Parceria pelo Clima

Brasil é ator fundamental na mudança climática e tem feito grandes progressos, reduzindo o desmatamento e aumentando a oferta de energia sustentável

A comunidade científica deixou claro que a atividade humana está mudando o clima no mundo. Temperaturas mais altas e eventos climáticos extremos prejudicam a produção de alimentos; a elevação do nível do mar e tempestades mais severas colocam cidades costeiras em risco. A situação exige ação urgente. Fica claro, no entanto, que uma resposta inteligente trará benefícios econômicos: desenvolvimento sustentável, segurança energética e melhoria na saúde pública.

Em 1º de dezembro, começou em Lima o debate internacional sobre mudanças climáticas, que desempenhará papel importante para um acordo final em dezembro de 2015, em Paris.

Os Estados Unidos se orgulham de sua cooperação com o Brasil e outras nações nessa área. No âmbito doméstico, fizemos grandes progressos. Nos últimos oito anos, reduzimos as emissões de CO2 mais do que qualquer outra nação. Dobramos a geração de energia renovável e planejamos dobrá-la novamente. O Plano de Ação Climática do presidente Obama tem o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 17%. Propusemos novas normas para reduzir as emissões de usinas existentes. Novos padrões para eletrodomésticos reduzirão as emissões em três milhões de toneladas de CO2 até 2030. Essas iniciativas representam uma fração dos esforços dos EUA; outras medidas são adotadas por estados, municípios, empresas e ONGs.

Em novembro, o presidente Obama e o presidente da China, Xi Jinping, anunciaram as metas climáticas dos dois países. Os EUA reduzirão as emissões de gases de efeito estufa em 26%-28% abaixo dos níveis de 2005 até 2025. Com isso, esperamos incentivar outros a fazerem contribuições ambiciosas para alcançarmos um acordo climático forte em 2015.

O Brasil é ator fundamental na mudança climática e tem feito grandes progressos, reduzindo o desmatamento e aumentando a oferta de energia sustentável. A Amazônia é uma variável-chave. Será que a Amazônia diminuirá à medida que o clima ficar mais seco? Aumentos de CO2 estimularão a fotossíntese? Uma floresta em extinção liberaria mais carbono? Uma floresta fertilizada a CO2 absorveria mais carbono?

EUA e Brasil têm uma sólida parceria no estudo dessas questões. Por exemplo, o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia, que envolveu mais de 300 pesquisadores, deixou um rico legado de dados disponíveis para cientistas de todo o mundo.

A Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e o Brasil assinaram recentemente uma parceria para preservar a biodiversidade na Amazônia. Cientistas americanos e brasileiros trabalharão com comunidades indígenas para melhorar a gestão ambiental.

O GoAmazon, um experimento envolvendo cientistas brasileiros, americanos e alemães, analisa o efeito de poluentes na Amazônia. Uma equipe de cientistas brasileiros e norte-americanos avalia como a floresta tropical reage ao aumento de CO2. Trabalhamos com a Embrapa no estudo da degradação causada pela exploração madeireira e por incêndios.

Estou na expectativa de avançar as parcerias com o Brasil que beneficiarão a ciência do clima e nos prepararão para o futuro. Temos de enfrentar esse desafio global agora. Nosso secretário de Energia, Ernest Moniz, disse mês passado que precisamos “das melhores mentes e dos melhores cientistas” trabalhando nos efeitos das mudanças climáticas sobre os nossos ecossistemas mais vulneráveis. As parcerias entre mentes e cientistas talentosos do Brasil e dos EUA são a resposta a esse desafio.

Liliana Ayalde é embaixadora dos Estados Unidos no Brasil