Pronunciamento sobre a paz no Oriente Médio

John Kerry
Secretário de Estado

Auditório Dean Acheson

Washington, DC

SECRETÁRIO KERRY: Muito obrigado. Obrigado. Muitíssimo obrigado. Obrigado. (Tosse.) Desculpem. Agradeço a todos pela paciência. Para aqueles de vocês que celebraram o Natal, espero que tenham tido um Natal maravilhoso. Feliz Chanucá. E, para todos aqui, sei que estamos no meio de uma semana de festas. Compreendo. (Risos.) Mas quero desejar a todos um ano novo muito produtivo e feliz.
Hoje, quero compartilhar algumas reflexões sinceras sobre uma questão que há décadas instiga o diálogo de política externa, aqui e no mundo todo – o conflito entre Israel e Palestina.

Durante todo o seu governo, o presidente Obama esteve profundamente comprometido com Israel e sua segurança, e esse compromisso norteou sua busca pela paz no Oriente Médio. E esse é um tema, como todos vocês sabem, com o qual trabalhei intensamente durante meu mandato como secretário de Estado, por uma simples razão: porque a solução de dois Estados é a única maneira de alcançar uma paz justa e duradoura entre israelenses e palestinos. É a única forma de garantir o futuro de Israel como Estado democrático judeu, vivendo em paz e segurança com seus vizinhos. É a única forma de garantir um futuro de liberdade e dignidade ao povo palestino. E é uma maneira importante de defender os interesses dos Estados Unidos na região.

Gostaria de explicar por que esse futuro está ameaçado no momento e fornecer um pouco do contexto pelo qual não pudemos, em sã consciência, impedir uma resolução das Nações Unidas que deixa claro que ambos os lados precisam agir agora para preservar a possibilidade de paz.

Também estou aqui para compartilhar minha convicção de que ainda existe saída se as partes interessadas estiverem dispostas a agir. E quero compartilhar sugestões práticas de como preservar e fazer avançar as perspectivas de uma paz justa e duradoura que ambos os lados merecem.

Por isso é vital que tenhamos uma conversa franca e sóbria sobre as verdades desconfortáveis e as escolhas difíceis, porque a alternativa que está se tornando rapidamente realidade na região não interessa a ninguém – nem aos israelenses, nem aos palestinos, nem à região – e nem aos Estados Unidos.

Quero salientar que há um ponto importante aqui: o meu trabalho, acima de tudo, é defender os Estados Unidos da América – apoiar e defender nossos valores e interesses no mundo. E, se ficarmos parados, cientes de que assim estamos permitindo que uma dinâmica perigosa se instaure, que promete mais conflitos e instabilidade a uma região na qual temos interesses vitais, seremos muito negligentes com nossas próprias responsabilidades.

Infelizmente, alguns parecem acreditar que a amizade dos EUA significa que devemos aceitar qualquer política, independentemente de nossos próprios interesses, nossas opiniões, nossa palavra, nossos princípios – mesmo após insistir repetidamente que essa política precisa mudar. Amigos precisam dizer as verdades difíceis uns aos outros, e amizades requerem respeito mútuo.

O representante permanente de Israel nas Nações Unidas, que não apoia a solução de dois Estados, declarou, após o voto na semana passada, que “era de se esperar que o maior aliado de Israel agisse de acordo com os valores que compartilhamos” e que vetasse essa resolução. Sou forçado a responder hoje que os Estados Unidos agiram, de fato, de acordo com os nossos valores, assim como governos anteriores dos EUA já o fizeram no Conselho de Segurança no passado.

Eles não conseguem reconhecer que este amigo, os Estados Unidos da América, que fez mais para apoiar Israel do que qualquer outro país, este amigo que bloqueou inúmeros esforços para deslegitimar Israel, não pode agir segundo seus valores – ou mesmo os valores democráticos declarados de Israel – e não pode defender e proteger Israel de forma adequada se permitir que a solução de dois Estados seja destruída diante de seus olhos.

E este é o ponto decisivo: o voto nas Nações Unidas foi para preservar a solução de dois Estados. É isto o que defendemos: o futuro de Israel como Estado democrático judeu, vivendo em paz e segurança lado a lado com seus vizinhos. É isso que estamos tentando preservar, para o nosso bem e para o bem deles.

Na verdade, este governo tem sido o melhor amigo e apoiador de Israel, com um compromisso absolutamente inabalável de promover a segurança de Israel e proteger sua legitimidade.

Sobre esse ponto, quero que fique bem claro: nenhum governo americano fez mais pela segurança de Israel do que o governo de Barack Obama. O próprio primeiro-ministro de Israel reconheceu nossa cooperação militar e de inteligência “sem precedentes”, em suas palavras. Nossos exercícios militares estão mais avançados do que nunca. Nossa assistência ao Domo de Ferro salvou inúmeras vidas israelenses. Temos apoiado de forma constante o direito de Israel de se defender, inclusive durante ações em Gaza que geraram grande controvérsia.

Repetidamente, demonstramos que defendemos Israel. Fomos fortemente contrários a boicotes, campanhas de desinvestimento e sanções contra Israel nos fóruns internacionais, sempre que e onde sua legitimidade foi atacada, e lutamos por sua inclusão em todo o sistema das Nações Unidas. Em meio à nossa própria crise financeira e aos nossos déficits orçamentários, aumentamos repetidas vezes a verba para apoiar Israel. Na verdade, mais da metade de todo o nosso Financiamento Militar Externo global é destinada a Israel. E, neste quarto trimestre, concluímos um memorando de entendimento histórico de US$ 38 bilhões, mais do que qualquer pacote de assistência militar que os Estados Unidos já ofereceram a qualquer país, em qualquer época, e que investirá em defesa antimíssil de ponta e manterá a vantagem militar qualitativa de Israel por muitos anos. Esse é o tamanho do nosso apoio.

Esse compromisso com a segurança de Israel é, na verdade, muito pessoal para mim. Em minha primeira visita a Israel, em 1986, quando era um jovem senador, fui cativado por um país especial, que imediatamente ganhou minha admiração e o qual logo aprendi a amar. Ao longo dos anos, como tantas pessoas atraídas a esse local extraordinário, subi à fortaleza de Massada, nadei no Mar Morto e dirigi de uma cidade bíblica a outra. Também vi o lado sombrio das instalações de foguetes do Hezbollah, bem do outro lado da fronteira com o Líbano, visitei exposições sobre o inferno do Holocausto em Yad Vashem, subi às Colinas de Golã e pilotei um jato israelense pelo pequeno espaço aéreo de Israel, o que faria qualquer um entender a importância da segurança para os israelenses. A partir dessas experiências, surgiu um compromisso firme com a segurança de Israel nunca abalado sequer por um minuto em meus 28 anos no Senado ou em meus quatro anos como secretário.

Também visitei com frequência as comunidades da Cisjordânia, onde conheci palestinos lutando por liberdade e dignidade básicas em meio à ocupação, passei por postos de controle militares que podem transformar qualquer viagem diária e rotineira ao trabalho ou à escola em pesadelo e soube de grandes empresários que não conseguiam as permissões necessárias para entregar seus produtos ao mercado e de famílias que lutavam para garantir permissão apenas para viajar e receber atendimento médico necessário.

