de seu programa de parcerias, (Negócios com os Estados Unidos), possui representação em mais de 50 cidades brasileiras. O departamento trabalha para conectar negócios brasileiros com parceiros norte-americanos por intermédio de sua rede de centros de apoio à exportação em mais de 100 cidades nos Estados Unidos. Estamos trabalhando para unir os negócios em cada canto de nossos países.
  • Iniciativas como essas, de Estado a Estado, são constantemente parte do nosso compromisso. De fato, delegações oficiais de 10 dos 50 estados dos Estados Unidos visitaram estados brasileiros nos últimos dois anos.

Ficamos felizes ao saber que a presidente Dilma planeja implementar uma segunda fase do programa de seu governo, Ciência Sem Fronteiras. A educação é uma das principais áreas de cooperação entre os nossos países, e contribui diretamente para a prosperidade econômica. Desde janeiro de 2012, mais de 26 mil brasileiros estudaram nos Estados Unidos como parte do programa Ciência Sem Fronteiras, que estabeleceu a meta de enviar 101 mil estudantes brasileiros ao exterior para estudar e estagiar nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Gostaria de reconhecer e agradecer aos membros do Conselho Empresarial Brasil – Estados Unidos por participarem do programa, e espero que continuem contribuindo para o seu sucesso. Estou convencida de que esses alunos são importantes para a relação comercial Brasil – Estados Unidos.

Simultaneamente, o governo dos Estados Unidos está trabalhando para aumentar o número de estudantes norte-americanos no Brasil, por meio da iniciativa “100,000 Strong” nas Américas. Usando o fundo de inovação deste programa, o Departamento de Estado está trabalhando com a indústria privada e irá fornecer subsídios a instituições dos Estados Unidos para promover e expandir o intercâmbio no hemisfério ocidental, incluindo o envio de estudantes para o Brasil.

Reconhecendo que a comunicação é a base para as transações comerciais, o Governo dos Estados Unidos trabalha ativamente para promover o ensino de inglês no Brasil. A Embaixada dos Estados Unidos mantém sólidas parcerias com 38 centros binacionais em 15 estados brasileiros para apoiar o ensino da língua inglesa. Também trabalhamos em estreita colaboração com o Governo Brasileiro no apoio do programa Inglês Sem Fronteiras.

As empresas norte-americanas também são fortes parceiras na promoção do inglês no Brasil. O Grupo Mais Unidos é uma organização filantrópica corporativa de mais de 100 empresas dos Estados Unidos, com operações no Brasil, trabalhando em conjunto com a Embaixada dos Estados Unidos. Sei que muitas das empresas aqui presentes hoje são participantes. O Mais Unidos está atualmente financiando a construção de laboratórios de línguas em cinco universidades federais brasileiras, e, em um projeto separado, mantém uma plataforma “online” onde qualquer brasileiro pode aprender inglês de forma gratuita. Desde o lançamento desse site, em julho, mais de 12.000 estudantes já participaram dos cursos.

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil trabalha muito para promover o intercâmbio de negócios e lazer entre o Brasil e os Estados Unidos. Desde junho de 2012, não houve espera para o agendamento de uma entrevista de visto em qualquer uma das quatro seções consulares no Brasil, e os requerentes ficam menos de uma hora em nossas instalações. Temos orgulho em fornecer excelentes serviços que facilitam as viagens para os Estados Unidos.

Em 2012 e 2013, processamos um milhão de vistos a cada ano. A grande maioria dos viajantes recebeu um visto de turismo com validade de 10 anos. Prevemos uma demanda ainda maior e estamos trabalhando muito para continuar a oferecer um serviço de excelência.

Apesar dos milhões de vistos que processados no Brasil, existe um mito de que é difícil obter um visto. Isso não é verdade. Posso dizer com confiança que o processo é simples, rápido e sempre disponível.

Os Estados Unidos recebem os visitantes brasileiros de braços abertos. No ano passado, mais de dois milhões de brasileiros viajaram para os Estados Unidos, atingindo um novo recorde. O Brasil é hoje o 5º país que mais envia turistas para os Estados Unidos e queremos ver esse número crescer.

Os Estados Unidos continuam comprometidos em trabalhar em conjunto com o Brasil para atingirmos nossos objetivos comuns em assuntos econômicos e de desenvolvimento. Exemplos como a Parceria Brasil-Estados Unidos em Aviação demonstram quão importante é o desenvolvimento de tais parcerias para que nossos países possam aumentar seu acesso a cadeias globais de valor, incentivar a inovação e promover melhor competitividade global.

A Parceria em Aviação oferece um fórum de discussões para ambos os países, onde são colocadas as prioridades do setor de aviação, incluindo temas como: cooperação técnica em infraestrutura para aviação, transporte aéreo e tecnologias para controle de tráfego aéreo. No mês passado foi desenvolvido, no âmbito da Parceria, um workshop sobre Gestão de Tráfego Aéreo no Rio de Janeiro, onde representantes do setor privado e de ambos os governos puderam conversar sobre melhores práticas e tecnologias empregadas em Controle de Tráfego Aéreo, enfatizando em particular grandes eventos que podem impactar tráfego aéreo, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Espero que a Parceria em Aviação possa servir como modelo para a criação de outras parcerias em setores estratégicos para os nossos países.

