Casa Branca
Gabinete do Secretário de Imprensa
Para divulgação imediata
Departamento de Estado
11:14 EDT
O PRESIDENTE: Obrigado a todos. (Aplausos.) Por favor, sentem-se. Bem, obrigado, John, pela apresentação e a visão de criar esta conferência.
É claro que sou grato a John Kerry por várias razões. Mas uma coisa que todos nós devemos ao John é a sua convicção de que um oceano saudável e um planeta mais saudável são mais do que apenas nosso meio ambiente; eles também são vitais para a nossa política externa e a nossa segurança nacional. Assim, ele aumentou a repercussão das mudanças climáticas e da proteção do oceano ao ponto de termos conversas sobre isso não só no Salão Oval, mas na Sala de Situação. E isso é fundamental para nos ajudar a mobilizar todo o governo em torno das questões com as quais todos vocês se preocupam tão profundamente.
E não é de se admirar que John se sinta assim. Nosso secretário de Estado é descendente de comerciantes do mar e marinheiros. Ele mesmo é um veterano da Marinha. Assim, em muitas maneiras, o oceano está em seu sangue. Há muitos anos, o pai de John passou ao seu filho o amor de um marinheiro pelo mar– seu encanto, sua beleza e seu poder. Mas o pai de John também amava o que ele chamava de “o ambiente do marinheiro” – entender o clima e as ondas, e as diferentes maneiras em que um indivíduo se adapta ao oceano.
Claro, o problema que todos nós enfrentamos hoje é que estamos pedindo demais de nosso oceano, pedindo-lhe que se adapte a nós.
E John está certo de que isto também é algo pessoal para mim. Eu cresci no Havaí. O oceano é muito bom lá. (Risos.) E qualquer um que cresce em uma ilha, certamente aqueles de nós que cresceram no Havaí, aprende a apreciar muito cedo a sua magia, como ele inspira fascínio, e, por vezes, se as ondas são um pouco grandes demais e você nadou um pouco longe demais, como ele inspira medo e um respeito saudável.
E a noção de que o oceano em que eu cresci não é algo que eu posso passar para as minhas filhas e os meus netos é inaceitável. É inimaginável. Por isso, o investimento que todos nós fazemos aqui hoje, juntos, é vital para a nossa economia, é vital para a nossa política externa, é vital para a nossa segurança nacional, mas também é vital para o nosso espírito. É vital para quem nós somos.
Mudanças perigosas no nosso clima, causadas principalmente pela atividade humana; zonas mortas no nosso oceano, causadas principalmente pela poluição que nós criamos aqui em terra; práticas de pesca insustentáveis; áreas marinhas desprotegidas, nas quais espécies raras e ecossistemas inteiros estão em risco, todas essas coisas estão acontecendo agora. Elas estão acontecendo há muito tempo. Então, se nós vamos deixar para nossos filhos oceanos como os que foram deixados para nós, então nós vamos ter que agir. E vamos ter que agir com ousadia.
E é por isso que as promessas e as parcerias de todos vocês na Conferência Our Ocean são tão vitais. Os mais de US $ 4 bilhões que governos e organizações filantrópicas alocaram para a conservação nos dois primeiros encontros, aqui em Washington e no Chile; os mais de 2 milhões de milhas quadradas de oceano que passamos a proteger juntos ao longo destes últimos dois anos, e o que vocês vão acrescentar a essas somas esta semana, por meio de mais de 100 novas iniciativas e contribuições, tudo isso vai fazer a diferença. Provavelmente não seja o suficiente, mas é um bom começo. E o mais importante, estamos sinalizando o fato de que, assim como fizemos com o acordo de Paris, cada vez mais, somos capazes de criar uma arquitetura internacional que aborde alguns desses desafios ambientais mais importantes de uma forma séria.
