Secretário Blinken: “Enfrentando a crise e aproveitando a oportunidade: Liderança climática Global dos EUA”

Secretary of State Antony Blinken speaks about climate change, at the Chesapeake Bay Foundation in Annapolis, Md., Monday, April 19, 2021. (AP Photo/Jacquelyn Martin, Pool)

Pronunciamento do secretário Antony J. Blinken à Fundação Baía de Chesapeake: “Enfrentando a crise e aproveitando a oportunidade: Liderança climática global dos Estados Unidos”

Departamento de Estado dos EUA
Escritório do Porta-Voz
Washington, DC
19 de abril de 2021

DISCURSO

Centro Ambiental Philip Merrill
Annapolis, Maryland
19 de abril de 2021

SECRETÁRIO BLINKEN: Bem, boa tarde a todos. E Will, obrigado pela apresentação maravilhosa. E obrigado por nos emprestar este cenário e pano de fundo absolutamente espetaculares — certamente o melhor cenário e pano de fundo que tive em minha breve gestão como secretário. E muito obrigado à Fundação Baía de Chesapeake por seu compromisso duradouro em salvar a baía.

A Baía de Chesapeake foi formada há quase 12 mil anos pelo derretimento de geleiras. Hoje, ela se estende por 320 quilômetros e abriga mais de 3.600 espécies de plantas e animais. Cem mil rios e riachos despejam mais de 189 bilhões de litros de água na baía todos os dias. Mais de 18 milhões de pessoas vivem na bacia hidrográfica e muitas dependem dela para seu sustento. A indústria local de frutos do mar sozinha fornece cerca de 34 mil empregos e quase US$ 900 milhões em renda anual.

E ainda, como Will aludiu, o aquecimento das temperaturas causado pela atividade humana está transformando a baía. O nível da água está subindo. E o solo — incluindo onde estou agora — está afundando devido ao derretimento das geleiras que formaram a baía. Se continuar no ritmo atual, em apenas 80 anos, a baía se estenderá por quilômetros terra adentro, atingindo as casas de 3 milhões de pessoas, destruindo estradas, pontes, propriedades rurais. Muito da flora e da fauna da baía vai padecer. O mesmo acontecerá com a indústria pesqueira. Para os filhos dos meus filhos, a paisagem ficará irreconhecível.

Temos de impedir que isso aconteça enquanto ainda podemos.

É por isso que o presidente Biden tomou medidas para aderir novamente ao Acordo de Paris logo após assumir a Presidência e nomeou o secretário Kerry como o primeiro enviado presidencial especial para o Clima de nossa nação a liderar nossos esforços em todo o mundo. É também por isso que o presidente Biden convidou 40 líderes mundiais a Washington esta semana para uma cúpula sobre o clima.

E é por isso que o governo Biden-Harris fará mais do que qualquer outro na história visando enfrentar nossa crise climática. Esse já é um esforço conjunto em nosso governo e em toda nossa nação. Nosso futuro depende das escolhas que fazemos hoje.

Como secretário de Estado, meu trabalho é garantir que nossa política externa atenda ao povo americano — abordando os maiores desafios que eles enfrentam e aproveitando as maiores oportunidades que podem melhorar suas vidas. Nenhum desafio captura mais claramente os dois lados dessa moeda do que o clima.

Se os Estados Unidos não conseguirem liderar o mundo no que se refere à abordagem da crise climática, não vai sobrar muito do mundo. Se tivermos sucesso, vamos capitalizar a maior oportunidade de criar empregos de qualidade em gerações; vamos construir uma sociedade mais justa, saudável e sustentável; e vamos proteger este magnífico planeta. Esse é o teste que enfrentamos agora.

Hoje, quero explicar como a política externa americana nos ajudará a passar nesse teste.

Não há muito tempo, tínhamos de imaginar o impacto das mudanças climáticas. Ninguém precisa mais imaginar.

Nos últimos 60 anos, cada década tem sido mais quente do que a anterior.

