Pronunciamento do Presidente sobre a Abordagem do Governo para Contraterrorismo

President Barack Obama gestures while making remarks during his news conference at the Asia-Pacific Economic Cooperation (APEC) in Lima, Peru, Sunday, Nov. 20, 2016. (AP Photo/Pablo Martinez Monsivais)

A CASA BRANCA

GABINETE DO SECRETÁRIO DE IMPRENSA

Para divulgação imediata 6 de dezembro de 2016

Base da Força Aérea de MacDill
Tampa, Flórida

PRESIDENTE: Muito obrigado! (Aplausos) Obrigado. Muito obrigado a todos. Obrigado. Por favor, sentem-se. Sentem-se. Bem, muito obrigado.

Boa tarde a todos. Acabaram de me dizer que seria o último “Hail to the Chief” (Saudações ao Chefe), e isso me deixou meio sentimental. Antes de qualquer coisa, gostaria de agradecer a todos vocês. Pouco antes de vir para cá, pude visitar alguns homens e mulheres da Base da Força Aérea de MacDill, do Comando Central, do nosso Comando de Operações Especiais, e agradecer pelo extraordinário serviço que prestaram. E a vocês e às suas famílias, e à famílias estendida dos militares americanos, quero dizer que nosso país tem uma inacreditável dívida de gratidão. Somos gratos a todos vocês e vamos rezar por vocês durante as festas de fim de ano. (Aplausos)

Nos oito anos do meu governo, não houve um dia em que uma organização terrorista ou algum indivíduo radicalizado não tenha planejado matar americanos. E, em 20 de janeiro, eu me tornarei o primeiro presidente dos Estados Unidos a ocupar o posto por dois mandatos durante tempos de guerra.

A responsabilidade mais solene de qualquer presidente é manter o povo americano seguro. Ao cumprir esse dever, enviei homens e mulheres para o caminho do perigo. Visitei soldados pelo mundo. Encontrei nossos guerreiros feridos e chorei com as famílias Gold Star (famílias de militares mortos em combate ou em atividades das forças armadas). Sei melhor do que a maioria que  é por causa do serviço e do sacrifício de vocês que conseguimos, nestes oito anos, proteger nosso território, desferir golpes duros contra redes terroristas e fortalecer nossos amigos e aliados.

Cheguei a este posto com uma série de convicções fundamentais que me orientaram como Comandante em Chefe.

É minha convicção que, mesmo se focarmos incansavelmente em desmontar redes terroristas como a Al Qaeda e o EI, devemos pedir aos aliados para fazer sua parte na luta e devemos fortalecer os parceiros locais que asseguram segurança duradoura.

E essas convicções guiaram as políticas que tentamos implementar tanto no Iraque quanto no Afeganistão.

Trouxemos para casa quase 150.000 soldados do Iraque, conforme o Acordo de Status das Forças negociado pelo governo anterior, e aumentamos nossos esforços junto com nossos aliados no Afeganistão, que nos permitiram que focássemos em desmantelar a Al Qaeda e dar ao governo afegão uma oportunidade de êxito.

E esse foco na Al Qaeda — a mais perigosa ameaça aos Estados Unidos na época — trouxe resultado. Hoje, sob qualquer parâmetro, a Al Qaeda central — a organização que nos atacou em 11 de setembro é uma sombra do que era antes.

Hoje, há menos de 10.000 soldados americanos no Afeganistão. Em vez de estar à frente da luta contra o Talibã, os americanos agora estão apoiando 320.000 forças de segurança afegãs que estão defendendo suas comunidades e apoiando os esforços antiterrorismo.

Agora, não quero pintar um quadro cor-de-rosa demais. A situação no Afeganistão ainda é difícil.

Mas o que podemos fazer é negar um paraíso seguro à Al Qaeda. O que podemos fazer é apoiar os afegãos que querem um futuro melhor, razão pela qual trabalhamos não apenas com as forças armadas deles, mas também apoiamos um governo de unidade em Cabul.

É claro que a ameaça terrorista nunca se restringiu ao sul da Ásia, ou ao Afeganistão, ou ao Paquistão.

Vimos o surgimento do Estado Islâmico, o sucessor da Al Qaeda no Iraque, que luta como uma rede terrorista e como uma força insurgente.

Há um debate sobre o EI focado na questão sobre se a presença continuada das tropas americanos no Iraque em 2011 poderia ter impedido o crescimento da ameaça do EI. E, como uma questão prática, isso não era uma opção.

Mas as circunstâncias mudaram. Quando o EI marcou vitórias significativas primeiro em Mosul e depois em outras partes do país, o Iraque então subitamente buscou ajuda de novo.

Nós condicionamos nossa ajuda no surgimento de um novo governo iraquiano e um de primeiro-ministro que estava comprometido com a unidade nacional e comprometido a trabalhar conosco. Construímos uma coalizão internacional de cerca de 70 nações, incluindo alguns vizinhos do Iraque.

Nessa campanha, agora atingimos o EI com mais de 16.000 ataques aéreos. Equipamos e treinamos dezenas de milhares de parceiros em campo.

E hoje os resultados são claros: o EI perdeu mais de metade do seu território. O EI perdeu o controle de grandes centros populacionais. Seu ânimo está sendo abatido. Sua capacidade de recrutamento está se desidratando. Seus comandantes e conspiradores estão sendo removidos, e as populações locais
estão se voltando contra ele. (Aplausos)

Enquanto falamos, o EI enfrenta em Mosul uma ofensiva de soldados iraquianos e do apoio da coalizão.

Então, a campanha contra o EI é incansável. É sustentável. É multilateral.

Na Líbia, onde a Força Aérea dos EUA ajudou milícias locais a expulsar uma perigosa célula do EI. No Mali, onde o apoio logístico e de inteligência dos EUA ajudou nossos aliados franceses a sobrepujar ramificações da Al Qaeda lá. Na Somália, onde as operações dos EUA apoiam uma força liderada pela União
Africana e agentes de manutenção da paz internacionais. E no Iêmen, onde anos de ataques precisos degradaram a Al Qaeda na Península.

Trabalhando com aliados europeus que sofreram ataques terríveis, fortalecemos nosso compartilhamento de inteligência e reduzimos à metade o fluxo de combatentes estrangeiros para o EI.

Este é o nosso trabalho. Devemos ter muito orgulho do progresso que fizemos nos últimos oito anos. Isso é o mais importante.

E todo esse progresso é devido ao serviço de milhões de americanos como vocês — na inteligência– nas forças de segurança, na segurança interna, na diplomacia, nas forças armadas dos Estados Unidos da América. É graças a vocês (aplausos), graças a vocês.

Agora, dizer que fizemos progressos não é dizer que o trabalho está encerrado. Sabemos que a ameaça fatal persiste.

E o que complica ainda mais o desafio é o fato de que, apesar do nosso necessário foco em combater terroristas fora do país, os ataques mais mortais no território interno nos últimos oito anos não foram realizadas por operadores com redes ou equipamentos sofisticados, comandados de fora do país. Eles foram realizados por indivíduos nascidos no país e extremamente isolados que se radicalizaram por meio da internet.

Então, em vez de oferecer falsas promessas de que podemos eliminar o terrorismo lançando mais bombas ou mobilizando cada vez mais tropas, ou nos protegendo do resto do mundo com cercas, precisamos ter uma visão ampla da ameaça terrorista e buscar uma estratégia inteligente que possa ser sustentada.

No tempo que resta, vou sugerir o que eu acho que deve orientar essa abordagem. Acima de tudo, uma estratégia contraterrorismo sustentável depende de manter a ameaça em perspectiva.

Um segundo ponto relacionado é que não podemos seguir o caminho das grandes potências anteriores que algumas vezes fracassaram ao almejar demais.

Em terceiro lugar, precisamos de sabedoria para ver que preservar nossos valores e respeitar o estado de direito não é uma fraqueza. No longo prazo, é a nossa maior força.

E eu sempre lembro a mim mesmo que, como Comandante em Chefe, devo proteger meu povo, mas também jurei defender a nossa Constituição.

Proibimos torturas em todo lugar, a todo tempo – e isso inclui táticas como simulação de afogamento. E em nenhum momento ninguém que tenha trabalhado comigo me disse que fazer isso nos exigiu boa inteligência.

Podemos capturar esses terrorista e nos manter fiéis ao que somos.

E, de fato, nosso sucesso em lidar com terroristas através do nosso sistema judiciário reforça a razão pela qual já passou da hora de fechar a prisão da base militar em Guantánamo.

Em quarto lugar, temos de combater os terroristas de uma forma que não crie mais terroristas.

Em quinto lugar, a transparência e a responsabilização servem à nossa segurança nacional não apenas em tempos de paz, mas, sobretudo, em temos de conflito.

Neste momento, estamos travando uma guerra sob poderes dados pelo Congresso há 15 anos — 15 anos. Eu não tinha cabelos grisalhos há 15 anos.(Risos) Dois anos atrás, pedi ao Congresso: vamos atualizar a autorização, vamos garantir-nos uma nova autorização para a guerra contra o EI, refletindo a natureza mutante das ameaças, refletindo as lições que aprendemos na última década. Até agora, o Congresso se recusou a votar.

As democracias não devem operar em um estado de guerra autorizada permanentemente. (Aplausos) Não é bom para as nossas forças armadas, não é bom para a nossa democracia.

