Mostra exibirá vida e pesquisa de Lorenzo Dow Turner, primeiro linguista afro-americano
que descobriu o dialeto “gullah” nos EUA, com ramificações no Brasil
A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil e o Museu Afro Brasil trazem ao país em agosto a exposição Gullah, Bahia, África, sobre a vida e a pesquisa pioneira desenvolvida pelo primeiro linguista afro-americano, Lorenzo Dow Turner. Expoente acadêmico da comunidade negra americana nos anos 1930, Turner identificou a fala da comunidade gullah, do sul dos EUA, e rastreou seus registros na África e no Brasil, ligando, dessa forma, comunidades da diáspora africana através da linguagem. Originalmente criada e exibida em 2010 pelo Anacostia Community Museum, integrante da Smithsonian Institution, de Washington DC (EUA), a exposição tem curadoria da brasileira Alcione Meira Amos.
Fazem parte da mostra fotografias que registram o trabalho de campo do professor Turner; um painel comparando palavras usadas no gullah, inglês e português do candomblé, com as suas origens nas línguas da África; um raro registro da fala gullah e cinco vídeos, incluindo Raízes da África: ligações entre as palavras, mostrando falantes de línguas africanas, um americano, um gullah e um brasileiro que repetem as mesmas palavras em cada língua, demonstrando as raízes africanas das palavras.
Sobre a exposição: Gullah, Bahia, África conta três histórias em uma: a trajetória acadêmica de Lorenzo Dow Turner; sua jornada para desvendar um código linguístico; e as descobertas dele, que atravessaram continentes. Já nos anos 1930, a pesquisa pioneira de Turner estabeleceu que, apesar da escravidão, os africanos trazidos aos EUA transmitiam sua identidade cultural a seus descendentes por meio de palavras, músicas e histórias. Estudioso de várias línguas africanas, como twi, ewe, iorubá, bambara e wolof, além do árabe, Turner utilizou seu conhecimento para se dedicar à pesquisa da fala da comunidade gullah/geechee, da Carolina do Sul e da Geórgia, no sul dos EUA, até então desprezada como um “inglês mal falado”. Os estudos de Turner confirmaram que, pelo contrário, o povo Gullah falava uma língua crioula, com elementos linguísticos próprios e da cultura de seus ancestrais africanos.
As explorações linguísticas pela diáspora africana levaram Turner até a Bahia, onde ele novamente validou sua descoberta a respeito das continuidades africanas. Uma das seções da exposição é dedicada à pesquisa do Professor Turner sobre cultura afro-brasileira na Bahia, juntamente com algumas das mesmas línguas que influenciaram o gullah. Na Bahia, a sobrevivência da cultura africana pode ser percebida por Lorenzo Dow Turner particularmente no candomblé, quando integrantes dos terreiros reconheciam palavras em gravações que ele havia feito em outras partes do mundo. Os muitos escritos de Turner incluem o livroAfricanismos do Dialeto Gullah (Africanisms in the Gullah Dialect), publicado em 1949, que permanece como uma das principais referências para a pesquisa das línguas crioulas.
Sobre o Museu Afro Brasil: Inaugurado em 2004, a partir da coleção particular do Diretor Curador Emanoel Araujo, o Museu Afro Brasil construiu, ao longo de seus mais de dez anos, uma trajetória de contribuições decisivas para a valorização do universo cultural brasileiro ao revelar a inventividade e ousadia de artistas brasileiros e internacionais, desde o século XVIII até a contemporaneidade. O Museu Afro Brasil é uma instituição pública, subordinada à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e administrado pela Associação Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura. Ele conserva, em 11 mil m2, um acervo com mais de 6 mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século XVIII e os dias de hoje. O acervo abarca diversos aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como a religião, o trabalho, a arte, a escravidão, entre outros temas ao registrar a trajetória histórica e as influências africanas na construção da sociedade brasileira. O museu exibe parte do seu acervo na exposição de longa duração, realiza exposições temporárias e dispõe de um auditório e de uma biblioteca especializada que complementam sua programação cultural ao longo do ano.
Sobre o Anacostia Community Museum: Museu integrante da Smithsonian Institution, o Anacostia está localizado em Washington DC (EUA) e abriu suas portas em 1967, como o primeiro museu comunitário do país financiado com recursos federais. O nome atual foi adotado em 2006, quando o museu ampliou seu foco, originalmente com uma ênfase afro-americana, para examinar o impacto de questões sociais contemporâneas em comunidades urbanas. Na internet: www.anacostia.si.edu.
Serviço
Exposição Gullah, Bahia, África
Local: Museu Afro Brasil (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Parque Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, tel.: 11 3320-8914)
Quando: de terça-feira a domingo, das 10h00 às 17h00. De 18/08 a 18/10.
Entrada gratuita.
Informações à Imprensa
Consulado dos EUA em São Paulo
(11) 3250-5261 / 5237 / 5276 / 5235
Museu Afro Brasil
(11) 3320-8940
Gabriel Cruz – gabriel.cruz@museuafrobrasil.org.br
Neto Correa – neto.correa@museuafrobrasil.org.br