Uma das razões pela qual eu me candidatei a Presidente foi para garantir que os Estados Unidos façam a nossa parte para proteger o nosso planeta para as gerações futuras. E eu estou muito orgulhoso de que os Estados Unidos se tornaram um líder global na luta contra as mudanças climáticas – desde triplicar a energia que obtemos dos ventos, multiplicar em mais de trinta vezes a energia solar elétrica, até o Plano de Energia Limpa (Clean Power Plan)que vai limitar a poluição que lançamos em nossos céus, ao nosso papel na mobilização de cerca de 200 nações em relação ao Acordo de Paris e ao nosso trabalho que continua para colocá-lo em vigor este ano.
Nós não podemos realmente proteger o nosso planeta sem proteger nosso oceano. Eu não fui a tantos países quanto John. Poucos seres humanos fizeram a mesma coisa. (Risos.) E, a propósito, tenho que dizer que ele nunca parece cansado – (risos), isto é impressionante. Mas sempre que eu vou para o exterior – inclusive para muitos dos países que estão representados por Chefes de Estado e Ministros do Exterior, e outras autoridades aqui, eu reservo um tempo para conversar com os jovens. E eles raramente me perguntam sobre os números das pesquisas e gafes políticas, e qualquer outra coisa que esteja chamando a atenção no noticiário. Eles dão-lhe uma sensação do que é realmente importante, o que os assusta e o quê os inspira.
E na minha primeira viagem ao exterior, como Presidente, eu participei de um debate na França, onde uma jovem me perguntou sobre sustentabilidade. E alguns dias depois, na Turquia, a primeira pergunta que me fizeram foi sobre mudança climática. A mesma coisa aconteceu no ano passado na Malásia. Na semana passada, no Laos, outro jovem me perguntou o que eu estou fazendo para proteger nossas terras e águas. Assim, a geração depois da nossa, eles entendem o que está em jogo.
Dizem que nós não herdamos a Terra de nossos pais tanto quanto nós a emprestamos de nossos filhos. Eles sabem isso. Nossos filhos provam todos os dias que eles se preocupam profundamente com este planeta. O seu direito de herdar um planeta saudável é uma responsabilidade sagrada para todos nós. E a forma como nós tratamos os nossos oceanos é uma grande parte desse fardo.
Em uma Conferência dos Oceanos, com um grupo de especialistas, eu presumo que eu não tenho que lhes dizer que os oceanos são muito importantes – vocês sabem disso. Mas para aqueles de vocês que estão ouvindo de fora do salão, ele é um recurso dominante do nosso planeta. É por isso que compartilhamos um planeta azul, em oposição a um marrom ou cinza. Nossos oceanos nos alimentam, nos protegem, regulam o clima, o nosso tempo, sevem de apoio para indústrias, do transporte ao turismo, ao comércio de todos os tipos. A saúde dos oceanos do nosso planeta determina em grande parte a saúde de nossos próprios corpos e a saúde das nossas economias. E, embora seja o contorno dos nossos oceanos que molda as nossas costas, é o que decidimos e fazemos aqui que irá moldar o futuro dos nossos oceanos.
E é por isso que minha administração protegeu mais águas do que qualquer outra na história. Nós estabelecemos a primeira Política Nacional de Oceanos, que reúne os líderes de governo com pescadores, barqueiros, pesquisadores e cidadãos comuns, e assegura que as decisões que tomamos e os recursos que usamos sejam fundamentados na ciência. Nós reprimimos a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada. Nós criamos e expandimos santuários marinhos. E, como John mencionou, só no mês passado, criamos a maior área de proteção marinha na Terra. Agora ela tem o dobro do tamanho do Texas, abrigando mais de 7.000 espécies, incluindo algumas que estão ameaçadas de extinção.
Nossos esforços de conservação e nossas obrigações para combater as mudanças climáticas, de fato, caminham lado a lado porque as áreas marinhas já têm o suficiente com que se preocupar, como o excesso de pesca e o tráfego de navios e a poluição – como aqueles pedaços de resíduos de plástico flutuando no Pacífico e os poluentes invisíveis, como o carbono que não podemos ver. Quanto mais dessas ameaças pudermos eliminar por meio da conservação, mais resistentes esses ecossistemas serão em relação às consequências das mudanças climáticas.