E testemunhei de perto a devastação de um conflito que já dura por tempo demasiado. Vi crianças israelenses em Sderot, cujos playgrounds foram atingidos por foguetes Katyusha. Visitei abrigos próximos a escolas em Kiryat Shmona, para os quais as crianças tinham 15 segundos para correr ao ouvir uma sirene. Também vi a devastação da guerra na Faixa de Gaza, onde garotas palestinas em Izbet Abed Rabo brincavam nos destroços de um prédio bombardeado.
Nenhuma criança – israelense ou palestina – deveria passar por isso.

Por isso, apesar das óbvias dificuldades que compreendi quando me tornei secretário de Estado, sabia que tinha de fazer tudo o que pudesse para pôr fim a esse conflito. E sou grato por ter trabalhado para o presidente Obama, que estava preparado para assumir riscos pela paz e profundamente comprometido com esse esforço.

Como governos anteriores dos EUA, comprometemos nossa influência e nossos recursos para tentar resolver o conflito árabe-israelense pois, sim, seria bom para os interesses americanos estabilizar uma região volátil e realizar o compromisso dos Estados Unidos com a sobrevivência, a segurança e o bem-estar de Israel em paz com seus vizinhos árabes.

Apesar dos nossos melhores esforços ao longo dos anos, a solução de dois Estados está agora sob séria ameaça.

A verdade é que as tendências na região – violência, terrorismo, incitação, expansão de assentamentos e a ocupação aparentemente sem fim – estão conjuntamente destruindo as esperanças de paz em ambos os lados e solidificando cada vez mais uma realidade irreversível de um único Estado que a maioria das pessoas na verdade não quer.

Hoje há um número semelhante de judeus e palestinos vivendo entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo. Eles têm uma escolha. Podem optar por viver juntos em um único Estado ou podem se separar em dois Estados. Mas aqui há uma realidade fundamental: se a escolha for por um Estado, Israel pode ser judeu ou democrático – não pode ser os dois – e nunca estará verdadeiramente em paz. Além disso, os palestinos nunca realizarão plenamente seu imenso potencial em sua terra natal com uma solução de um só Estado.

A maioria em ambos os lados entende essa escolha básica, e por isso é importante que as pesquisas de israelenses e palestinos mostram que ainda há forte apoio à solução de dois Estados – na teoria. Eles só não acreditam que isso pode acontecer.

Após décadas de conflito, muitos não veem mais o outro lado como pessoas, somente como ameaças e inimigos. Ambos os lados continuam a promover uma narrativa que joga com o medo das pessoas e reforça os piores estereótipos em vez de trabalhar para mudar as percepções e construir a crença na possibilidade de paz.

E a verdade é que a polarização extraordinária nesse conflito se estende além de israelenses e palestinos. Aliados de ambos os lados se contentam em reforçar essa mentalidade de “ou você está conosco ou está contra nós”, segundo a qual muitas vezes qualquer um que questione as ações palestinas está fazendo apologia da ocupação e qualquer um que discorde da política israelense é visto como anti-Israel e até antissemita.

Esta é uma das realidades mais chocantes sobre a situação atual: a decisão crucial sobre o futuro – um Estado ou dois Estados – está efetivamente sendo tomada todos os dias na região, a despeito da opinião expressa pela maioria das pessoas.

O status quo está pendendo para um só Estado e ocupação perpétua, mas a maioria do público ou ignora ou perdeu a esperança de que algo possa ser feito para mudá-lo. E, com essa resignação passiva, o problema só se agrava, os riscos aumentam e as escolhas diminuem.

Essa sensação de desesperança entre os israelenses é exacerbada pela violência contínua, por ataques terroristas contra civis e pela incitação, que estão destruindo a crença na possibilidade de paz.

Vou dizer novamente: não há absolutamente nenhuma justificativa para o terrorismo, e nunca haverá.

E a onda mais recente de violência palestina incluiu centenas de ataques terroristas durante o ano que passou, como esfaqueamentos, tiroteios, ataques com veículos e bombardeios, muitos perpetrados por indivíduos que foram radicalizados pelas mídias sociais. Contudo, os assassinos de inocentes ainda são glorificados em sites do Fatah, inclusive exibindo os perpetradores ao lado de líderes palestinos acompanhando os ataques. E, apesar de declarações do presidente Abbas e de líderes de seu partido explicitando sua oposição à violência, muitas vezes eles enviam uma mensagem diferente por não condenar ataques terroristas específicos e dar nomes de terroristas a praças públicas, ruas e escolas.

O presidente Obama e eu deixamos claro à liderança palestina, diversas vezes, pública e privadamente, que toda a incitação à violência deve parar.

Condenamos repetidamente a violência e o terrorismo e condenamos a liderança palestina por não condená-los.

Muitas vezes, os palestinos agiram para deslegitimar Israel nos fóruns internacionais. Nós nos opusemos fortemente a essas inciativas, inclusive à recente resolução da Unesco referente a Jerusalém, inteiramente desequilibrada e incendiária. E deixamos clara a nossa forte oposição aos esforços palestinos contra Israel no Tribunal Penal Internacional, que somente reduz as perspectivas de paz.

E todos compreendemos que a Autoridade Palestina tem muito mais a fazer para fortalecer suas instituições e melhorar a governança.

E o mais perturbador: o Hamas continua a seguir uma agenda extremista, recusando-se a aceitar o direito de existência de Israel. Possui sua própria visão de um Estado: toda aquela terra é a Palestina. O Hamas e outras facções radicais são responsáveis pelas formas mais explícitas de incitação à violência, e muitas das imagens que usam são realmente assustadoras. E estão dispostos a matar inocentes em Israel e pôr o povo de Gaza em risco para levar essa agenda adiante.

Para piorar, a situação humanitária em Gaza, exacerbada pelos fechamentos dos bloqueios, é alarmante. Gaza é lar de uma das mais densas concentrações humanas sofrendo dificuldades extremas e com poucas oportunidades. Da população de 1,8 milhão de habitantes de Gaza, 1,3 milhão de pessoas precisam de assistência diária – para se alimentar e se abrigar. A maioria tem eletricidade menos que a metade do tempo e somente 5% da água pode ser bebida com segurança. E, apesar da urgência dessas necessidades, o Hamas e outros grupos militantes continuam a rearmar e desviar materiais de reconstrução para construir túneis, ameaçando os civis israelenses com mais ataques, o que nenhum governo pode tolerar.

Ao mesmo tempo, temos de deixar claro o que está acontecendo na Cisjordânia. O primeiro-ministro israelense apoia publicamente uma solução de dois Estados, mas sua atual coalizão é mais direitista da história de Israel, com uma agenda motivada pelos elementos mais extremos. O resultado é que as políticas desse governo, que o próprio primeiro-ministro descreveu como “mais comprometidas com os assentamentos do que qualquer outra na história de Israel”, estão levando à direção oposta. Estão levando a um Estado. Na verdade, Israel tem consolidado cada vez mais o controle de boa parte da Cisjordânia para seus próprios fins, revertendo efetivamente as transições a uma maior autoridade civil palestina previstas nos Acordos de Oslo.

