
Discurso de Abertura do Diretor do Serviço de Educação, Imprensa e Cultura do Consulado Americano em São Paulo, Rakesh Surampudi na Conferência Internacional sobre Museus de Imigração
Bom dia a todos! Obrigado pela introdução calorosa. É com grande prazer que dou-lhes as boas vindas a esta conferência. Este evento, bem como a exposição fotográfica que irá estrear aqui amanhã, representa a força do relacionamento entre Ellis Island e o Museu de Imigração de São Paulo que, juntos, criaram um projeto cujo próximo passo será dado em maio, em Nova York. Esse é o tipo de relacionamento – entre povos – que, de fato, aproxima nossos países.
Eu gostaria de agradecer aos organizadores por sua dedicação em construir este evento: Roberto Penteado de Camargo Ticoulat, Presidente do Instituto da Preservação e Difusão da História do Café e da Imigração; Marília Bonas e Mariana Martins, nossas anfitriãs; João Kulcsár, o curador da exposição; Diana Pardue, Diretora do Museu de Ellis Island; e minhas colegas Maria Estela Correa e Danna Van Brandt, do Consulado dos Estados Unidos. Minha equipe dedicou meses de trabalho a este projeto, e estamos muito animados com sua estreia.
Agora é um momento muito apropriado para esta exposição. Como se sabe, imigração está novamente no centro do debate político nos Estados Unidos. Como diplomata, eu tenho a oportunidade de ouvir, em primeira mão, um vasto espectro de pontos de vista sobre imigração. Ainda assim, eu tenho, com frequência, a sensação de que, no meio dos números e estatísticas, leis e regulações, nós perdemos a compreensão acerca da história da imigração em si.
Essa história importa. Importa porque imigração é tema tanto de política interna quanto externa. No nosso Consulado no Rio de Janeiro, nós processamos mais de 1.600 vistos de imigração somente em 2014. Aqui em São Paulo, processamos mais do que 600.000 vistos temporários no ano passado. Não há dúvidas de que os brasileiros que visitam ou se mudam para os Estados Unidos impactam enormemente a economia norteamericana, além de adicionar cores ao mosaico cultural de nosso país. Como o Presidente Obama disse recentemente, “Não importa se éramos irlandeses, italianos ou alemãos cruzando o Atlântico, ou chineses, ou japoneses, cruzando o Pacífico; se cruzamos o Rio Grande ou se voamos até aqui de qualquer lugar do mundo – gerações de imigrantes transformaram este país no que ele é hoje. É isso que faz de nós especiais.”
Na verdade, é isso que faz o Brasil ser tão especial, também.
A natureza e a grandeza da história da imigração em nossos países é algo que temos em comum. Os contornos das narrativas nos Estados Unidos e no Brasil são incrivelmente similares – duas nações construídas por milhões de imigrantes europeus e asiáticos; duas nações formadas por pessoas trazidas à força da África, por meio do tráfico escravista, o que é, para nós, motivo de vergonha coletiva; duas nações que, como consequência da imigração, tornaram-se democracias ricas e multiculturais e que lideram o Hemisfério Ocidental atualmente.
Algo que frequentemente se perde no meio dessa discussão política, no entanto, é que a imigração é, no fundo, sobre pessoas e suas histórias. Algumas dessas pessoas desbravaram fronteiras. Outras lavraram a terra. Algumas pavimentaram as estradas. Todas têm em comum o fato de terem ajudado a construir nossas sociedades fortes e diversas. E essas histórias continuam tendo desdobramentos hoje em dia. Nos EUA, os imigrantes abriram 28% de todos os novos empreendimentos em 2011; mais de 40% das 500 empresas da Fortune foram fundadas por imigrantes ou seus filhos de primeira geração. Imigrantes representam 29% dos cientistas, 50% dos matemáticos e cientistas da computação, e 57% dos engenheiros com doutorado. Claramente, suas contribuições são significantes para nossa economia e cultura atualmente, assim como o foram 100 anos atrás.
É este o espírito celebrado por esse projeto. Um espírito que vive nas salas do Museu de Ellis island e no chão sob a Estátua da Liberdade, e também neste prédio que serviu, por muitos anos, como ponto de chegada para imigrantes que desembarcavam no Brasil. As fotos são lembretes de quem é afetado pelos debates políticos. Somos nós.
Em nome da Missão Diplomática dos EUA no Brasil, eu me junto a vocês na celebração de nossa herança compartilhada e agradeço a vocês por ensinarem a gerações futuras uma história que não deve ser esquecida.