A Parceria em Aviação é um mecanismo advindo de uma importante cooperação bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o Fórum de CEOs. Esse fórum reúne 12 CEOs norte-americanos e 12 CEOs brasileiros para produzir recomendações conjuntas aos seus governos que possam gerar impactos positivos aos países. O Sr. Frederico Curado, um dos lideres da reunião plenária de hoje, é o representante da Embraer no Fórum.

Outras importantes contribuições também surgiram no âmbito do Fórum de CEOs, além da Parceria em Aviação. Como consequência de outra recomendação do Fórum, tivemos a Embaixada dos Estados Unidos participando do desenvolvimento de um workshop sobre a criação de padrões de smart grid no Brasil, uma reunião entre a Casa Civil e o Escritório de Informações e Assuntos Regulamentares da Casa Branca, onde foram discutidas as melhores práticas das duas instituições em regulação. Espero que os membros do Fórum possam se reunir em 2015 para auxiliar ainda mais no processo de formulação de novas políticas que possam trazer bons resultados para nossos países. Esperamos que o Fórum dos CEO seja agendado em 2015.

Outro importante mecanismo de cooperação bilateral é o Diálogo Comercial Brasil-Estados Unidos. Desde 2006, o Diálogo Comercial trabalha em prol de seu principal objetivo, aumentar o comércio bilateral entre nossos países. Com a tarefa de identificar e propor soluções para impedimentos ao comércio, o Diálogo Comercial engajou-se em temas como: entregas expressas, franquias, patentes e marcas registradas, biocombustíveis, padrões, investimentos de impacto, estatísticas de serviços e coerência regulatória. Em agosto de 2014, o Dialogo Comercial foi importante para a realização de seminários sobre coerência regulatória no Brasil onde foram discutidas as práticas regulatórias com o setor privado com o objetivo de conceder maior previsibilidade, consistência e transparência aos processos de regulamentação.

Ainda em 2014, como parte do Diálogo Comercial, a Apex-Brasil e o SelectUSA, instituições responsáveis por atrair investimentos em nossos países, assinaram um Memorando de Intenções para trabalhar em conjunto.

Os Estados Unidos são o país que mais investe no Brasil. Algumas empresas norte-americanas, várias representadas aqui hoje, inauguraram seus primeiros escritórios no Brasil há mais de 100 anos. A parceria entre empresas dos Estados Unidos e empresas Brasileiras vem desenvolvendo tecnologias de ponta ao combinar as melhores práticas de ambos os países. Mais de 70 centros de inovação foram criados no Brasil por empresas norte-americanas que atuam em diversas áreas, como por exemplo, nos setores automotivo e de produtos farmacêuticos. O atual valor de investimentos dos Estados Unidos no Brasil é de mais de 100 bilhões de dólares.

Ao mesmo tempo, os investimentos brasileiros nos Estados Unidos triplicaram nos últimos 5 anos, chegando ao patamar de 15 bilhões de dólares. Essa parceria recíproca em investimentos promove ganhos em competitividade para ambos os países, permitindo o acesso a novos mercados. Algumas das principais marcas consumidas nos Estados Unidos, como Burger King, Heinz e Budweiser são dirigidas por empresas brasileiras e mais de 76.000 trabalhadores nos Estados Unidos são empregados por empresas com participação brasileira.

Dando prosseguimento ao Memorando assinado entre a Apex-Brasil e o SelectUSA, pretendo liderar uma delegação composta por 50 empresas brasileiras para atender a segunda edição do Seminário de Investimentos do SelectUSA, que ocorrerá em Março de 2015 em Washington, DC. O seminário do SelectUSA é o principal evento de promoção de investimentos nos Estados Unidos. Esse evento fomentao contato direto entre executivos de empresas de todo o mundo e representantes de alto nível do governo norte-americano e de organizações de desenvolvimento econômico de todo o país, para que sejam divulgadas as oportunidades de investimento existentes nos Estados Unidos.

Sinto-me honrada por ter tido a oportunidade de falar com vocês hoje. Considerando a relação Brasil-Estados Unidos como um todo, nossas similaridades sobrepõem nossas diferenças. Somos as duas maiores democracias do hemisfério ocidental e compartilhamos uma herança comum de diversidade. Cooperação bilateral é algo vital e positivo para os governos, mas também para os indivíduos e empresas que avançam nesse sentido. Todos os dias, milhões de transações comerciais de diferentes escalas nos conectam e demonstram quão similares são nossos valores e propósitos.

Obrigada por sua atenção hoje e por contribuir positivamente para o avanço da relação bilateral entre os nossos países.