Resumo da Sessão 3: Qualidades de um Bom Programa de Inglês

Qual a diferença entre um programa bilíngue e um programa de inglês como Língua Estrangeira (EFL)?

  • Num programa bilíngue, o objetivo é aprender tanto o conteúdo acadêmico quanto uma nova língua.
  • Num programa de inglês como Língua Estrangeira, o currículo e as notas focam no aprendizado da língua inglesa, não em aprender outros conteúdos acadêmicos.
  • Uma classe ou programa de inglês ainda pode ser baseado em um conteúdo específico. Isso é chamado de “ensino de língua baseada em conteúdo” (CBLT). Por exemplo, os alunos podem aprender sobre robótica, ou culinária, ou um país. Nesse caso, os alunos continuam sendo avaliados no seu aprimoramento linguístico, não em seu aprendizado do conteúdo.

O que é imersão linguística? Um programa ou as aulas de inglês numa escola podem ter imersão?

Sim. A imersão significa simplesmente que toda a instrução está na língua alvo, ou seja,  inglês. Toda aula de inglês deve ser uma experiência de imersão.

Espere… então “imersão” não é apenas algo como um acampamento ou retiro em inglês, ou um intercâmbio em um país onde inglês é a língua materna?

Não! A imersão pode acontecer em todas as aulas de inglês, e aqui mesmo no Brasil… significa que toda a instrução é dada em inglês, na sala de aula.

Quando o inglês está no nível do aluno, a imersão produz aquisição da língua. No entanto, quando o nível linguístico está acima do nível de conhecimento do aluno, a imersão se torna  submersão e o processo de aprendizagem ficará comprometido. Tanto nos programas bilíngues quanto em aulas de inglês, a imersão no novo idioma, no nível certo, é importante para a aquisição.

O que é necessário para que um programa de inglês seja considerado eficaz? Como os alunos podem realmente aprender a língua em aulas de inglês numa escola regular?

Aqui estão algumas características de programas de inglês bem-sucedidos:

  1. TEMPO SUFICIENTE: Leva cerca de 2000 horas para adquirir proficiência avançada numa língua nova. Uma escola precisa ter pelo menos 5-6 horas de instrução por semana, ao longo de pelo menos 5 anos, para produzir alunos com alta proficiência.
  2. TURMAS NIVELADAS: Os alunos precisam ser agrupados pelo nível de proficiência em inglês, não por série. Os professores não podem atender às necessidades linguísticas dos alunos em diferentes níveis de proficiência no mesmo período de aula.
  3. COMUNICAÇÃO COMO META: O objetivo da aula de inglês deve ser comunicação significativa e autêntica na leitura, escrita, fala e escuta. Currículos, normas, objetivos de aula e avaliações devem estar alinhados a
  4. METODOLOGIA EFICAZ: Os professores devem utilizar metodologias comunicativas, centradas no aluno, no ensino. Os alunos devem usar o idioma para comunicação autêntica o maior tempo possível durante a aula.
  5. CURRÍCULO ATRAENTE: O currículo deve ser adequado tanto para a idade do aluno quanto para o nível de linguagem. O livro didático deve funcionar como coadjuvante, com experiências em sala de aula compostas principalmente pela interação entre as pessoas, não simplesmente para “terminar o livro”.

Bem, isso tudo parece ótimo para escolas privadas ou mesmo cursos de inglês, mas acho que as escolas públicas enfrentam tantas outras barreiras para fornecer aulas que contemplem essas características, não?

Sim, com certeza! Então, vamos então falar um pouco mais sobre essas barreiras.

Quais delas devemos considerar para a primeira característica, ou seja,  TEMPO SUFICIENTE?

 Aqui vai uma possível solução: Colocar as aulas de inglês de forma mais concentrada, em um número menor de anos. Por exemplo, ao invés de termos duas aulas de inglês por semana durante sete anos, teríamos quatro aulas por semana durante 3-4 anos. Talvez os alunos cheguem apenas a um nível intermediário baixo, mas de forma mais efetiva. O progresso seria mais sólido, muitas vezes diferente dos resultados alcançados com apenas uma ou duas aulas por semana.

Quais as barreiras que você vê em termos de ter AULAS NIVELADAS?

Alguns alunos aprendem quase nada ano após ano. Outros frequentam aulas de inglês fora da escola e aprendem muito mais rápido do que o ministrado dentro do currículo escolar. Então os níveis dos alunos são extremamente divergentes.

Aqui vai uma possível solução:  Se as escolas têm um “período para as aulas de inglês” em seu currículo, eles podem agrupar alunos de 2-3 séries diferentes em 2-3 níveis de proficiência. Isso é muito mais eficaz do que agrupar por série, e muito mais motivador para os alunos.

Quais as barreiras que você vê em termos de ter  a COMUNICAÇÃO COMO META?

A comunicação oral pode ser bem desafiadora em turmas grandes. Talvez o sistema de avaliação, provas, etc., não estejam alinhados  às metas comunicativas. Os alunos podem não estar motivados o suficiente para se comunicarem em inglês

Aqui vai uma possível solução:  Os professores devem aprender técnicas e atividades para os alunos trabalharem em pares e grupos, que funcionam bem em turmas grandes. Enquanto instituição de ensino, a escola pode promover discussões para identificar seus verdadeiros objetivos linguísticos e, em seguida, alinhar suas avaliações a esses objetivos. As atividades em sala de aula podem ser envolventes e motivadoras (veja o último ponto).

Quais as barreiras que você vê para alcançarmos uma METODOLOGIA eficaz?

Os professores às vezes não receberam treinamento suficiente na utilização de metodologias comunicativas. As vezes eles vem seu papel como o de ensinar sobre o inglês, ao invés de ajudarem seus  alunos a aprender a sobre a língua.

Aqui vai uma possível solução: Os professores devem ter uma formação sólida no uso de metodologias comunicativas, centradas no aluno. As vozes ouvidas em sala de aula devem ser as dos alunos, não a do professor. As escolas devem valorizar as experiências de desenvolvimento profissional para professores de inglês, mas devem examinar bem essas oportunidades, perguntando: “Esse treinamento resultará em alunos usando mais inglês nas atividades em sala de aula?”

Quais barreiras você vê para termos um currículo mais atraente e motivador?

Os livros didáticos são vistos como currículo, ao invés de termos um currículo geral no qual o livro didático é apenas uma ferramenta de apoio.

Aqui vai uma possível solução: Apresente um currículo que forneça uma boa estrutura geral para o professor, não para os alunos. O professor precisa de orientação para formular as tarefas nas quais os alunos vão se envolver para usar a língua. As atividades de sala de aula mais eficazes geralmente não envolvem o livro didático!