Acho que a maioria das pessoas em Israel, e certamente em todo o mundo, não tem ideia de quão amplo e sistemático o processo se tornou. Mas os fatos falam por si só. O número de colonos nos quase 130 assentamentos israelenses ao leste das fronteiras desenhadas em 1967 tem crescido continuamente. A população de colonos, somente na Cisjordânia, sem incluir Jerusalém Oriental, aumentou cerca de 270 mil desde Oslo, com 100 mil somente desde 2009, quando se iniciou o governo Obama.

Não adianta fingir que são só grandes blocos de assentamento. Quase 90 mil colonos vivem ao leste da barreira de separação criada por Israel, em meio ao que, segundo qualquer definição razoável, seria o futuro Estado palestino. E a população desses assentamentos distantes se ampliou em 20 mil pessoas somente desde 2009. Na verdade, o governo recentemente aprovou um novo assentamento significativo bem a leste da barreira, mais próximo da Cisjordânia do que de Israel. O que isso diz aos palestinos em particular – mas também aos Estados Unidos e ao mundo – sobre as intenções de Israel?

Quero enfatizar: isso não quer dizer que os assentamentos sejam a única nem a principal causa desse conflito. É claro que não são. Nem é possível dizer que, se os assentamentos fossem removidos de repente, teríamos paz. Sem um acordo mais amplo, não teríamos. E entendemos que em um acordo final, certos assentamentos se tornariam parte de Israel para refletir as mudanças que ocorreram nos últimos 49 anos – entendemos isso –, inclusive as novas realidades demográficas democráticas existentes. Elas precisariam ser levadas em conta. Mas se cada vez mais colonos estão se mudando para áreas palestinas, será muito mais difícil separar, muito mais difícil imaginar a transferência de soberania, e esse é exatamente o resultado que alguns estão propositalmente acelerando.

Sejamos claros: a expansão dos assentamentos não tem nada a ver com a segurança de Israel. Muitos assentamentos, na verdade, aumentam o trabalho de segurança das Forças de Defesa de Israel. E os líderes do movimento dos assentamentos são motivados por imperativos ideológicos que ignoram inteiramente as legítimas aspirações palestinas.

Entre os exemplos mais perturbadores do que estou dizendo está a proliferação de assentamentos ilegais de acordo com as próprias leis de Israel. Geralmente estão localizados em terras palestinas privadas e em locais estratégicos que tornam a solução de dois Estados impossível. Há mais de cem assentamentos desse tipo. E, desde 2011, quase um terço deles já foi ou está sendo legalizado, apesar de promessas de vários governos israelenses anteriores de desmantelá-los.

Líderes do movimento dos assentamentos defendem novas leis sem precedentes que legalizariam a maioria desses assentamentos. Pela primeira vez, seria aplicada legislação nacional israelense na Cisjordânia, em vez da legislação militar, o que é um passo importante rumo ao processo de anexação. Quando a lei passou pela primeira leitura no parlamento israelense, no Knesset, um de seus principais proponentes disse orgulhosamente: “Hoje, o Knesset israelense deixou de rumar para a criação de um Estado palestino e passou a ir em direção da soberania israelense na Judeia e na Samaria.” Até mesmo o procurador-geral de Israel disse que o projeto de lei é inconstitucional e uma violação do Direito Internacional.

Pois bem, talvez vocês ouçam os defensores afirmar que os assentamentos não são um obstáculo à paz, já que os colonos que não queiram sair poderão ficar na Palestina, assim como os israelenses árabes que vivem em Israel. Mas isso ignora um ponto fundamental, meus amigos. Os israelenses árabes são cidadãos de Israel, sujeitos às leis de Israel. Alguém realmente acredita que os colonos concordarão em se submeter às leis palestinas na Palestina?

Da mesma maneira, alguns defensores dos assentamentos argumentam que os colonos poderiam simplesmente ficar em seus assentamentos, continuando a ser cidadãos israelenses em seus enclaves no meio da Palestina, protegidos pelas Forças de Defesa de Israel. Pois bem, há mais de 80 assentamentos a leste da barreira de separação, muitos localizados em locais que tornariam um Estado palestino contíguo impossível. Alguém acredita seriamente que se eles simplesmente ficarem onde estão poderia haver um Estado palestino viável?

Agora, alguns perguntaram: “Por que não podemos construir nos blocos que todos sabem que acabarão sendo parte de Israel?” Bem, a razão de a construção ali ou em qualquer lugar da Cisjordânia resultar em tanta reação negativa é que a decisão do que constitui um bloco está sendo tomada unilateralmente pelo governo israelense, sem consulta, sem o consentimento dos palestinos e sem outorgar aos palestinos o direito recíproco de construir no que será, segundo a maioria, parte da Palestina. Ou seja: sem acordo ou reciprocidade, as escolhas unilaterais se tornam fonte importante de discórdia, e, em parte, é por isso que estamos aqui onde estamos.

Vocês podem ouvir que esses assentamentos remotos não são um problema porque representam somente uma pequena porcentagem da terra. Bem, já esclarecemos isso repetidas vezes: não é somente uma questão da quantidade total de terra disponível na Cisjordânia. A questão é se a terra estará ligada ou dividida em pequenos enclaves, como um queijo suíço, que nunca constituiriam um Estado de fato. Quanto mais assentamentos desse tipo forem construídos, quanto mais se expandirem, menos possível será a criação de um Estado contíguo. Portanto, no fim das contas, um assentamento não é somente a terra onde se localiza, mas também o que o local representa para a movimentação das pessoas, o que representa para a possibilidade de uma estrada que ligue as pessoas, uma comunidade a outra, o que representa para o sentido de uma nação picotada a cada nova construção. Ninguém que pense seriamente na paz pode ignorar a realidade do que os assentamentos representam para a paz.

Mas o problema, obviamente, vai muito além dos assentamentos. As tendências indicam um esforço amplo de tomar a terra da Cisjordânia para Israel e evitar qualquer desenvolvimento palestino lá. Hoje, dos 60% da Cisjordânia conhecidos como Área C – boa parte da qual deveria ter sido transferida ao controle palestino há muito tempo segundo os Acordos de Oslo – boa parte está efetivamente na zona proibida ao desenvolvimento palestino. A maior parte foi essencialmente tomada para uso exclusivo de Israel por meio da simples designação unilateral de “terra do Estado” ou por meio da inserção na jurisdição dos conselhos de assentamentos regionais. Há muitas fazendas israelenses no Vale do Rio Jordão, e resorts israelense espalhados pela costa do Mar Morto, onde não é permitido desenvolvimento palestino – muitas pessoas não percebem isso. Na verdade, quase nenhum edifício privado palestino na Área C é aprovado. Somente uma permissão foi concedida por Israel de 2014 a 2015, enquanto centenas de unidades de assentamento avançaram no mesmo período.

Além disso, as estruturas palestinas na Área C que não têm permissão das forças armadas israelenses estão potencialmente sujeitas à demolição. E estão sendo demolidas atualmente a taxas historicamente elevadas. Mais de 1.300 palestinos, incluindo mais de 600 crianças, foram deslocados por demolições somente em 2016 – mais do que o registrado em qualquer outro ano.