Por isso, hoje nós estamos aproveitando esta abordagem, estabelecendo o primeiro monumento nacional marinho no Atlântico. Estamos protegendo os ecossistemas frágeis ao largo da costa da Nova Inglaterra, incluindo cânions e montanhas submarinas intocadas. Estamos ajudando deixar os oceanos mais resistentes às mudanças climáticas. E isso vai ajudar os pescadores a entenderem melhor as mudanças que estão ocorrendo e que irão afetar a sua subsistência, e nós estamos fazendo isso de uma forma que respeite o papel ímpar da indústria da pesca na economia e na história da Nova Inglaterra
Então, eu estou orgulhoso do que os Estados Unidos têm feito, que estamos fazendo a nossa parte. Mas não é nenhum segredo que todos nós vamos ter que fazer muito mais, e nós vamos ter que fazer isso rápido. É por isso que é tão importante que a tradição desta conferência continue depois que John e eu deixarmos este gabinete. O fato de que a UE tenha se oferecido tão rapidamente para sediar a Conferência Our Ocean do próximo ano é uma prova de que estes desafios exigem uma ação coletiva e merecem a atenção do mundo. É um reconhecimento da realidade que a saúde do oceano é a nossa saúde, e nós temos muito a fazer.
O oceano age como uma esponja, absorvendo a maior parte do calor extra provocado por nossos gases de efeito estufa. E ele está ficando mais quente e mais ácido há décadas. Em outras palavras, a própria química dos oceanos está mudando, o que está arriscando a vida marinha e causando um impacto até a cadeia alimentar. À medida que os oceanos esquentam e o nível do mar aumenta, nossas vidas e meios de subsistência também poderão mudar. Casas serão inabitáveis. Comunidades serão devastadas por inundações. Plantações desaparecerão. Indústrias, como a pesca, serão prejudicadas. Culturas que conviveram com o oceano durante milênios serão obrigadas a fugir para terras mais altas.
Este não é um problema distante; isso está acontecendo enquanto falamos. Está acontecendo aqui nos Estados Unidos. Até o final deste século, quase uma em cada cinco casas na cidade natal de John, Boston, poderia estar em risco – o mesmo para um quarto das casas do meu lar na infância, o Havaí.
Passei minha infância nesse litoral, olhando para o oceano sem fim, e fui tocado por ele. E eu sei que, em uma competição entre nós e os oceanos, eventualmente, os oceanos vão ganhar de uma forma ou de outra. Assim, somos nós que devemos nos adaptar. Não o contrário.
A vastidão dos nossos oceanos, no entanto, apresenta uma outra ameaça: Nós não chegamos até as profundezas do oceano no dia a dia. Nós não vemos os efeitos da mudança climática a cada dia com os nossos próprios olhos. Nós apenas vemos este enorme oceano, supomos que ele é grande demais para ser destruído. Como consequência, é fácil ignorar a urgência do desafio. Mas parte do que eu espero que esta conferência trate é reconhecer que não podemos fugir dos problemas, porque eles são muito grandes. Não podemos fingir que os problemas não existem porque nós vamos ter que fazer algumas mudanças em nossas próprias maneiras de fazer negócios, a fim de enfrentá-los. Em vez disso, temos que nos unir e temos que encontrar soluções, e nós podemos.
Uma das coisas, bem, deixe-me terminar com duas histórias, eu vou sair um pouco fora do roteiro. Uma das coisas mais estimulantes que ouvi este ano, um ano cheio de notícias difíceis em vários lugares ao redor do mundo, é a notícia que muitos de vocês ouviram que o buraco na camada de ozônio estava, na verdade, encolhendo. Agora, para aqueles de nós de uma certa idade, vocês vão se lembrar que isso era bem preocupante. Nós não sabíamos realmente com certeza o que a camada de ozono fazia, mas a ideia de que havia um grande buraco nela era um problema. (Risos.) E eu me lembro como nós lentamente começamos a eliminar gradualmente os desodorantes em aerossol, que eram nocivos de qualquer maneira porque ao borrifa-los, você não conseguia respirar, então você sabia que eles não eram realmente tão bons para você – (risos), parecia uma coisa boa a ser feita. Mas eu não sei quanto a vocês, mas eu não estava convencido de que isto realmente iria resolver o problema e seja o que for que acontecesse com as camadas de ozônio, só continuaria a piorar.
E eis que neste ano, recebemos relatórios que realmente esse buraco que se abriu na camada de ozônio começou a encolher. E, a propósito, descobrimos outras formas de produzir desodorante. (Risos.) Eu digo isso para dar-lhes uma ideia da engenhosidade humana, quando decidimos fazer algo, podemos fazê-lo.
O mesmo aconteceu com a chuva ácida em grande parte da América do Norte. As pessoas estavam céticas, achavam que seria muito caro tentar resolver esse problema. Nós conseguimos resolvê-lo. Ninguém fala mais sobre isso. As minhas filhas não sabem o que é chuva ácida. Isso tem que ser uma razão para sermos otimistas.
Estes são problemas que podemos resolver. E parte do poder de conferências como esta é insistir na atividade humana – não ceder ao desespero, ou sugerir que de alguma forma esses problemas são muito grandes. Nós podemos resolvê-los. Nós apenas temos que ter a vontade de buscar uma ação coletiva.
E a segunda coisa que eu quero falar é sobre a viagem que fizemos para Midway, que fica bem no centro desta nova reserva marinha. E, como muitos de vocês sabem, este é um monumento histórico, não só por razões de conservação, mas porque este foi um ponto crítico para a guerra durante a Segunda Guerra Mundial. No seu auge, havia cerca de 5.000-6.000 tropas nesta ilha. Agora há exatamente 45 pessoas, e 3 milhões de aves, eu acho que é isso. A população, a população de aves encolhera drasticamente, e, então, descobrimos que se você eliminasse algumas das pessoas e os ratos que as pessoas tinham trazido para a ilha, as aves, na verdade, ficaram muito bem. E elas estão se proliferando.
Por isso, dirigimos pelo local e fomos para uma praia em que havia seis ou sete tartarugas deitadas ao sol. E nós temos tartarugas marinhas no Havaí. Na verdade, eles fazem seus ninhos perto de Midway e depois descem para Oahu e as praias onde eu costumava praticar bodysurfing. Mas nós nunca as vemos na praia. Mas em Midway, elas não têm pessoas perseguindo-as, e por isso elas se sentem muito à vontade. Elas gostam de sol quando não estamos superlotando as praias.
E, então, fomos mergulhar. E o coral era roxo e era laranja, e havia focas tomando sol em algumas rochas. E uma delas mergulhou, o que deixou uma das pessoas da minha equipe, que não vou citar o nome, bastante nervosa. (Risos.) E nós passamos a tarde olhando para esta incrível variedade de peixes. E nós tivemos que sair antes das 17:30 porque é quando os pássaros começam a voltar, e aí você fica preso porque você não pode lutar contra as aves.
E isto também foi um grande motivo para otimismo, porque nos fez lembrar que a natureza é realmente resiliente se tivermos o cuidado de parar ativamente de destruí-la, ela vai voltar. E, certamente, os oceanos podem voltar se adotarmos as medidas que são necessárias. Eu vi. Estava bem ali, a prova do incrível poder da natureza para se reconstruir, se não tentarmos constantemente destruí-la.
Então, eu queria deixá-los com essas duas imagens apenas para nos lembrar que o que vocês estão fazendo aqui é importante e que podemos ter sucesso. Vai exigir trabalho. Vai exigir visão. Vai exigir um certo sacrifício por vezes. Mas desde que garantamos que os sacrifícios não sejam suportados apenas por poucas pessoas, mas sejam distribuídos de forma ampla e com justiça, então a minha esperança é que minhas filhas e seus filhos, e os nossos netos, que eles possam ir até Midway, em algum momento, e possam observar focas nadando no mar. E eles vão nos agradecer por isso. E vamos ter feito o que é provavelmente a coisa mais importante que vocês podem fazer neste planeta Terra, e isso é garantir que vocês estejam fazendo com que ele seja apenas um pouco melhor para as gerações futuras.
Muito obrigado a todos. (Aplausos.)