Os eventos climáticos estão se tornando mais extremos. Durante a onda de frio em fevereiro, as temperaturas desde o Nebraska até o Texas foram mais de 40 graus abaixo do normal. Só no Texas, milhares ficaram desabrigados, mais de 4 milhões de pessoas ficaram sem aquecimento e eletricidade, mais de 125 pessoas morreram. Pode parecer contraintuitivo que o aquecimento global leve ao clima frio. Mas à medida que o Ártico esquenta, o clima frio é pressionado para o sul. E isso pode contribuir para períodos de frio recorde como o do Texas.

A temporada de incêndios florestais de 2020 queimou mais de 10 milhões de acres. Isso é mais do que todo o estado de Maryland. Vimos cinco dos seis maiores incêndios florestais da história da Califórnia e o maior incêndio florestal da história do Colorado.

Juntos, os desastres naturais em 2020 custaram aos Estados Unidos cerca de US$ 100 bilhões.

Enquanto isso, 2019 foi o ano mais chuvoso já registrado para os 48 estados contíguos dos Estados Unidos. Fortes chuvas e inundações impediram os agricultores do Meio-Oeste e das Grandes Planícies de plantar 19 milhões de acres de safras.

E de 2000 a 2018, o sudoeste americano vivenciou sua pior seca desde o século 16 — o século 16.

Estamos ficando sem recordes para quebrar.

Os custos — em danos monetários, meios de subsistência, vidas humanas — continuam aumentando.

E a menos que mudemos isso, vai piorar.

Tempestades mais frequentes e intensas; períodos de seca mais longos; aumento das inundações; calor mais extremo e frio mais extremo; aumento mais rápido do nível do mar; mais pessoas deslocadas; mais poluição; mais asma.

Custos de saúde mais altos; temporadas menos previsíveis para os agricultores. E tudo isso atingirá com mais força as comunidades de baixa renda, negras e pardas.

A última parte é importante. Os custos da crise climática recaem desproporcionalmente sobre as pessoas em nossa sociedade que têm menos condições de pagar. Mas também é verdade que enfrentar as mudanças climáticas oferece uma das ferramentas mais poderosas de que dispomos para combater a desigualdade e o racismo sistêmico. A maneira como respondemos pode ajudar a romper o ciclo.

Todas essas são as razões pelas quais devemos ter sucesso na prevenção de uma catástrofe climática. Mas o mundo já ficou para trás nas metas que estabelecemos há seis anos com o Acordo de Paris. E agora sabemos que esses alvos não foram longe o suficiente, para início de conversa. Hoje, a ciência é inequívoca: precisamos manter o aquecimento da Terra em 1,5 graus Celsius a fim de evitar uma catástrofe.

Os Estados Unidos têm um papel fundamental a desempenhar visando atingir essa meta. Temos apenas cerca de 4% da população mundial, mas contribuímos com quase 15% das emissões globais. Isso nos torna o segundo maior emissor mundial de gases de efeito estufa. Se fizermos nossa parte internamente, podemos dar uma contribuição significativa para enfrentar essa crise.

Mas isso não será suficiente. Mesmo que os Estados Unidos atinjam emissões líquidas zero amanhã, perderemos a luta contra as mudanças climáticas se não pudermos lidar com os mais de 85% de emissões provenientes do restante do mundo.

Ficar aquém terá grandes repercussões para nossa segurança nacional.

Escolha qualquer desafio de segurança que afete os Estados Unidos. As mudanças climáticas vão piorar tudo.

As mudanças climáticas exacerbam os conflitos existentes e aumentam as chances de novos — especialmente em países onde os governos são fracos e os recursos são escassos. Dos 20 países que a Cruz Vermelha considera mais vulneráveis ​​às mudanças climáticas, 12 já estão enfrentando conflitos armados. À medida que recursos essenciais como a água diminuem, veremos mais sofrimento e mais conflitos enquanto os governos lutam para atender às necessidades das populações em crescimento.

As mudanças climáticas também podem criar novos cenários de conflito. Em fevereiro, um petroleiro russo navegou pela Rota do Mar do Norte do Ártico pela primeira vez. