Relação Comercial Brasil-EUA: Resultados Esperados a Curto Prazo Embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman
AmCham Brasil
8 de Setembro de 2020
Bom dia a todos.
Para mim, é um grande prazer estar com todos vocês hoje. Agradeço ao Luiz Pretti, à Deborah Vieitas, ao Abrão Neto e a todos da equipe AmCham por organizarem este evento.
Hoje tenho o privilégio de falar sobre um assunto pelo qual estou 100% comprometido – o desenvolvimento contínuo de nossa sólida relação de comércio e investimento Brasil-EUA – uma relação que tem beneficiado ambos os países por mais de 200 anos.
Nossa relação de comércio e investimento é ampla e duradoura. Isso é bastante óbvio. Mais de Quatrocentas das quinhentas maiores empresas norte-americanas da Fortune 500 têm operações significativas no Brasil, algumas delas há mais de 100 anos. De acordo com o Banco Central do Brasil, os Estados Unidos são, com grande margem, a maior fonte de estoques de investimento estrangeiro direto do Brasil com 118 bilhões de dólares em 2018, representando 24% de todos os estoques de IED no Brasil. Espanha vem em segundo lugar, com 57 bilhões de dólares, Bélgica 35 bilhões, França 34 bilhões e a China com 21 bilhões. Na área de comércio bilateral, nosso comércio de bens e serviços chegaram a 105 bilhões de dólares por ano.
Há algumas semanas, falei na FGV e delineei 10 parcerias que vejo como áreas de crescimento nas relações entre os Estados Unidos e o Brasil. Hoje, gostaria de concentrar em cinco delas com vocês: Parceria para a prosperidade, Parceria na área de saúde, Parceria em inovação e criatividade, Parceria ambiental e a Parceria global.
O que significa uma parceria para a prosperidade? As empresas norte-americanas têm participação de longo prazo na economia brasileira. Elas têm contribuído de forma consistente para o desenvolvimento do Brasil. Elas geram produtos de valor agregado que estimulam a transferência de tecnologia e o crescimento profissional da força de trabalho brasileira. Nossa relação comercial bilateral é caracterizada por uma diversidade de produtos, muitos centros de pesquisa aqui no Brasil e um volume considerável de comércio intraempresa que evidencia a integração de nossos setores produtivos.
Mesmo assim, com 105 bilhões de dólares em comércio, eu acredito que possamos dobrar nosso comércio bilateral em cinco anos. E por que eu digo isso? Veja os exemplos de outros países sul americanos. O volume de nosso comércio bilateral com Chile, Peru, e Colômbia é equivalente a mais ou menos 10% do PIB desses países. Por exemplo, o PIB do Peru é de 222 bilhões e nosso comercio bilateral é de 23 bilhões. Mas com o Brasil, com uma economia de 2 trilhões, nosso comércio é de somente 5% do PIB. Isso significa que tem muito campo para expandir. Estamos trabalhando para alcançar esse objetivo agora, à medida em que avançamos em direção a novos acordos comerciais. Ao mesmo tempo, o mundo busca diversificar as cadeias de abastecimento para o período pós-pandêmico, para depender menos da China Comunista, pois vemos todo o perigo de depender nela. Isso apresenta uma nova oportunidade para o Brasil de ser um dos destinos para as empresas internacionais que querem reduzir sua presença na China Comunista.
Os Estados Unidos e o Brasil buscam atualmente chegar a novos acordos sob os auspícios do acordo ATEC (A Comissão sobre Relações Econômicas e Comerciais). Atualmente, estamos tratando de quatro temas: facilitação de comércio, boas práticas regulatórias, medidas anti-corrupção e comércio digital. Nosso objetivo é anunciar um progresso substancial sobre este pacote antes do final do ano.
Apesar da pandemia, muitos outros esforços estão em andamento. Realizamos o primeiro Diálogo Comercial virtual logo após a minha chegada. Um fórum importante para tratar temas pontuais. Estabelecemos novos mecanismos para tratar temas relacionados a mineração e energia. E estamos falando mais e mais com investidores americanos interessados nos setores brasileiros que estão se expandindo ao capital privado.
Os Estados Unidos já anunciaram publicamente nosso forte apoio à adesão do Brasil à OCDE. Ao atingir os marcos importantes necessários para a adesão plena, o Brasil se tornará uma economia mais competitiva e aumentará sua capacidade de atrair investimentos nacionais e estrangeiros. Como os maiores investidores no Brasil, para os Estados Unidos, a competitividade é de extrema importância. E eu já tive excelentes conversas sobre isso com muitas associações do setor privado brasileiro.
A segunda parceria de extrema importância é de saúde. Nossa relação na promoção de saúde pública é de longa data, onde já trabalhamos no combate da Zika, do HIV, da dengue, e muitas outras doenças. Todos os anos, os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos financiam mais de 800 milhões de reais em pesquisas de ponta com o governo brasileiro e organizações acadêmicas, desde doenças infecciosas até diabetes e câncer. Durante a pandemia, me orgulhei do fornecimento tanto pelo governo americano quanto por empresas privadas dos Estados Unidos de mais de 400 milhões de reais em assistência para ajudar comunidades, hospitais e famílias a lidarem com emergências de saúde. Além disso, empresas farmacêuticas dos Estados Unidos testam vacinas para COVID-19 no Brasil enquanto mantêm sua produção substancial de medicamentos no país.
