Embaixadora está otimista que o Brasil surpreenderá na Copa do Mundo

Entrevista concedida a Taylor Barnes, da USA Today Sports, e publicada no dia 21/05/2014.

Três semanas antes do país sediar a Copa do Mundo, os organizadores ainda estão lutando para dar os retoques finais em estádios, e greves de motoristas de ônibus e da polícia estão causando quilômetros de congestionamentos e frustrações na vida diária dos moradores das maiores cidades do Brasil.

Mais de meio milhão de turistas estrangeiros são esperados para o evento, no qual o governo gastou aproximadamente 11 bilhões de dólares em estádios e infraestrutura.

A segurança pública é a maior preocupação, e o governo diz que cem mil agentes da lei e profissionais de segurança trabalharão durante o torneio. Apesar de um número maior de policiais terem feito greves parciais esta semana, a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil Liliana Ayalde se disse otimista sobre a capacidade do Brasil realizar o evento e da cooperação dos Estados Unidos com o anfitrião na área de segurança. Ela conversou com a USA Today Sports sobre o grande número de torcedores americanos que irão comparecer, da preparação de segurança feita pelos dois países e porque o futebol está se tornando cada vez mais popular entre os americanos.

Por que existe um grande interesse dos Estados Unidos na Copa do Mundo aqui?

Ayalde: O maior número de pessoas que compraram ingressos depois dos brasileiros foram os americanos. Sabemos que foram vendidos 187 mil ingressos para americanos pelo sistema da FIFA, e desses, imaginamos que na verdade 80 mil sejam [americanos] porque alguns deles têm vários ingressos. … Nós iremos enviar equipes para as várias cidades, as 12 cidades-sede, então teremos uma equipe consular para dar apoio aos americanos que tiverem problemas, perderem seus passaportes, qualquer coisa que venha a acontecer.

O pensamento tradicional é que os americanos não ligam tanto para o futebol quanto o resto do mundo.

Ayalde: Eu acho que isso é um mito e também estamos em um tempo diferente. Eu observo isso com a minha própria família, e filhas que estão envolvidas com futebol, e amigos que estão entusiasmados com o esporte. E é mais viável vir [para o Brasil] do que cruzar o mundo. Então acho que temos um número crescente te fãs de futebol nos Estados Unidos o que provavelmente não tem sido tão evidente. Mas também temos populações étnicas nessa mistura que vêm de um país com tradição no futebol, sejam americanos-mexicanos ou da América Central, que agora são americanos.

Poderia descrever a cooperação Estados Unidos-Brasil no treinamento das forças de segurança brasileiras?

Ayalde: Qualquer mega evento, e o Brasil terá a experiência de dois, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, nos dão uma excelente oportunidade de compartilhar nossa experiência de como gerenciar eventos grandes. … Nós temos todas essas diferentes técnicas e práticas baseadas em nossa própria experiência, até mesmo na Maratona de Boston, por exemplo, onde as coisas não correram bem. Mas eu acho que existem lições a serem aprendidas lá. Ou temos o Super Bowl, até mesmo a Copa do Mundo (em 1994) que realizamos. … Em Boston [agentes brasileiros] estiveram recentemente lá. Eles viram como a maratona foi realizada e as lições aprendidas com o que aconteceu.

Como será a presença de agentes da lei dos EUA no Brasil durante o evento?

Ayalde: Teremos uma central de controle dentro da embaixada que será operada por representantes de diferentes agências. Esse é o protocolo que é seguido em todos os grandes eventos. Isso é controlado por Washington e esse mesmo sistema, seja em Sochi ou outra Copa do Mundo, é a configuração que também teremos aqui.

Quais são as maiores preocupações dos Estados Unidos a respeito da segurança durante a Copa do Mundo?

Ayalde: Dados os números que temos, nós temos que prever várias questões consulares e é essa a razão de termos nos dedicado a trazer pessoal altamente treinado, altamente preparado para cada uma das cidades, assim eles saberão agir e poderão atender qualquer cidadão que se envolva em algo que precise de sua atenção. Isso pode variar de incidentes de segurança mínimos a alguém ser preso por alguma atividade criminosa. … E, claro que temos que estar atentos aos protestos. Nós prevemos que vai acontecer, qualquer um, as autoridades locais também estão.

Um relatório da imprensa local disse que agentes da lei brasileiros receberam treinamento na Carolina do Norte em abril da Academi, uma empresa de segurança contratada conhecida como Blackwater. Um porta-voz do governo dos Estados Unidos disse que, apesar de o treinamento ter sido realizado na propriedade da Academi, os treinadores não eram da contratada de segurança.

Ayalde: O curso foi, pelo que entendi, um curso de treinamento para interdição marítima. Através de nosso Bureau de Segurança Diplomática, que chamamos de programa ATA, o programa de Assistência Anti-Terrorista, eles têm uma série de treinamentos acontecendo o tempo todo. O objetivo era aumentar a capacidade da polícia brasileira de responder a ameaças vindas de ataques marítimos. Então, de novo, foi muito específico e esses eram estudantes brasileiros participando de um curso de três semanas… Foi um programa de treino regular para 22 policiais federais, militares e civis brasileiros que vão estar envolvidos com a Copa do Mundo. E tudo correu muito bem.

O Comitê Internacional Olímpico tem feito comentários duros sobre o atraso dos preparativos do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016. Quais são as perspectivas do governo americano?

Ayalde: [Autoridades brasileiras] nos garantiram que as obras estão em andamento e que elas estão tão preparadas quanto possível. Mas você sabe que esse é um evento que tem seus desafios, então continuaremos a pressionar e assegurar que temos as informações e que estaremos sempre prontos para ajudar. Nós temos boa comunicação com todas as autoridades para garantir que possam pedir auxílio quando precisarem de nós. Estamos fazendo o melhor possível e tenho certeza que as autoridades brasileiras também estão fazendo. … Todos nós queremos que a Copa do Mundo e as Olimpíadas sejam um sucesso, com toda a certeza.