Engajamento com o Setor Privado

Mobilização de Financiamento para Conservação de Biodiversidade na Amazônia

 

Como a USAID utiliza mecanismos para reduzir riscos: o Althelia Biodiversity Fund (ABF) Brasil mobiliza capitais mistos para apoiar atividades sustentáveis que conservem e/ou restaurem a biodiversidade e melhorem a qualidade de vida de comunidades na Amazônia.

Por que mobilizar finanças sustentáveis na Amazônia? 

Apesar da existência de recursos filantrópicos significativos para o desenvolvimento sustentável na Amazônia, as ameaças à biodiversidade continuam e estão aumentando. Estudos destacam que a falta de financiamento e crédito são barreiras importantes para o crescimento de empreendimentos ligados à conservação na Amazônia. Soluções conjuntas e estruturas mistas de financiamento com o setor privado são necessárias. “Investimentos de impacto” estão em rápida expansão no Brasil, principalmente nos centros urbanos do Sudeste, em setores como saúde, tecnologia da informação e educação. Os desafios e riscos de trabalhar na Amazônia e as dificuldades logísticas têm impedido a maioria dos investidores de impacto de expandir este tipo de investimento na região – especificamente em atividades econômicas que apoiem a gestão de áreas protegidas e negócios que conservem e promovam o uso sustentável da biodiversidade. Trazer o investimento privado para negócios ligados à conservação e para novos modelos econômicos sustentáveis e compatíveis com a conservação é crucial para a manutenção dos recursos naturais da região Amazônica.

O Althelia Biodiversity Fund (ABF) Brasil

O ABF Brasil é um fundo de investimento de impacto (Fundo de Investimento em Participações – FIP) gerido pela Mirova Natural Capital atuando sob a marca Althelia Funds, e com a Vox Capital como administradora do fundo. O fundo busca superar os desafios financeiros oferecendo capital de longo prazo, flexível e paciente, buscando endereçar os desafios inerentes à Amazônia para negócios sustentáveis que possam ter um impacto positivo e transformador para a biodiversidade e para as comunidades amazônicas. O período de vigência do fundo é de 11 anos e a previsão é captar $100 milhões neste período, principalmente em capital privado.

O ABF Brasil investirá em quatro áreas prioritárias: 1) conservação e melhoria da qualidade de vida de comunidades; 2) sistemas sustentáveis para pequenos produtores, como sistemas agroflorestais; 3) agricultura sustentável, reflorestamento e restauração de áreas degradadas; 4) inovação em serviços de biodiversidade, finanças e tecnologia. A expectativa é de fortalecer a autonomia de comunidades que dependem da floresta, de empresas e de empreendedores amazônicos, restaurar áreas degradadas e reduzir ameaças para a floresta em pé e sua biodiversidade, substituindo assim, práticas ilegais e não sustentáveis por alternativas legais e sustentáveis.

O fundo pretende ter uma estrutura inovadora de pagamento por performance e impacto, que encorajará a ênfase em impactos positivos de longo prazo sobre a biodiversidade. O fundo monitorará e reportará anualmente todo o seu portfólio com indicadores em sete áreas temáticas, com indicadores sociais, econômicos e ambientais incluindo integridade de ecossistemas e proteção de espécies, renda e bem-estar comunitário. A partir do terceiro ano, auditorias de impacto, independentes, verificarão e validarão estes resultados. 

O papel da USAID no Althelia Biodiversity Fund Brasil

Após um estudo realizado sob a Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB) –  um acordo bilateral com o governo brasileiro no período compreendido entre 2014 e 2024 com teto de $ 80 milhões – a USAID reconheceu a necessidade de catalisar iniciativas lideradas pelo setor privado para conservação e desenvolvimento sustentável. A USAID/Brasil ajudou a reunir parceiros como o Centro  Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e apoiou no co-desenho do fundo liderado pela Althelia em consulta com diversos segmentos da sociedade civil e outros atores, incluindo a Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA). Durante o co-desenho, a USAID fez recomendações para a sua política de impacto, bem como para sua política social, de governança e ambiental, que foi desenhada em estreito alinhamento com a Política de Biodiversidade da USAID.

A USAID/Brasil utilizou seu mecanismo chamado Development Credit Authority (DCA) para reduzir riscos financeiros ao oferecer ao ABF uma garantia de empréstimo de 50% do seu portfólio contra perdas. Além disso, realizou uma doação de $15 milhões para o CIAT com o objetivo de avançar na conservação da biodiversidade e no desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira e aprender por meio de modelos de investimentos inovadores. Como os objetivos do fundo estão alinhados com os seus, o CIAT decidiu investir $15 milhões no ABF, tornando-se seu investidor semente. Em conjunto com outros parceiros brasileiros e a comunidade científica, a USAID e o CIAT realizarão uma avaliação externa de dez anos de uma seleção de investimentos do fundo. A avaliação incluirá análise geoespacial de ponta sobre mudanças do uso do solo, degradação e monitoramento da biodiversidade de espécies-chave.

Estes papéis são complementares ao portfólio de atividades da USAID/Brasil já em curso sob a Parceria para Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB), que visam fortalecer a administração de áreas protegidas, incluindo os diversos tipos de uso sustentável, terras indígenas e outras áreas protegidas. Todas as atividades da PCAB seguem a Política de Biodiversidade da USAID.