Pronunciamento do Presidente Biden sobre o lugar dos EUA no mundo

Vice President Kamala Harris, left, looks on as President Joe Biden delivers a speech on foreign policy, at the State Department, Thursday, Feb. 4, 2021, in Washington. (AP Photo/Evan Vucci)

Casa Branca
4 de fevereiro de 2021

Sede do Departamento de Estado dos EUA
Edifício Harry S. Truman
Washington, DC

PRESIDENTE BIDEN: Sr. secretário, é ótimo estar aqui com você. E há tempos que não via a hora de chamá-lo de “sr. Secretário”.

Boa tarde a todos. É uma honra estar de volta ao Departamento de Estado sob o olhar do primeiro diplomata, Benjamin Franklin.

E, a propósito, gostaria que todos vocês soubessem que eu era o professor de Política Presidencial da Cátedra Benjamin Franklin da Universidade da Pensilvânia. E achava que eles fizeram isso porque eu era tão velho quanto ele, mas penso que não.

De qualquer maneira, brincadeiras à parte, é ótimo estar aqui ao lado de nosso mais recente diplomata sênior, o secretário Tony Blinken. Sr. secretário, obrigado por nos receber hoje. Temos trabalhado juntos há mais de 20 anos. Suas habilidades diplomáticas são respeitadas igualmente por nossos amigos e rivais em todo o mundo.

E eles sabem que quando você fala, fala em meu nome. E, portanto — esta é a mensagem que quero que o mundo ouça hoje. Os Estados Unidos estão de volta. Os Estados Unidos estão de volta. A diplomacia está de volta ao centro de nossa política externa.

Como eu disse em nosso discurso de posse, vamos reparar nossas alianças e interagir com o mundo novamente, não a fim de enfrentar os desafios de ontem, mas os de hoje e os de amanhã. A liderança americana deve estar à altura deste novo momento de avanço do autoritarismo, incluindo as ambições crescentes da China de rivalizar com os Estados Unidos e a determinação da Rússia em prejudicar e desestabilizar nossa democracia.

Devemos enfrentar o novo momento acelerando os desafios globais — da pandemia à crise climática e passando pela proliferação nuclear — desafiando a determinação simplesmente a fim de ser resolvida por nações trabalhando em conjunto e em comum. Não podemos fazer isso sozinhos.

E isso deve ser assim — devemos começar com a diplomacia enraizada nos valores democráticos mais estimados dos Estados Unidos: defendendo a liberdade, trabalhando em prol de oportunidades, promovendo os direitos universais, respeitando o Estado de Direito e tratando todas as pessoas com dignidade.

Esse é o fio-terra de nossa política global — nosso poder global. Essa é a nossa fonte inesgotável de força. Essa é a vantagem permanente dos Estados Unidos.

Embora muitos desses valores tenham sofrido intensa pressão nos últimos anos, até mesmo sendo levados ao limite nas últimas semanas, o povo americano sairá mais forte deste momento, mais determinado e mais bem equipado hoje para unir o mundo e lutar visando defender a democracia, pois nós mesmos lutamos por isso.

Nos últimos dias, temos estado em estreita cooperação com nossos aliados e parceiros a fim de reunir a comunidade internacional com o objetivo de tratar do golpe militar na Birmânia.

Também tenho estado em contato com o líder McConnell para discutir nossas preocupações comuns sobre a situação na Birmânia, e estamos unidos em nossa determinação.

Não pode haver dúvidas: em uma democracia, a força nunca deve buscar anular a vontade do povo ou tentar eliminar o resultado de uma eleição confiável.

Os militares birmaneses devem renunciar ao poder que confiscaram, libertar os defensores e os ativistas e as autoridades que detiveram, suspender as restrições às telecomunicações e evitar a violência.

Como disse no início desta semana, trabalharemos com nossos parceiros visando apoiar a restauração da democracia e do Estado de Direito, e impor consequências aos responsáveis.

Nas últimas duas semanas, tenho conversado com os líderes de muitos de nossos amigos mais próximos — Canadá, México, Reino Unido, Alemanha, França, Otan, Japão, Coreia do Sul, Austrália — com o objetivo de começar a moldar novamente os hábitos de cooperação e reconstruir os músculos das alianças democráticas que se atrofiaram nos últimos anos de negligência e, diria, abusos.

As alianças americanas são nosso maior patrimônio e liderar com diplomacia significa ficar lado a lado com nossos aliados e parceiros-chave mais uma vez.

Ao liderar com diplomacia, devemos também interagir com nossos rivais e nossos adversários diplomaticamente, onde for de nosso interesse, e promover a segurança do povo americano.

É por isso que ontem, os Estados Unidos e a Rússia concordaram em estender o Novo Tratado Start por cinco anos visando preservar o único tratado remanescente entre nossos países a fim de salvaguardar a estabilidade nuclear.

Ao mesmo tempo, deixei claro ao presidente Putin, de uma maneira muito diferente de meu antecessor, que os dias dos Estados Unidos cedendo diante das ações agressivas da Rússia — interferindo em nossa eleição, os ataques cibernéticos, envenenando seus cidadãos — acabaram. Não hesitaremos em aumentar o ônus para a Rússia e defender nossos interesses vitais e nosso povo. E seremos mais eficazes ao lidar com a Rússia quando trabalharmos em coalizão e coordenação com outros parceiros com ideais semelhantes.

A prisão por motivos políticos de Alexei Navalny e os esforços russos para suprimir a liberdade de expressão e de reunião pacífica são motivo de profunda preocupação para nós e para a comunidade internacional.

O sr. Navalny, como todos os cidadãos russos, tem direito de usufruir seus direitos segundo a Constituição russa. Ele tem sido alvo por expor a corrupção. Ele deve ser liberado imediatamente e sem condições.

Também enfrentaremos diretamente os desafios impostos por nossa prosperidade, segurança e valores democráticos por nosso adversário mais sério, a China.

Vamos confrontar os abusos econômicos da China; conter sua ação coercitiva agressiva; rechaçar o ataque da China aos direitos humanos, à propriedade intelectual e à governança global.

Mas estamos prontos para trabalhar com Pequim quando for do interesse dos Estados Unidos. Competiremos em uma posição de força, reconstruindo melhor no âmbito interno, trabalhando com nossos aliados e parceiros, renovando o papel que desempenhamos nas instituições internacionais e reivindicando nossa credibilidade e autoridade moral, muitas das quais foram perdidas.

É por isso que nos mobilizamos rapidamente para começar a restaurar o engajamento dos americanos internacionalmente e reconquistar nossa posição de liderança, visando catalisar uma ação global em desafios compartilhados.

Em meu primeiro dia, assinei documentos com o intuito de reingressar no Acordo Climático de Paris. Estamos tomando medidas lideradas pelo exemplo de integração dos objetivos climáticos em toda a nossa diplomacia e elevando a ambição de nossas metas climáticas. Dessa forma, podemos desafiar outras nações, outros grandes emissores a elevar a aposta de seus próprios compromissos. Eu realizarei uma Cúpula de Líderes do Clima a fim de abordar a crise climática no Dia da Terra deste ano.

Os Estados Unidos devem liderar em face dessa ameaça existencial. E, assim como acontece com a pandemia, isso requer cooperação global.

Também nos engajamos novamente com a Organização Mundial da Saúde. Dessa forma, podemos construir uma melhor prontidão global a fim de combater a Covid-19, bem como detectar e prevenir futuras pandemias, porque haverá mais.

Elevamos o status das questões cibernéticas em nosso governo, incluindo a nomeação do primeiro assessor adjunto de Segurança Nacional para Tecnologias Cibernéticas e Emergentes. Estamos lançando uma iniciativa urgente visando melhorar nossa capacidade, prontidão e resiliência no ciberespaço.

Hoje estou anunciando medidas adicionais para corrigir a trajetória de nossa política externa e unir melhor nossos valores democráticos com nossa liderança diplomática.

Para começar, o secretário de Defesa Austin conduzirá uma Revisão Global de Postura relacionada a nossas forças militares a fim de que nossa pegada militar esteja devidamente alinhada com nossa política externa e nossas prioridades de segurança nacional. Isso será coordenado através de todos os elementos de nossa segurança nacional com o secretário Austin e o secretário Blinken trabalhando em estreita cooperação.

E, enquanto essa revisão estiver ocorrendo, impediremos qualquer retirada planejada de tropas da Alemanha. Também estamos intensificando nossa diplomacia para pôr fim à guerra no Iêmen — uma guerra que criou uma catástrofe humanitária e estratégica. Pedi à minha equipe do Oriente Médio que garantisse nosso apoio à iniciativa liderada pelas Nações Unidas de impor um cessar-fogo, abrir canais humanitários e restaurar as negociações de paz há muito adormecidas.

Esta manhã, o secretário Blinken nomeou Tim Lenderking, funcionário de carreira da área de Política Externa, como nosso enviado especial para o conflito do Iêmen. E agradeço por ele ter feito isso. Tim tem experiência de longa data na região e vai trabalhar com o enviado da ONU e todas as partes envolvidas no conflito a fim de exigir uma resolução diplomática.

E a diplomacia de Tim será reforçada pela Usaid, trabalhando para garantir que a ajuda humanitária chegue ao povo iemenita, que está sofrendo uma devastação insuportável. Essa guerra tem de terminar.

E, para ressaltar nosso compromisso, estamos encerrando todo o apoio americano às operações ofensivas na guerra do Iêmen, incluindo a venda de armas relevantes.

Concomitantemente, a Arábia Saudita enfrenta ataques de mísseis, ataques de veículos aéreos não tripulados e outras ameaças de forças fornecidas pelo Irã em vários países. Vamos continuar a apoiar e ajudar a Arábia Saudita a defender sua soberania, sua integridade territorial e seu povo.

Também enfrentamos uma crise de mais de 80 milhões de pessoas deslocadas sofrendo em todo o mundo. A liderança moral dos Estados Unidos em questões referentes a refugiados foi um ponto de consenso bipartidário por muitas décadas logo que cheguei aqui. Nós lançamos a luz da lâmpada da liberdade sobre os oprimidos. Oferecemos refúgios seguros para aqueles que fogem da violência ou da perseguição. E nosso exemplo pressionou outras nações a abrir suas portas também.

Portanto, hoje, estou aprovando um decreto do Executivo para iniciar o trabalho árduo de restaurar nosso programa de admissão de refugiados visando ajudar a atender à necessidade global sem precedentes. Vai levar tempo para reconstruir o que foi tão danificado, mas é exatamente o que vamos fazer.

Esse decreto do Executivo nos posicionará para sermos capazes de aumentar [o número de] admissões de refugiados de volta para 125 mil pessoas no primeiro ano fiscal completo do governo Biden/Kamala. E estou orientando o Departamento de Estado a consultar o Congresso sobre como dar início a esse compromisso o mais rápido possível.

E para reparar ainda mais nossa liderança moral, também estou emitindo um memorando presidencial às agências visando revigorar nossa liderança relativa a questões LGBTQI e fazê-lo internacionalmente. Pois bem, nós garantiremos que a diplomacia e a ajuda externa estejam trabalhando para promover os direitos daqueles indivíduos incluídos no combate à criminalização e na proteção refugiados e requerentes de asilo que integram a comunidade LGBTQ.

E, finalmente, para reafirmar com sucesso nossa diplomacia e manter os americanos seguros, prósperos e livres, devemos restaurar a saúde e o moral de nossas instituições de política externa.

Quero que as pessoas que trabalham neste prédio, nossas Embaixadas e Consulados ao redor do mundo saibam que valorizo ​​sua experiência e os respeito, e lhes darei cobertura. Este governo vai empoderá-los a fazer seu trabalho, não visá-los ou politizá-los. Queremos um debate rigoroso que abranja todas as perspectivas e abra espaço para divergências. É assim que obteremos os melhores resultados de política possíveis.

Portanto, com sua ajuda, os Estados Unidos novamente liderarão, não apenas pelo exemplo de nosso poder, mas pelo poder de nosso exemplo.

­É por isso que meu governo já deu o passo importante para viver nossos valores domésticos internamente — nossos valores democráticos internamente.

Poucas horas depois de tomar posse, eu assinei um decreto do Executivo revogando a odiosa proibição discriminatória aos muçulmanos; reverti a proibição de indivíduos transgêneros de servir em nossas Forças Armadas.

Como parte de nosso compromisso com a verdade, a transparência e a prestação de contas, começamos o primeiro dia com coletivas diárias para a imprensa [realizadas] na Casa Branca. Reinstituímos coletivas regulares aqui no [Departamento de] Estado e no Pentágono. Acreditamos que uma imprensa livre não é adversária; mas sim essencial. Uma imprensa livre é essencial para a saúde de uma democracia.

Restauramos nosso compromisso com a ciência e com a criação de políticas baseadas em fatos e evidências. Suspeito que Ben Franklin aprovaria.

Tomamos medidas para reconhecer e enfrentar o racismo sistêmico e o flagelo da supremacia branca em nosso próprio país. A equidade racial não será apenas um problema para um departamento de nosso governo, tem de ser assunto de todo o governo e de todas as nossas políticas e instituições federais.

Tudo isso é importante para a política externa, porque quando sediarmos a Cúpula da Democracia no início de meu governo visando reunir as nações do mundo para defender a democracia globalmente, repelir o autoritarismo que tem avançado, seremos parceiros muito mais confiáveis ​​por causa desses esforços a fim de sustentar nossas próprias bases.

Não há mais uma linha clara entre política externa e interna. Cada ação que tomamos e nossa conduta no exterior, devemos levar em consideração as famílias americanas de trabalhadores. O avanço de uma política externa para a classe média exige foco urgente em nossa renovação econômica doméstica.

E é por isso que imediatamente apresentei o Plano de Resgate Americano para nos tirar desta crise econômica. É por isso que assinei um decreto do Executivo reforçando nossas políticas “Buy American” [fomentando a compra de produtos feitos nos EUA] na semana passada. E é também por isso que trabalharei com o Congresso para fazer investimentos de longo alcance em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias transformáveis.

Esses investimentos vão criar empregos, manter a vantagem competitiva dos Estados Unidos globalmente e garantir que todos os americanos tenham participação nos dividendos.

Se investirmos em nós mesmos e em nosso povo, se lutarmos para assegurar que as empresas americanas estejam posicionadas para competir e vencer no cenário global, se as regras do comércio internacional não forem contra nós, se nossos trabalhadores e a propriedade intelectual estiverem protegidos, então não há nenhum país na Terra, nem a China ou qualquer outro país da Terra, que pode se equiparar a nós.

Investir em nossa diplomacia não é algo que fazemos apenas porque é a coisa certa a se fazer pelo mundo. Fazemos isso para viver em paz, com segurança e com prosperidade. Fazemos isso porque é por nossos próprios interesses. Quando fortalecemos nossas alianças, ampliamos nosso poder, bem como nossa capacidade de interromper as ameaças antes que elas cheguem aos nossos litorais.

Quando investimos no desenvolvimento econômico de países, criamos novos mercados para nossos produtos e reduzimos a probabilidade de instabilidade, violência e migração em massa.

Quando fortalecemos os sistemas de saúde em partes distantes do mundo, reduzimos o risco de futuras pandemias que podem ameaçar nosso povo e nossa economia.

Quando defendemos direitos iguais de pessoas em todo o mundo — de mulheres e meninas, de pessoas LGBTQ, de comunidades indígenas, de pessoas com deficiência, de pessoas de todas as origens étnicas e religiosas — também garantimos que esses direitos sejam protegidos para nossos próprios filhos aqui nos Estados Unidos.

Os Estados Unidos não podem se dar ao luxo de ficarem ausentes do cenário mundial. Venho hoje ao Departamento de Estado, uma agência tão antiga e célebre como a própria nação, porque a diplomacia sempre foi essencial para a forma como os Estados Unidos escrevem seu próprio destino.

Pois a diplomacia de Ben Franklin ajudou a assegurar o sucesso de nossa revolução, a visão do Plano Marshall ajudou a evitar que o mundo se afundasse nos destroços da guerra. E as paixões de Eleanor Roosevelt que declarou a ideia audaciosa de direitos universais que pertencem a todos.

A liderança de diplomatas de todos os escalões, fazendo o trabalho diário de engajamento, criou a própria ideia de um mundo livre e interconectado. Somos um país que faz coisas grandiosas. A diplomacia americana faz isso acontecer. E nosso governo está pronto para assumir a responsabilidade e liderar mais uma vez.

Obrigado a todos. E que Deus os abençoe e proteja nossas tropas, nossos diplomatas, nossos especialistas em desenvolvimento e todos os americanos servindo em situação de perigo.

Saindo por aqui. Obrigado a todos.

Veja o conteúdo original: https://www.whitehouse.gov/briefing-room/speeches-remarks/2021/02/04/remarks-by-president-biden-on-americas-place-in-the-world/

Esta tradução é fornecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deve ser considerado oficial.