Rio de Janeiro, 6 de julho de 2021 – De criação do artista Acme, o mural em grafite de 360m2 “Visões de Resistências, Sonhos de Liberdade”, que retrata as maiores lideranças norte-americanas e brasileiras da história dos movimentos pelos diretos civis de negros nos dois países, foi apresentado ao público na manhã de hoje, dia 6. Localizada no Porto Maravilha, a obra é resultado de uma iniciativa do Consulado Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, com o apoio do Núcleo de Ativação Urbana (NAU), da Prefeitura do Rio, via Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), responsável pelo Porto Maravilha, e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. A cerimônia de inauguração contou com a presença do prefeito Eduardo Paes, do cônsul e diretor da Seção de Imprensa, Educação e Cultura do Consulado dos EUA no Rio, Paco Perez, do presidente da Cdurp, Gustavo Guerrante, do CEO do NAU, Hiroshi Shibuya, além do artista Acme.
O mural, cuja pintura foi anunciada em 25 de maio, dia que marcou um ano da morte do afro-americano George Floyd, visa recordar a história da escravidão e celebrar, através da arte, alguns dos principais nomes por trás das conquistas na batalha pela igualdade racial no Brasil e EUA.
“Através desse mural que mostra líderes que lutaram para tornar a igualdade racial uma realidade no Brasil e nos EUA, nós honramos esses mártires que deram tudo de si para que vivêssemos em um mundo mais justo hoje. Esperamos que isso inspire outros a continuar no mesmo caminho rumo a ainda mais igualdade no futuro”, explica Perez.
Com 40 metros de largura e nove de altura, o painel está localizado próximo à região conhecida como Pequena África, palco de inúmeros marcos da luta de africanos escravizados no Brasil, e ao Cais do Valongo, principal porto de entrada de escravos no continente americano, reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco. Em 2019, o Consulado investiu cerca de R$ 2 milhões na primeira fase das obras de conservação do sítio arqueológico, em um acordo assinado com o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) e a Secretaria Municipal de Cultura. A presença de referenciais da história negra e o papel central do Porto Maravilha para a arte urbana carioca justificam a escolha do local. “O Porto Maravilha respira arte urbana. As extensas áreas de lazer que temos aqui são perfeitas para o grafite, assim como nosso galpão. É uma parceria que comemoramos e queremos ampliar para ações culturais do tipo na região portuária”, afirma o presidente da Cdurp, Gustavo Guerrante.
O painel é a obra inaugural do chamado Parque Arte, o primeiro parque artístico ao ar livre do Rio de Janeiro. O projeto é uma idealização do NAU, que explora espaços, territórios e cidades a partir da ótica de empreendedorismo, economia criativa, inovação e desenvolvimento social. “É uma realização colaborar no “Visões de Resistências, Sonhos de Liberdade” que agora integra o Parque Arte, um grande corredor cultural que abriga, a céu aberto, diversos murais pintados e grafitados, majoritariamente, por artistas urbanos locais, além de feira e gastronomia. Com o espaço, queremos promover a economia local, enriquecer culturalmente a comunidade que vive no entorno e transformá-lo num atrativo ponto turístico na cidade”, planeja Hiroshi Shibuya, CEO do NAU.
Pré-selecionado por lideranças negras locais, o nome “Visões de Resistências, Sonhos de Liberdade” foi escolhido pelo público em uma campanha nas mídias sociais, remetendo ao caráter colaborativo da obra. No painel, o protagonista é Martin Luther King Jr., personagem mais representativo do movimento pelos direitos civis nos EUA, retratado ao lado de Rosa Parks, ativista afro-americana que ficou conhecida após se recusar, em 1955, a ceder seu lugar no ônibus para uma pessoa branca, do congressista John Lewis, e das brasileiras Antonieta de Barros, a primeira mulher negra eleita no país, e escrava Anastácia, conhecida por ter realizado milagres e lutado contra o sistema escravista. O grafite mostra também o Cais do Valongo e o movimento antirracista Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). A descrição detalhada da obra pode ser acessada através de um QR code.
Para o processo de produção, que levou 25 dias não consecutivos, Acme contou com a ajuda de cinco colaboradores. Ele conta que “dar vida” a personalidades que deixaram um legado tão significativo em uma história que deve sempre ser lembrada foi o que lhe inspirou a assumir o projeto. “Essa obra confere utilidade à minha arte, preenche lacunas que ainda existem na nossa sociedade. Esses personagens combateram o racismo com talento, com justiça, com amor, não com violência. E essa mensagem, assim como já nos ensina tanto, vai seguir transcendendo gerações”, acredita o grafiteiro.
Fotos do evento disponíveis neste link. (CRÉDITO: Carlos Külps – Consulado Geral dos EUA/RJ)