Em sexto lugar, junto com o nosso excelente trabalho militar, temos de explorar a força da nossa diplomacia. Os terroristas adoram nos ver ignorando o tipo de trabalho que constrói coalizões internacionais, acaba com conflitos e detém a disseminação de armas letais. Isso facilitaria a vida para eles.
Seria um erro trágico para nós.

Apenas pensem no que fizemos nestes últimos oito anos sem um único disparo. Reduzimos o programa nuclear do Irã. Não é apenas uma avaliação minha, é a avaliação da inteligência israelense, embora eles tenham se oposto ao acordo. Protegemos materiais nucleares pelo mundo, reduzindo o risco de caírem em mãos de terroristas. Eliminamos o programa de armas químicas declarado da Síria. Todos esses passos ajudaram a nos manter seguros e ajudaram a manter nossos soldados seguros. São o resultado da diplomacia. E os esforços diplomáticos sustentados, não importa o quanto possam parecer frustrantes ou difíceis às vezes, serão necessários para resolver os conflitos que agitam o Oriente Médio, desde o Iêmen à Síria, a Israel e à Palestina. E, se não tivermos grandes esforços lá, mais vocês serão convocados para restaurarem a ordem após o fracasso da diplomacia.

Da mesma forma, qualquer estratégia de longo prazo para reduzir a ameaça do terrorismo depende de investimentos que fortaleçam algumas dessas frágeis sociedades. Nossos generais, nossos comandantes entendem isso. Isso não é caridade. É fundamental para a nossa segurança nacional. Um dólar gasto em desenvolvimento vale muito mais do que um dólar gasto para travar uma guerra. (Aplausos)

Como americanos, temos de ver o valor de empoderar sociedades civis para que haja saídas para as frustrações das pessoas. E temos de apoiar os empreendedores que querem construir empresas em vez de destruir. Temos de investir nos jovens, porque as áreas que estão gerando terroristas tipicamente estão recebendo um enorme impulso jovem, o que as torna mais perigosas. E há momentos em que precisamos ajudar os refugiados que escaparam dos horrores da guerra em busca de uma vida melhor.

E finalmente, nesta luta, temos de explorar as liberdades civis que nos definem.

Não usamos nosso poder para indiscriminadamente ler emails ou escutar telefonemas apenas focados em pessoas que poderiam estar tentando nos prejudicar. Usamos isso para salvar vidas. E, ao fazer isso, ao manter essas liberdades civis, sustentamos a confiança dos americanos e conseguimos a cooperação dos nossos aliados mais prontamente. Proteger a liberdade — isso é algo que fazemos por todos os americanos, e não apenas por alguns. (Aplausos)

Estamos combatendo terroristas que alegam lutar em nome do Islã. Mas eles não falam em nome dos mais de 1 bilhão de muçulmanos no mundo e não falam pelos muçulmanos americanos, incluindo muitos que vestem a farda do exército dos Estados Unidos da América. (Aplausos)

Então, que minhas palavras finais para vocês como comandante em chefe sejam um lembrete daquilo pelo qual vocês lutam, pelo que vocês lutam. Os Estados Unidos da América não são um país que impõe testes religiosos como um preço para a liberdade.

Somos uma nação que acredita que a liberdade jamais deve ser presumida como algo garantido e que cada um de nós tem a responsabilidade de sustentá-la.

Somos uma nação que defende o estado de direito e fortalece as leis de guerra.

Somos uma nação que venceu as Guerras Mundiais sem tomar recursos daqueles que defendemos. Nós os ajudamos a reconstruir.

Em outras palavras, somos uma nação que, em sua melhor forma, foi definida pela esperança, e não pelo medo.

É isso o que somos. É isso o que nos torna mais fortes do que qualquer ato de terror.

Lembrem-se desta história. Lembrem-se do que esta bandeira defende, porque nós dependemos de vocês — os herdeiros de–e legado –, nossos homens e mulheres fardados, e os cidadãos que apoiam vocês, para transferir o que existe de melhor em nós – esse compromisso com uma crença comum. A confiança de que a razão faz o poder, e não o contrário. (Aplausos)

É assim que podemos sustentar essa longa luta. É assim que protegeremos o nosso país. É assim que protegeremos nossa Constituição contra todas as ameaças, estrangeiras e domésticas.

Confio que vocês cumprirão sua missão, assim como cumpriram outras. Foi a maior honra da minha vida servir como seu Comandante em Chefe. Agradeço a vocês por tudo o que fizeram e por tudo o que farão no futuro. Que Deus os abençoe. Que Deus abençoe nossos soldados e que Deus abençoe os Estados Unidos da América. (Aplausos)