No período pós-pandemia, continuaremos a promover avanços na saúde, revolucionando a forma como prevenimos e cuidamos de doenças. Avançaremos nossa capacidade conjunta de combater doenças e impulsionaremos políticas que contribuam para uma melhor saúde para americanos, brasileiros e pessoas em todo o mundo.
O que me leva à terceira parceria. Queremos continuar a construir uma parceria em inovação e criatividade. O futuro do sucesso econômico do Brasil e dos Estados Unidos dependerá da capacidade de nossos inovadores de capitalizar suas ideias. Em dezembro de 2019, o USPTO prorrogou por mais 5 anos um projeto com o INPI que beneficiará inovadores e empresas pela concessão de patentes mais duradouras em ambos os países. A função crucial da propriedade intelectual nos negócios é uma das razões pelas quais os Estados Unidos e outros 30 países avançam com o programa Rede Limpa, para incentivar um ambiente de telecomunicações em que as empresas de ponta podem confiar quando da proteção de dados e propriedade intelectual. Não queremos mais que nossa propriedade intelectual seja roubada pela China Comunista ou qualquer outro. E os investidores também não querem.
No âmbito do Fórum de Energia Estados Unidos-Brasil, as empresas de energia dos Estados Unidos têm implantado tecnologia de ponta em cooperação com parceiros brasileiros, colaborando em tudo, desde energia nuclear até eficiência energética. Estamos observando muitos avanços significativos neste setor.
O Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) permite o uso da tecnologia de lançamento dos Estados Unidos no Centro de Lançamento Espacial de Alcântara, abrindo portas para a colaboração comercial na economia espacial. Com uma convicção compartilhada sobre a importância do uso responsável do espaço, agora podemos explorar juntos uma parceria expandida e inovadora. Já tivemos contato com muitas empresas americanas que estão bastante interessadas.
A quarta parceria de grande importância é nossa parceria ambiental. Juntos, podemos desenvolver políticas e programas que protejam o meio ambiente — da Amazônia às comunidades urbanas — ao mesmo tempo em que criamos incentivos para que o setor privado participe e proporcione um crescimento econômico sustentável para todos.
Em janeiro de 2020, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e o Ministério do Meio Ambiente assinaram um memorando de entendimento para fortalecer e coordenar esforços na proteção efetiva do ambiente de nossas nações. Também temos a Plataforma de Parceria para a Amazônia, iniciativa estratégica da USAID, que é liderada pelo setor privado, identificando e implementando soluções inovadoras ao desenvolvimento sustentável e à conservação da biodiversidade, florestas e recursos naturais da Amazônia brasileira. Muitas empresas americanas estão envolvidas em projetos importantes que inspiram o cuidado do meio ambiente. Em breve, nós anunciaremos ainda mais medidas que estamos implementando junto com o Brasil para a proteção do meio ambiente.
Finalmente, nossa relação é uma parceria global. Uma parceria onde elevamos o bem-estar não só de nossos cidadãos, mas também dos países ao redor do mundo, liderando reformas em instituições internacionais, defendendo a ciência e políticas públicas baseadas em dados.
Eu gosto de dizer que os Estados Unidos e o Brasil juntos alimentam o mundo. Nossa parceria de longa data na agricultura solidificou os ganhos para os agricultores brasileiros e americanos. As empresas agrícolas – ADM, Bunge, Cargill, Mosaic, John Deere, Caterpillar, Pioneer – estão bem integradas no Brasil e muitas empresas brasileiras estão produzindo alimentos nos Estados Unidos também. Como as duas grandes superpotências agrícolas, os Estados Unidos e o Brasil estão na linha de frente, defendendo em conjunto o uso da sólida base científica nas políticas de produção agrícola e importação.
Isso não só beneficia os produtores dos nossos dois países, mas promove a segurança alimentar globalmente. O mundo provavelmente passará a ter mais de dois bilhões de habitantes nos próximos 30 anos. Alguém tem que alimentá-los e estou apostando nos Estados Unidos e no Brasil.
Temos claramente uma relação dinâmica, em que cada uma das empresas de vocês desempenha um papel importante. Conto com novos avanços e recomendações do setor privado de ambos os países através do nosso Fórum virtual de CEOs no dia 28 de setembro.
Por fim, gostaria de elogiar a AmCham por seu trabalho em lidar com extensos temas de desigualdade e justiça social. Esperamos estabelecer uma parceria com a AmCham para trabalharmos em conjunto com algumas dessas questões cruciais.
Me orgulha a relação bilateral que construímos através dos tempos, mas não vamos nos acomodar. Nada sustenta mais esse relacionamento do que o robusto engajamento comercial e de investimento construído pelo importante desempenho de muitas das empresas conectadas hoje nesta conferência. Eu e a Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil estamos dedicados a expandir essa parceria comercial estratégica com o Brasil, trabalhando com todos vocês na Amcham em todo o país. Será um grande prazer quando eu puder me reunir com todos vocês presencialmente num futuro próximo por todo o país.
Obrigado.