Palavras do Subsecretário Keith Krach sobre Segurança Econômica

Bom dia. Obrigado.

Quero agradecer especialmente a Welber Barral por moderar a discussão de hoje e por seu serviço ao Brasil e à parceria bilateral.

Deixe-me agradecer também à Fundação Getúlio Vargas por nos ajudar a levar isto a um grupo tão grande quanto possível.

Tem sido uma grande honra estar aqui no Brasil nos últimos dias.

Tenho visto muitas vezes como um negócio “de perto e pessoal” porque os EUA e o Brasil têm 200 anos de história tradicional de amizade e a relação entre eles é tão forte.

Falamos muitas vezes com meu bom amigo Ernesto Araújo e seu ministro das Relações Exteriores. Concluímos que se trata de uma combinação de 3 coisas:

  • Em primeiro lugar, compartilhamos valores comuns. Somos feitos de coisas semelhantes. Resistentes, honestos, trabalhadores, criativos, independentes.
  • Segundo, compartilhamos culturas comuns. Ambos somos alicerçados na crença na liberdade, autodeterminação, forte identidade nacional e no orgulho de fazer avançar nossos países.
  • Terceiro e mais importante, temos coração e paixão pelo que acreditamos e pelo que sentimos um pelo outro – alguém pode negar a lógica, mas não o coração.

No meu papel de dirigir a diplomacia econômica para os Estados Unidos, aprendi que esta qualidade é única e não deve ser subestimada. Podemos não concordar em cada pequeno detalhe, mas estamos vindo de um bom lugar.

Praticamente falando, como as duas maiores economias e democracias do Hemisfério Ocidental, os Estados Unidos e o Brasil são aliados naturais. Trabalhamos juntos nos desafios regionais, ajudando a proporcionar oportunidades econômicas, apoiando aqueles que fogem de regimes repressivos como o de Nicolas Maduro e assegurando o livre fluxo do comércio.

Os Estados Unidos são de longe o maior investidor no Brasil, apoiando a criação de empregos no Brasil, o investimento comunitário e o desenvolvimento de negócios de classe mundial.
A aliança Brasil-EUA é um dos melhores exemplos de uma parceria de igual-para-igual no hemisfério. E tanto nossos governos quanto nossos povos estão comprometidos com um modelo de desenvolvimento econômico impulsionado pelo mercado e liderado pelo setor privado — e com as liberdades fundamentais que sustentam este modelo econômico.

Essas liberdades são a razão pela qual o talento e a criatividade brasileiros têm sido parte da criação de coisas notáveis, desde a co-fundação da Instagram com um parceiro americano até desenvolvimentos aeroespaciais e desde o transporte não tripulado até novas variedades de safras.

O mundo precisa que os brasileiros liderem em inovação, mas também que defendam firmemente nossos valores democráticos compartilhados quando estão sob ameaça.
Minhas reuniões nos últimos 4 dias colocaram um ponto de exclamação humano em tudo isso.  Ontem participei de um compromisso trilateral com o Brasil e outro aliado próximo, o Japão; bem como de um diálogo bilateral EUA-Brasil sobre um assunto que me é próximo e caro, o meio ambiente.  Também tive reuniões incríveis com o setor privado, uma com empresários de alta tecnologia em São Paulo e outra com os CEOs brasileiros das empresas da Fortune 500 dos Estados Unidos, Europa e Japão.  Talvez meu favorito de todos tenham sido os jantares e reuniões individuais com líderes do governo brasileiro. Muitos deles foram os ministros que hospedei em minha casa para jantar em março passado.

Em cada um desses encontros, discutimos outro assunto que me é caro e próximo: um que cruza segurança econômica global, investimento do setor privado americano no Brasil e a segurança nacional e a soberania tecnológica do Brasil. Tudo isso afetará a enorme mudança de paradigma tecnológico da segurança das telecomunicações 5G.

Deixe-me abrir e compartilhar um pouco disso com você e depois terei o prazer de responder suas perguntas em alguns minutos. Primeiro, deixe-me explicar por que isto é tão importante para mim pessoalmente.

Eu venho do setor de tecnologia nos Estados Unidos. Depois de ser vice-presidente da GM, passei cerca de 30 anos no Vale do Silício, construindo e liderando empresas de tecnologia de sucesso como Ariba e DocuSign. Ambas empresas de 40 bilhões de dólares.

Sei por experiência que a propriedade intelectual e os dados que nossos países produzem constituem a “riqueza bruta” de nossa economia tecnológica moderna — assim como o petróleo e o aço foram para a economia industrial ou a terra foi para a economia agrícola.

Mas também sei por experiência que os poderes autoritários — como o PCC — estão procurando roubar e cooptar nossos dados e nossa propriedade intelectual (PI).