Portanto, a agenda dos colonos está definindo o futuro de Israel. E seu propósito declarado é claro. Acreditam em um Estado: Grande Israel. De fato, um importante ministro, que lidera um partido pró-colonos, declarou logo após as eleições dos EUA: “A era da solução de dois Estados acabou”. E muitos outros ministros da coalizão rejeitam publicamente um Estado palestino. E estão cada vez mais conseguindo o que querem, com recentes anúncios de planos para centenas de novas unidades em Jerusalém Oriental e conversas sobre uma nova grande ação de construção de assentamentos na Cisjordânia.

Então, por que estamos tão preocupados? Que importância tem isso? Façam a si mesmos as seguintes perguntas: o que acontecerá se essa agenda tiver sucesso? Aonde ela levará?

Há atualmente cerca de 2,75 milhões de palestinos vivendo sob ocupação militar na Cisjordânia, a maioria nas Áreas A e B (40% da Cisjordânia), onde possuem autonomia limitada. Suas movimentações diárias são restritas por uma rede de postos de controle, e eles não podem entrar ou sair da Cisjordânia sem autorização dos israelenses.

Por isso, se houver somente um Estado, teremos milhões de palestinos vivendo permanentemente em enclaves segregados no meio da Cisjordânia, sem nenhum direito político real, sem sistemas jurídico, de educação e de transporte separados, com disparidades de renda enormes, sob permanente ocupação militar que os priva das liberdades mais fundamentais. Separação e desigualdade, é isso que teremos. E ninguém consegue explicar como isso funciona. Um israelense aceitaria viver dessa forma? Um americano aceitaria viver dessa forma? O mundo aceitará?

Se a ocupação se tornar permanente, com o tempo a Autoridade Palestina poderá simplesmente se dissolver, entregar todas as responsabilidades administrativas e de segurança aos israelenses. O que aconteceria então? Quem administraria as escolas e os hospitais e em que termos? Israel quer bancar os bilhões de dólares da ajuda internacional que a Autoridade Palestina recebe hoje? As Forças de Defesa de Israel policiariam as ruas de todos os municípios palestinos?

Como Israel responderia a um movimento de direitos civis crescente por parte dos palestinos, exigindo o direito de voto, ou à disseminação de protestos e tensões em toda a Cisjordânia? Como Israel conciliaria uma ocupação permanente com seus ideais democráticos? Como os Estados Unidos continuariam a defender isso sem desrespeitar seus próprios ideais democráticos?

Ninguém jamais ofereceu boas respostas a essas perguntas, pois não há. E haveria maior risco de violência mais intensa entre palestinos e colonos, e o desespero completo entre os palestinos criaria um terreno fértil para extremistas.

Com todas as ameaças externas enfrentadas por Israel hoje, as quais conhecemos bem e com as quais trabalhamos em conjunto, o que se quer é mesmo uma intensificação dos conflitos na Cisjordânia? Como isso ajuda a segurança de Israel? Como isso ajuda a região?

A resposta é: não ajuda. E é precisamente por isso que tantos líderes experientes militares e de inteligência em Israel, no passado e no presente, acreditam que a solução de dois Estados é a única resposta real à segurança de longo prazo de Israel.

Agora, uma coisa sabemos de fato: se Israel continuar no caminho de um só Estado, nunca terá paz verdadeira com o resto do mundo árabe, e posso afirmar isso com certeza. Os países árabes deixaram claro que não aceitarão a paz com Israel sem a resolução do conflito entre Israel e Palestina. Não são essas as lealdades deles. Não são assim as políticas deles.

Mas há algo novo aqui. Interesses comuns em responder às atividades desestabilizadoras do Irã, em combater os extremistas, assim como em diversificar suas economias, criaram possibilidades reais de algo diferente se Israel aproveitar as oportunidades de paz. Passei bastante tempo com os principais líderes árabes examinando esse assunto, e não há dúvida de que estão preparados para ter uma relação fundamentalmente diferente com Israel. Isso foi declarado na Iniciativa Árabe de Paz, há anos. E, em todas as minhas conversas recentes, os líderes árabes confirmaram sua disposição, no contexto da paz entre Israel e Palestina, não somente para normalizar as relações, mas para trabalhar abertamente no sentido de garantir essa paz com cooperação regional significativa em segurança. E isso está a espera. Está bem lá.

Muitos demonstraram disposição para apoiar negociações sérias entre Israel e Palestina e para tomar medidas com vistas à normalização das relações, incluindo reuniões públicas, desde haja avanços significativos rumo à solução de dois Estados. Meus amigos, essa é uma oportunidade real que não deveríamos perder.

E isso leva a uma pergunta final: a nossa geração é a geração que desistirá do sonho de um Estado judeu democrático em Israel, vivendo em paz e segurança com seus vizinhos? Porque é isso realmente que está em jogo.

Foi isso o que fundamentou nosso voto no Conselho de Segurança na semana passada – a necessidade de preservar a solução de dois Estados. E os dois lados do conflito precisam assumir a responsabilidade de realizar isso. Por repetidas vezes nós dissemos enfaticamente aos palestinos que toda a incitação à violência deve parar. Condenamos constantemente toda violência e todo terrorismo e fomos fortemente contrários aos esforços unilaterais que visaram deslegitimar Israel em fóruns internacionais.

Exortamos Israel, pública e privadamente, em inúmeras ocasiões a interromper a marcha dos assentamentos. Em literalmente centenas de conversas com o primeiro-ministro Netanyahu, deixei claro que a atividade contínua de assentamentos só aumentaria a pressão por uma resposta internacional. Todos sabemos há algum tempo que os palestinos pretendiam defender na ONU uma resolução para os assentamentos, e eu alertei o primeiro-ministro, várias vezes, que mais atividades de assentamentos só levariam a medidas por parte da ONU.

No entanto, as atividades dos assentamentos só aumentaram, incluindo a proposição de leis sem precedentes para legalizar assentamentos que o próprio primeiro-ministro teria advertido que poderiam expor Israel a ações do Conselho de Segurança e até a processos internacionais antes de decidir apoiá-las.

Enfim, não poderíamos, em sã consciência, proteger os elementos mais extremos do movimento dos assentamentos enquanto tentam destruir a solução de dois Estados. Não poderíamos, em sã consciência, fazer vista grossa às ações palestinas que alimentam o ódio e a violência. Não é do interesse dos EUA ajudar ninguém em nenhum dos lados a criar um Estado unitário. E talvez não consigamos detê-los, mas não se pode esperar que vamos defendê-los. E, certamente, não é o papel de nenhum país votar contra suas próprias políticas.

Por isso decidimos não bloquear a resolução da ONU que deixa claro que ambos os lados devem tomar medidas para salvar a solução de dois Estados enquanto há tempo. E não foi uma decisão fácil. O governo Obama sempre defendeu Israel contra todos os esforços na ONU e em todos os fóruns internacionais e contra todas as resoluções parciais e unilaterais que buscam enfraquecer sua legitimidade ou segurança, e isso não mudou. Não mudou com esse voto.

