Pronunciamento
John Kerry
Secretário de Estado
Academia Naval
Rio de Janeiro, Brasil
Secretário Kerry: Não quero de jeito nenhum jogar água fria nessa energia, mas sim dizer como estamos orgulhosos de todos vocês por simplesmente chegarem até aqui, estarem aqui e representarem os Estados Unidos da América. E, na verdade, já vi a atuação de muitos de vocês. Assisti a algumas eliminatórias quando não estava no telefone falando com um russo ou um chinês ou outra pessoa. (Risos.)
Mas quero lhes dizer em nome de toda a delegação – temos uma delegação aqui e temos um membro dessa delegação que sabe o que vocês estão passando, o que estão pensando e o que estão sentindo; ele é um dos nadadores mais famosos do mundo, um dos maiores vencedores da história e quero que recebam com aplausos Mark Spitz aqui presente. (Aplausos.)
Mark ganhou nove medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze. E ganhou sete medalhas de ouro de uma única vez, um recorde que se manteve durante 36 anos, pessoal. Ele ganhou sete medalhas de ouro em Munique em 1972. Assim, temos muito orgulho de tê-lo como membro dessa delegação. É um símbolo do que se pode fazer de positivo, mas devo lhes dizer que simplesmente estar aqui, participando da Olimpíada, é um fato muito especial e sei que todos vocês sentem isso.
Penso que temos aqui – quantos? – 555 atletas; 191 dos quais já estiveram uma vez, ou seja, já participaram de uma Olimpíada. Quantos de vocês participam pela segunda, terceira, quarta vez, ou mais? Quantos já estiveram em uma Olimpíada antes? Meus parabéns e obrigado. Levantem-se. (Aplausos.) Extraordinário. E há três… creio que três de vocês já participaram seis vezes, o que é digno de nota sobre a equipe toda.
Em nome do presidente Obama e, acredito, em nome de todos os americanos, minha mensagem é que cada um de vocês representa muito mais do que apenas um atleta espetacular, como são vistos por muitas pessoas. Sei que há alguns de vocês que… temos um membro da equipe que é refugiado da Eritreia e trabalha com refugiados e os ajuda a se realocar. Há outros que estão trabalhando com crianças em situação de risco para dar sentido ao seu futuro. Há pessoas entre vocês – uma competidora muçulmana, competidora dos Estados Unidos da América, uma esgrimista, que está trabalhando com meninas, trabalhando com nossa embaixada na Rússia, nossa embaixada na Inglaterra, ajudando a dar um exemplo do que as mulheres podem fazer quando têm oportunidade de competir e ser parte integrante da sociedade. Essa é uma grande mensagem.
Portanto, não apenas esperamos que vocês quebrem alguns recordes, mas queremos que contribuam para a grande tradição americana de espírito de competição e para os valores do nosso país, quebrem as barreiras para ajudar as pessoas enquanto estão aqui, sintam o grande espírito da Olimpíada, que é, afinal de contas, um símbolo das nações que conseguem se reunir, competir pacificamente e encontrar uma forma diferente de resolver as divergências entre nós.
Vocês são um grande exemplo para o mundo. Todos nos Estados Unidos estão orgulhosos de vocês. Sei que estão se preparando para ganhar medalhas, mas todos aqui já são vencedores. Queremos lhes agradecer por tudo que estão realizando.
E nós, guerreiros de fim de semana, ficamos admirados só de… sabemos o que passaram, o quanto trabalharam para chegar até aqui e todo o esforço que vão despender nos próximos dias. Que Deus os abençoe. Cuidem-se. Avante, EUA. Obrigado. (Aplausos.)
Acho que vocês devem ouvir o que tem a dizer um verdadeiro guerreiro, não um guerreiro de fim de semana. Mark vai dizer umas palavras para vocês.
Mark Spitz: É uma honra representar aqui o presidente e estar com o secretário de Estado. Sempre repito que não devo falar alguma coisa que vocês provavelmente ainda não tenham ouvido, e vocês, caras, são todos campeões, mas sempre me perguntam por que eu teria feito… e vocês só precisam voltar no tempo, antes de Michael Phelps, mas por que eu teria feito o que fiz. Acho que posso dizer o que senti sobre o que fiz e penso que passarão por algo semelhante. Foi uma sensação misteriosa, mágica, maravilhosa e a inocência de nunca ter feito isso antes. Essas foram as sementes da criatividade que se desenvolveram em meus sonhos pessoais, levantei minha mão no momento e tive de assumir o que iria fazer e sem desculpas. Nunca é tarde demais para ser a pessoa que imaginamos que poderíamos ser, sem desculpas.
Alguém me perguntou outro dia: “Quando você percebeu que era tão bom?” Respondi: “Quando Michael Phelps quebrou o meu recorde.” Porque o que eu tinha feito se tornou um objetivo a ser perseguido e inspirou alguém que nem sequer havia nascido a querer chegar lá e ir atrás com trabalho árduo e treinamento, tornando-se, obviamente, se for para se basear em contagem de medalhas, um atleta incrível; e estamos todos imaginando o que ele vai fazer. Mas eu sempre disse: isso não significa que alguém como Dorothy Hamill, que ganhou medalha de ouro na patinação no gelo, não seja tão boa, ou que o ganhador de uma medalha em apenas um evento não seja tão importante quanto o Michael, porque somos atletas olímpicos para sempre. Desejo o melhor para vocês. Sou grande fã de corridas e espero coisas positivas esta semana e na próxima quando vocês vão competir. E foi uma honra para mim poder falar duas palavrinhas com vocês. Obrigado. (Aplausos.)
Secretário Kerry: Quero deixá-los com um último pensamento – não é uma ideia de última hora. Eu pretendia mencionar isto. Os esportes sempre foram uma maneira incrível de superar divisões, e a verdade é que tivemos importantes momentos de diplomacia onde os esportes foram o veículo inicial para começar essa superação. Com a China foi assim: não tínhamos nenhuma relação com a China, até que o presidente Nixon enviou uma equipe de pingue-pongue ao país, e eles deram início ao que foi chamado de diplomacia do pingue-pongue. Da mesma maneira, enviamos jogadores de beisebol a Cuba. Agora mudamos nossa política em relação a Cuba. Houve vários casos como esses – enviamos os Celtics de Boston na década de 1960. Eles foram à Rússia e começaram a abrir caminho pela Europa.
Portanto, essas coisas fazem a diferença – e os momentos fazem a diferença. Caso eu perguntasse a cada um de vocês, aposto que todos diriam que houve algum momento nas Olimpíadas que os fez pensar e os inspirou para também querer participar delas. Eu não estava nas provas de atletismo ou de ginástica ou nenhuma outra, mas olho para trás e posso dizer que me lembro de Kerri Strug cravando aquela saída em sua segunda tentativa e fazendo história. Lembramos dessas coisas, certo? E vocês se lembram da equipe olímpica de hóquei, é só escolher – uma coisa ou outra, inverno ou verão, é um modo de inspirar as pessoas no mundo todo. Assim, seja o que for, divirtam-se e lembrem que estão fazendo a diferença e podem realmente superar barreiras. Obrigado. Deus os abençoe. (Aplausos.)