Eu sei, porque a China fez isso comigo. Eles roubaram minha PI em várias ocasiões. Agora que estou no Departamento de Estado dos EUA, o que eu vi está além da imaginação. Eu nem sabia que havia uma lei de segurança nacional que exigia que as empresas chinesas entregassem os dados a pedido do Partido Comunista. É por isso que hoje, sou apaixonado por convocar nossos aliados e parceiros do governo e da indústria para que se unam à crescente maré para proteger nossos dados e interesses de segurança nacional do estado de vigilância do PCC e de outras entidades malignas. Ao contrário de outros países que usam tecnologia para construir, comercializar, educar e inspirar, o PCC usa essa tecnologia para afirmar e manter o controle social sobre seus cidadãos.

É por isso que visitei 20 países da Europa e do Oriente Médio e agora estou em visita à América Latina, com o Brasil sendo minha primeira parada, é claro. Formou-se um consenso de que não se pode confiar ao Partido Comunista Chinês nossos dados mais sensíveis e nossa propriedade intelectual. Tanto os países como as empresas estão recuando contra o PCC e seus vários apêndices. Eles sabem que a Huawei é a espinha dorsal do Estado de vigilância do PCC, onde os dados entram mas não saem e, reciprocamente, a propaganda sai, mas a verdade não entra.
É por isso que uma rede confiável de países e empresas se reuniu para formar a Rede Limpa.

É uma abordagem compreensiva para enfrentar a ameaça a longo prazo e constrói uma colaboração confiável representada por regimes autoritários. Ela se baseia em padrões de confiança aceitos internacionalmente e representa uma estratégia de longo prazo, construída sobre uma coalizão de 50 países em rápido crescimento, representando aproximadamente dois terços do PIB mundial, juntamente com mais de 170 empresas de telecomunicações e muitas das mais poderosas empresas de alta tecnologia do mundo.

A chave para o rápido sucesso da Clean Network é que ela provê força em números e poder em unidade e solidariedade para fazer frente às táticas de intimidação e retaliação do PCC. Com o anúncio aqui e os comentários do secretário Pompeo em Washington ontem, o Brasil é o 50º membro.

Na rede, há:

  • 31 dos 37 países da OCDE;
  • 27 dos 30 países da OTAN;
  • 26 dos 27 países da União Européia;
  • 11 dos 12 países dos Três Mares.

Todos nós — governos, empresas, sociedade civil e especialmente a imprensa — viramos essa maré contra o autoritarismo em favor da liberdade e da segurança. Não há prosperidade sustentável sem liberdade. Em apenas alguns meses, dois terços do PIB mundial estão representados na Rede Limpa. Deixe-me compartilhar com você por que é tão importante para sua comunidade empresarial, para compartilhar citações do porquê deste anúncio:

Augusto Lins, Presidente da Stone Pagamentos:

“ Ter uma rede 5G Limpa é muito importante para combater o crime cibernético, violações de dados e lavagem de dinheiro, bem como para atrair investimentos para novos produtos e serviços de valor agregado que exigirão soluções inovadoras. Uma rede é apenas tão forte quanto seu elo mais fraco”.

NEC América Latina:

“A Rede Limpa com arquitetura de rede de acesso aberto de rádio suportará uma diversidade de fornecedores confiáveis. Isto é bom para o crescimento econômico do Brasil, bom para as operadoras e bom para os consumidores”. A arquitetura aberta e a 5G Limpa ajudarão o Brasil a se tornar um produtor global de componentes de rede”.

 

Siemens Brasil:

“Uma rede 5G Limpa não se restringe apenas a telefones celulares; trata de processos críticos de fabricação, plataformas de petróleo e gás, e redes de energia, sistemas de saneamento e internet das coisas”. A Rede Limpa ajudará a garantir que a infra-estrutura crítica do Brasil — sistemas de energia, transporte e saneamento — seja segura e confiável”.

“A Rede Limpa nos ajudará a tornar o Brasil uma plataforma de exportação confiável, expandindo o mercado brasileiro de 200 milhões de consumidores para potencialmente 500 milhões de consumidores”.

“As redes limpas são importantes para salvaguardar a propriedade intelectual e a privacidade do usuário”.

Em última análise, a segurança 5G é um esporte de equipe: Precisamos de todas as nações livres a bordo. Nossa cadeia de segurança é apenas tão forte quanto seu elo mais fraco. Ela se resume a uma palavra — e devemos fazer essa grande e duradoura pergunta: Em quem confiamos?

Confiança é a palavra mais poderosa em qualquer idioma. É a base de todo relacionamento importante — pessoal, comercial, ou não. Você compra de pessoas em quem você confia. Você faz parcerias com pessoas em quem você confia.

Os Estados Unidos e o Brasil confiam um no outro. Nós confiamos que o Brasil tomará a decisão certa 5G para seus cidadãos, empresas e, em última instância, para sua segurança nacional. E os Estados Unidos estarão ali ao seu lado.

Obrigado, Deus abençoe os Estados Unidos, e Deus abençoe o Brasil.