Mas, lembrem-se, é importante observar que todos os governos dos Estados Unidos, republicanos e democratas, foram contra os assentamentos por serem contrários às perspectivas de paz, e a medida do Conselho de Segurança da ONU está longe de ser sem precedentes. Na verdade, governos anteriores de ambos os partidos permitiram que resoluções críticas a Israel fossem aprovadas, inclusive em relação aos assentamentos. Em dezenas de ocasiões somente no governo George W. Bush, o conselho aprovou seis resoluções contrárias a Israel, inclusive uma que apoiava um plano de congelamento completo dos assentamentos, até de seu crescimento natural.

Permitam que eu leia o parágrafo inicial de um artigo do New York Times de 23 de dezembro. Abre aspas: “Com a abstenção dos Estados Unidos, o Conselho de Segurança aprovou uma resolução que deplora fortemente o tratamento dado por Israel às tensões nos territórios ocupados, que, segundo a definição da resolução, incluem Jerusalém. Todos os outros 14 membros do Conselho de Segurança votaram a favor.” Meus amigos, esse artigo não foi escrito na semana passada. Foi escrito em 23 de dezembro de 1987, 29 anos antes do voto da semana passada, quando Ronald Reagan era presidente.

Entretanto, apesar das crescentes pressões, o governo Obama manteve uma posição forte contra as ações da ONU, quaisquer ações. Fomos o único governo desde 1967 que não permitiu que nenhuma resolução a que Israel se opunha fosse aprovada. Na verdade, a única vez nos oito anos do governo Obama em que exercemos o poder de veto nas Nações Unidas foi contra uma resolução unilateral que tratava dos assentamentos em 2011. E essa resolução não mencionava incitação ou violência.

Agora vejamos o que aconteceu desde então. De lá para cá, houve a promoção de mais de 30 mil unidades de assentamento em algum estágio do processo de planejamento. É isso mesmo: mais de 30 mil unidades de assentamento promovidas a despeito da posição dos Estados Unidos e de outros países. E se tivéssemos vetado essa resolução há poucos dias, os Estados Unidos teriam permitido mais construção desenfreada de assentamentos, à qual somos fundamentalmente contrários.

Por isso rejeitamos a crítica de que esse voto abandona Israel. Pelo contrário, não é essa resolução que isola Israel; é a política permanente de construção de assentamentos que ameaça impossibilitar a paz. E praticamente todos os países do mundo, exceto Israel, são contrários aos assentamentos. Isso inclui muitos dos amigos de Israel, inclusive o Reino Unido, a França, a Rússia – todos os quais votaram a favor da resolução sobre assentamentos que nós vetamos em 2011, e mais uma vez este ano com todos os outros membros do conselho.

Na verdade, essa resolução simplesmente reafirma declarações do Conselho de Segurança sobre a legalidade dos assentamentos durante várias décadas. Não é nada novo. Em 1978, o assessor jurídico do Departamento de Estado informou o Congresso sobre sua conclusão de que o governo de Israel, o programa do governo israelense de estabelecimento de assentamentos de civis em território ocupado descumpria o Direito Internacional, e não vimos mudanças desde então que afetassem essa conclusão fundamental.

Agora, talvez vocês tenham ouvido que alguns criticaram essa resolução por chamar Jerusalém Oriental de território ocupado. Para ficar claro, porém, não houve nada de novo na resolução da semana passada sobre essa questão. Foi uma de uma longa lista de resoluções do Conselho de Segurança que incluem Jerusalém Oriental como parte dos territórios ocupados por Israel em 1967, e isso inclui resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança durante os governos dos presidentes Reagan e George H. W. Bush. Lembrem-se de que todos os governos dos EUA desde 1967, junto com toda a comunidade internacional, reconheceram Jerusalém Oriental como parte dos territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias.

Pois bem, quero salientar este ponto: respeitamos plenamente os profundos vínculos históricos e religiosos de Israel com a cidade e seus locais sagrados. Nunca questionamos isso. Essa resolução de forma alguma prejulga o resultado das negociações do status permanente de Jerusalém Oriental, o qual, obviamente, precisa refletir esses vínculos históricos e as realidades locais. Essa é nossa posição. Ainda apoiamos isso.

Também rejeitamos firmemente a noção segundo a qual, de alguma forma, os Estados Unidos foram a força motriz por trás dessa resolução. Os egípcios e os palestinos deixaram claro há muito tempo para todos nós – para toda a comunidade internacional – sua intenção de votar uma resolução antes do fim do ano, e informamos isso aos israelenses, e eles já sabiam. Os Estados Unidos não redigiram nem deram origem a essa resolução, nem a propuseram. Ela foi redigida pelo Egito – redigida e, acredito, apresentada pelo Egito, que é um dos amigos mais próximos de Israel na região, em coordenação com os palestinos e outros.

E, durante o desenrolar do processo, deixamos claro a outros países, inclusive aos membros do Conselho de Segurança, que seria possível, caso a resolução fosse equilibrada e incluísse referências à incitação e ao terrorismo, seria possível que os Estados Unidos não a bloqueassem – se fosse equilibrada e justa. Há uma prática padrão para as resoluções do Conselho de Segurança. Os egípcios, os palestinos e muitos outros compreenderam que se o texto fosse mais equilibrado, seria possível que não o bloqueássemos. Mas também deixamos muitíssimo claro que o presidente dos Estados Unidos não tomaria uma decisão final sobre nossa posição até que víssemos o texto final.

No final, não concordamos com todas as palavras dessa resolução. Há questões importantes que não são mencionadas o suficiente, ou sequer são mencionadas. Mas não podíamos, em sã consciência, vetar uma resolução que condena a violência e a incitação e que reitera o que tem sido, há muito tempo, um forte consenso e a posição internacional sobre os assentamentos, exortando as partes a começar a tomar passos construtivos para fazer avançar a solução de dois Estados.

Em última instância, caberá ao povo israelense decidir se os ataques surpreendentemente exaltados dirigidos por autoridades israelenses a este governo atendem melhor aos interesses nacionais de Israel e sua relação com um aliado que tem sido resoluto em seu apoio, como descrevi antes. Esses ataques, e as alegações de uma conspiração liderada pelos EUA e outras afirmações fabricadas, distraem a atenção do que foi a real substância desse voto.

E todos entendemos que Israel enfrenta ameaças muito sérias em uma região muito difícil. Os israelenses têm razão em se preocupar com que não haja um novo refúgio de terroristas bem ao seu lado, geralmente citando o que aconteceu em Gaza, e entendemos isso e acreditamos que há meios de atender a essas necessidades de segurança. E os israelenses têm plenas justificativas ao condenar as tentativas de deslegitimar [1] seu Estado e de questionar o direito de existência de um Estado judeu. Mas esse voto não tratou disso. Tratou das medidas que israelenses e palestinos estão pondo em prática e que estão cada vez mais impossibilitando a solução de dois Estados. Não se tratava de atingir a paz com os palestinos agora – tratava-se de garantir que a paz com os palestinos seja possível no futuro.

E todos entendemos que Israel enfrenta ameaças extraordinárias e sérias em uma região muito difícil. E os israelenses têm toda a razão em fazer o possível para que não haja um refúgio de terroristas bem em sua fronteira.

Mas esse voto – não é demais enfatizar – não trata da possibilidade de chegar a um acordo que resolva isso da noite para o dia ou em um ou dois anos.

Estamos falando de um processo mais demorado. Estamos falando de como conseguir a paz com os palestinos no futuro e de como preservar a capacidade para esse fim.

Então como chegamos lá? Como chegamos a essa paz?

Como as partes ainda não conseguiram retomar o diálogo, os EUA e o Quarteto do Oriente Médio pediram a ambos os lados, repetidas vezes, que demonstrassem um compromisso genuíno e independente com a solução de dois Estados – não somente com palavras, mas em ações e políticas reais – para criar as condições para negociações significativas.

Pedimos a ambos os lados que tomassem medidas significativas na região para reverter as tendências atuais e mandar uma mensagem diferente – uma mensagem clara – de que estão preparados para transformar fundamentalmente a equação sem esperar que o outro lado aja.

Pressionamos pelo cumprimento de seus compromissos básicos, assumidos em acordos anteriores, para promover uma realidade de dois Estados.
Pedimos aos palestinos que fizessem tudo o que pudessem para acabar com a violência e a incitação, inclusive condenando publicamente e com regularidade os atos de terrorismo e interrompendo a glorificação da violência.

E pedimos que continuem com suas medidas para fortalecer suas próprias instituições e melhorar a governança, a transparência e a prestação de contas.

E ressaltamos que o aumento de armas do Hamas e as atividades militantes em Gaza devem parar.

Junto com nossos parceiros do Quarteto, pedimos que Israel acabe com a política de construção e expansão de assentamentos, de tomar terra para uso exclusivo israelense e de negar o desenvolvimento palestino.

Para reverter o processo atual, os EUA e nossos parceiros incentivaram Israel a retomar a transferência de maior autoridade civil aos palestinos na Área C, em cumprimento à transição proposta por Oslo. E deixamos claro que avanços significativos em diversos setores, como habitação, agricultura e recursos naturais, podem ser conquistados sem impactar negativamente as legítimas necessidades de segurança de Israel. E pedimos a flexibilização significativa das restrições de acesso e movimento de entrada e saída em Gaza, considerando devidamente a necessidade de Israel de proteger seus cidadãos contra ataques terroristas.

Então permitam-me frisar isto novamente: nenhuma das medidas que acabei de mencionar impactaria negativamente a segurança de Israel.

É importante enfatizar também que não se trata de oferecer medidas econômicas limitadas que perpetuam o status quo. Estamos falando de medidas significativas que sinalizariam um avanço real para a criação de dois Estados.

E este é o ponto decisivo: se levamos a sério a solução de dois Estados, é hora de começar a implementá-la. Avançar o processo de separação agora, de forma séria, poderá fazer uma diferença significativa para a sobrevivência da solução de dois Estados e para aumentar a confiança dos cidadãos de ambos os lados de que a paz é, sim, possível. E muito pode ser feito antes das negociações, para criar os alicerces das negociações, de acordo com o processo de Oslo. Na verdade, essas medidas ajudarão a criar as condições para diálogos bem-sucedidos.

Agora, em última instância, todos entendemos que um acordo final só pode ser obtido por negociações diretas entre as partes. Dissemos isso muitas vezes. Não podemos impor a paz.

Há outros países na ONU que acreditam ser nossa função ditar os termos de uma solução no Conselho de Segurança. Outros querem que simplesmente reconheçamos um Estado palestino, sem um acordo. Mas quero deixar claro hoje que essas não serão as nossas escolhas.

Escolhemos, em vez disso, usar a experiência dos últimos oito anos para oferecer um rumo quando as partes estiverem prontas para negociar seriamente. Em um lugar onde as narrativas do passado fundamentam e moldam poderosamente o presente, é importante entender a história. Nós marcamos este ano e o próximo com uma série de marcos que, acredito, ilustram ambos os lados do conflito e formam a base para sua resolução. Vale a pena mencioná-los brevemente.

Cento e vinte anos atrás, o primeiro Congresso Sionista Mundial reuniu na Basileia um grupo de visionários judeus, que decidiram que a única resposta eficaz às ondas de horrores antissemitas que varriam a Europa seria criar um estado no lar histórico do povo judeu, onde seus laços com a terra remontam há séculos – um Estado que pudesse defender suas fronteiras, proteger seu povo e viver em paz com seus vizinhos. Essa era a visão. Foi o início moderno, e continua a ser o sonho de Israel hoje.

Há quase 70 anos, a Resolução 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas finalmente abriu o caminho para tornar o Estado de Israel realidade. O conceito era simples: criar dois Estados para dois povos – um judeu e um árabe – realizarem as aspirações nacionais de judeus e palestinos. E tanto Israel quanto a OLP fizeram referência à Resolução 181 em suas respectivas declarações de independência.

Os Estados Unidos reconheceram Israel sete minutos após sua criação. Mas os palestinos e o mundo árabe não reconheceram, e desde seu nascimento Israel teve de lutar por sua sobrevivência. Os palestinos também sofreram terrivelmente na guerra de 1948, incluindo muitos que viveram durante gerações em uma terra que também fora seu lar por muito tempo. E quando Israel comemorar seu 70o aniversário em 2018, os palestinos terão um aniversário muito diferente: 70 anos do que chamam de Nakba, ou catástrofe.

O ano que vem também marcará os 50 anos do fim da Guerra dos Seis Dias, quando Israel lutou por sua sobrevivência. E, novamente, marcará o oposto para os palestinos: 50 anos de ocupação militar. Ambos os lados aceitaram a Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, que pediu a retirada de Israel dos territórios que ocupou em 1967 em troca de paz e fronteiras seguras como base para o fim do conflito.

Faz mais de 20 anos que Israel e a OLP assinaram seu primeiro acordo – os Acordos de Oslo – e a OLP reconheceu formalmente Israel. Ambos os lados se comprometeram com um plano de transição de boa parte da Cisjordânia e de Gaza para o controle palestino durante as negociações para um status permanente que pusesse fim ao conflito. Infelizmente, nem a transição nem o acordo final se realizaram, mas ambos os lados são responsáveis por isso.

Por último, há uns 15 anos, o rei Abdullah, da Arábia Saudita, lançou a histórica Iniciativa Árabe de Paz, que oferecia relações plenamente normalizadas com os israelenses quando Israel concordasse com a paz – grande oportunidade na época e hoje, que nunca foi plenamente abraçada.

Essa história foi fundamental para a nossa abordagem de tentar encontrar uma forma de solucionar o conflito. E com base em minha experiência com ambos os lados nos últimos quatro anos, incluindo os nove meses de negociações formais, as questões centrais podem ser resolvidas se houver liderança dos dois lados comprometida em encontrar uma solução.

No fim das contas, acredito que as negociações fracassaram não porque as diferenças eram grandes demais, mas porque o nível de confiança era muito baixo.

Ambos os lados temiam que as concessões não fossem recíprocas e implicariam um custo político alto demais. E o profundo ceticismo público dificultou ainda mais a capacidade dos dois lados de assumir riscos.

Nas inúmeras horas que trabalhamos em diretrizes detalhadas, consideramos diversas formulações e desenvolvemos propostas específicas de aproximação, chegamos a uma compreensão clara das necessidades fundamentais de ambos os lados. Nos últimos dois anos e meio, testei ideias com partes interessadas regionais e internacionais, inclusive com nossos parceiros do Quarteto. E acredito que o resultado disso tudo é um amplo consenso sobre princípios equilibrados que satisfariam as necessidades centrais de ambos os lados.

O presidente Clinton merece grande crédito por apresentar extensos parâmetros destinados a reduzir as lacunas nas negociações avançadas para um status final, há 16 anos. Hoje, com a desconfiança forte demais até mesmo para iniciar os diálogos, estamos na ponta oposta do espectro. Nenhum dos lados está disposto a até mesmo arriscar reconhecer o ponto principal do outro, e mais negociações que não produzam avanços só reforçarão os piores temores.

Agora, todos entendem que as negociações seriam complexas e difíceis, e não podemos esperar que alguém concorde com um resultado final de antemão. Mas se as partes pudessem pelo menos demonstrar que compreendem as necessidades mais básicas do outro lado – e se estiverem potencialmente dispostas a atendê-las se a recíproca for verdadeira ao final de negociações abrangentes – talvez então poderíamos ter confiança suficiente para estabelecer o início de um processo significativo.

É com esse espírito que oferecemos os princípios seguintes – não para prejulgar ou impor um resultado, mas para fornecer uma possível base para negociações sérias quando as partes estiverem prontas. Agora, individualmente os países podem ter políticas mais detalhadas sobre essas questões – como nós temos, a propósito –, mas acredito que há um amplo consenso de que um acordo para um status final que atenda às necessidades de ambos os lados incluiria o que se segue.

Princípio número um: proporcionar fronteiras internacionais reconhecidas e seguras entre Israel e uma Palestina viável e contígua, negociadas com base nas demarcações de 1967 com trocas equivalentes mutuamente acordadas.

A Resolução 242, consagrada há 50 anos no Direito Internacional, prevê a retirada de Israel dos territórios ocupados em 1967, em troca da paz com seus vizinhos e de fronteiras seguras e reconhecidas. Foi acordada há muito tempo por ambos os lados e continua a ser a base para um acordo hoje.
Como secretário, uma das primeiras questões que resolvi com a Liga Árabe foi que concordassem que a referência na Iniciativa Árabe de Paz às fronteiras de 1967 a partir de agora incluiria o conceito de trocas de terra, que os palestinos reconheceram. E isso é necessário para refletir as realidades práticas locais, e trocas equivalentes mutuamente acordadas garantirão que o acordo seja justo para ambos os lados.

Há também amplo reconhecimento da necessidade de Israel assegurar que suas fronteiras sejam seguras e defensíveis e que o território da Palestina seja viável e contíguo. Praticamente todos com quem conversei foram claros quanto a este princípio também: nenhuma mudança feita por Israel nas fronteiras de 1967 será reconhecida pela comunidade internacional a menos que acordada por ambos os lados.

Princípio dois: concretizar a visão da Resolução 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas de dois Estados para dois povos, um judeu e um árabe, com reconhecimento mútuo e direitos iguais plenos a seus respectivos cidadãos.

Este foi o princípio fundamental, o princípio fundador da solução de dois Estados desde o início: criação de um Estado para o povo judeu e um Estado para o povo palestino, onde cada um possa atingir suas aspirações nacionais. E a Resolução 181 está incorporada nos documentos fundadores tanto de israelenses quanto de palestinos. O reconhecimento de Israel como Estado judeu tem sido a posição dos EUA há anos, e com base em minhas conversas nesses últimos meses, estou absolutamente convencido de que muitos outros agora estão prontos a aceitá-lo também – desde que a necessidade de um Estado palestino seja também atendida.

Também sabemos que há cerca de 1,7 milhão de cidadãos árabes que residem em Israel e precisam agora e sempre ter condições de viver como cidadãos iguais, o que dificulta a questão para os palestinos e outros no mundo árabe. Por isso é tão importante que ao reconhecer a terra natal um do outro – Israel para o povo judeu e a Palestina para o povo palestino – ambos os lados reafirmem seu compromisso de preservar direitos iguais plenos para todos os seus respectivos cidadãos.

Princípio número três: chegar a uma solução justa, acordada, imparcial e realista para a questão dos refugiados palestinos, com ajuda internacional, que inclua compensação, opções e assistência na busca de lares permanentes, com reconhecimento do sofrimento e outras medidas necessárias para uma resolução abrangente compatível com dois Estados para dois povos.

As dificuldades por que passam muitos refugiados palestinos é de partir o coração, e todos concordam que suas necessidades devem ser atendidas. Como parte de uma resolução abrangente, eles devem receber compensação, seu sofrimento deve ser reconhecido e haverá a necessidade de dispor de opções e de assistência para encontrar lares permanentes. A comunidade internacional pode fornecer apoio e assistência significativos. Sei que estamos preparados para isso, inclusive levantar fundos para ajudar a assegurar que a compensação e outras necessidades dos refugiados sejam atendidas, e muitos expressaram disposição para contribuir nesse esforço, especialmente se trouxer a paz. Mas há um reconhecimento geral de que a solução deve ser compatível com dois Estados para dois povos e não pode afetar o caráter fundamental de Israel.

Princípio quatro: chegar a uma resolução acordada para que Jerusalém seja reconhecida internacionalmente como capital de dois Estados e garantir liberdade de acesso aos locais sagrados compatível com o status quo estabelecido.

Jerusalém é a questão mais delicada para ambos os lados, e a solução terá de atender às necessidades não só das partes, mas de todas as três fés monoteístas. É por isso que os locais sagrados para bilhões de pessoas em todo o mundo precisam ser protegidos e permanecer acessíveis e o status quo criado deve ser mantido. Muitos reconhecem que Jerusalém não deve ser dividida novamente como foi em 1967, e nós acreditamos nisso. Ao mesmo tempo, há amplo reconhecimento de que não haverá acordo de paz sem conciliar as aspirações básicas de ambos os lados terem a capital ali.

Princípio cinco: atender às necessidades de segurança de Israel e pôr um ponto final, em última instância, à ocupação, garantindo que Israel possa se defender de maneira eficaz e que a Palestina possa oferecer segurança para seu povo em um Estado soberano e não militarizado.

A segurança é a questão fundamental para Israel, assim como algumas outras que mencionei, mas a segurança é vital. Todos entendem que nenhum governo israelense jamais pode aceitar um acordo que não satisfaça às suas necessidades de segurança ou que possa criar uma ameaça constante de segurança, como Gaza transferida para a Cisjordânia. E Israel deve ser capaz de se defender de forma eficaz, inclusive contra o terrorismo e outras ameaças regionais. Na verdade, há disposição real por parte do Egito, da Jordânia e de outros países para trabalhar junto com Israel na resolução de alguns desafios fundamentais de segurança. E acredito que esses esforços coletivos, inclusive coordenação intensa em segurança de fronteiras, compartilhamento de inteligência, cooperações conjuntas, operações conjuntas, podem desempenhar um papel fundamental para garantir a paz.

Ao mesmo tempo, pôr um ponto final à ocupação é a questão fundamental para os palestinos. Eles precisam saber que a ocupação militar chegará realmente ao fim após um processo de transição acordado. Precisam saber que podem viver com liberdade e dignidade em um Estado soberano, fornecendo segurança à sua população mesmo sem forças armadas próprias. Isso também é amplamente aceito. E é importante compreender que há muitas maneiras diferentes de Israel, Palestina, Jordânia, Egito, Estados Unidos e outros países cooperarem na provisão dessa segurança, sem ocupação.

Equilibrar essas exigências estava entre os desafios mais importantes enfrentados nas negociações, mas é onde os Estados Unidos têm mais capacidade de ajudar. E é por isso que uma equipe liderada pelo general John Allen – que está aqui e a quem sou muito grato por suas muitas horas de trabalho, ele é uma de nossas mentes militares mais brilhantes – junto com dezenas de especialistas do Departamento de Defesa e de outras agências, todos profundamente engajados com as Forças de Defesa de Israel para tentar encontrar soluções que poderão ajudar Israel a atender às suas necessidades legítimas de segurança.

Eles desenvolveram abordagens inovadoras para a criação de uma segurança de fronteiras sem precedentes, em múltiplas camadas; para a melhoria da capacidade palestina; para permitir que Israel mantenha a capacidade de enfrentar as ameaças por conta própria, mesmo após o fim da ocupação. O general Allen e sua equipe não sugeriram um resultado ou um cronograma específico, nem sugeriram que a tecnologia sozinha resolveria esses problemas. Simplesmente pensaram em formas de apoiar o que quer que os negociadores acordassem. E eles fizeram um trabalho impressionante que me dá total confiança de que as exigências de segurança de Israel podem ser atendidas.

Princípio seis: pôr fim ao conflito e a todas as reivindicações pendentes, permitindo relações normalizadas e maior segurança regional para todos, de acordo com a visão da Iniciativa Árabe de Paz. É essencial para ambos os lados que o acordo de status final resolva todas as questões pendentes e finalmente ponha fim a esse conflito, para que todos possam prosseguir rumo a uma nova era de coexistência e cooperação pacíficas. Para Israel, isso também deve trazer uma paz mais ampla com todos os seus vizinhos árabes. Essa é a promessa fundamental da Iniciativa Árabe de Paz, que os principais líderes árabes defenderam bem recentemente.

A Iniciativa Árabe de Paz também prevê mais segurança para toda a região. Ela vê Israel como parceiro nesses esforços quando a paz for alcançada. Essa é a área em que Israel e o mundo árabe estão diante talvez no maior momento de transformação potencial no Oriente Médio desde a criação de Israel, em 1948. O mundo árabe enfrenta os seus próprios desafios de segurança. Com a paz entre israelenses e palestinos, Israel, os Estados Unidos, a Jordânia, o Egito – junto com os países do Conselho de Cooperação do Golfo – estariam prontos e dispostos para definir uma nova parceria de segurança para a região que seria absolutamente inovadora.

Portanto, senhoras e senhores, é vital que todos trabalhemos para manter aberta a possibilidade de paz, que não percamos a esperança na solução de dois Estados, independentemente de quão difícil possa parecer – porque realmente não há uma alternativa viável.

Agora, todos sabemos que um discurso por si só não produzirá a paz. Mas com base em mais de 30 anos de experiência e nas lições dos últimos quatro anos, sugeri, com a concordância do presidente Obama, um caminho que as partes poderão seguir: medidas realistas no local agora, compatíveis com os compromissos anteriores das partes, que iniciarão o processo de separação em dois Estados; um horizonte político a ser trabalhado com o intuito de criar as condições para um diálogo de status final bem-sucedido; e uma base para as negociações que as partes poderão aceitar, demonstrando que estão determinadas a atingir a paz.

Só podemos incentivá-los a seguir esse caminho; não podemos trilhar o caminho por eles. Mas se adotarem essas medidas, a paz trará benefícios extraordinários na melhoria da segurança, da estabilidade e da prosperidade de israelenses, de palestinos, de todas as nações da região. A economia palestina possui um potencial incrível no contexto da independência, com grandes possibilidades de investimento do setor privado e uma força de trabalho jovem, talentosa, ávida e ansiosa por trabalhar. A economia israelense poderá crescer como nunca enquanto se torna uma potência econômica regional, beneficiando-se da cultura de inovação sem precedentes e de oportunidades comerciais com novos parceiros árabes. Ao mesmo tempo, os desafios de segurança poderão ser enfrentados em um modelo de segurança completamente novo, no qual Israel coopera abertamente com os principais Estados árabes. É por esse futuro que todos deveriam trabalhar.

O presidente Obama e eu sabemos que o novo governo sinalizou que talvez siga um caminho diferente e até sugeriu abandonar as políticas americanas estabelecidas há muito tempo sobre assentamentos, Jerusalém e a possibilidade de uma solução de dois Estados. Cabe ao novo governo decidir. É assim que funcionamos. Mas não podemos, em sã consciência, não fazer nada e não dizer nada quando vemos a esperança de paz se desfazer.

É hora de defender o que é certo. Todos sabemos há muito tempo como são dois Estados vizinhos vivendo em paz e segurança. Não devemos ter medo de dizer isso.

Realmente comecei a refletir muito sobre o que aprendemos – e sobre a maneira de prosseguir – quando estive com o presidente Obama em Jerusalém recentemente por ocasião do funeral de Estado de Shimon Peres. Shimon foi um dos fundadores de Israel, que se tornou um dos grandes estadistas do mundo – um homem lindo. Tive o orgulho de chamá-lo de amigo e sei que o presidente Obama também.

E lembrei da primeira vez que vi Shimon pessoalmente – em pé no gramado da Casa Branca, para a assinatura dos históricos Acordos de Oslo. E pensei sobre a última vez, em um jantar íntimo de sabá que compartilhamos a sós, poucos meses antes de sua morte, quando brindamos juntos ao futuro de Israel e à paz na qual ele ainda acreditava apaixonadamente para o seu povo.

Ele resumiu simples e eloquentemente, como somente Shimon era capaz: “A divisão original dava aos palestinos 48%, agora esse número caiu para 22%. Acho que 78% é suficiente para nós.”

Enquanto enterrávamos Shimon naquele dia, muitos de nós nos perguntávamos se a paz entre israelenses e palestinos também podia ser enterrada com um de seus defensores mais eloquentes. Não podemos deixar isso acontecer. Há simplesmente muita coisa em jogo – para as futuras gerações de israelenses e palestinos – para se render ao pessimismo, especialmente quando a paz ainda é, de fato, possível.

Não podemos perder a esperança na possibilidade de paz. Não podemos ceder aos que dizem que o agora é para sempre, que não há chance de um futuro melhor. Cabe a israelenses e palestinos fazer as escolhas difíceis para alcançar a paz, mas todos podemos ajudar. E pelo bem das futuras gerações de israelenses e palestinos, por todas as pessoas da região, pelos Estados Unidos e por todos mundo afora que oraram e trabalharam pela paz por gerações, esperemos que todos estejamos preparados – e principalmente os israelenses e os palestinos – para fazer essas escolhas agora.

Muito obrigado. (Aplausos.)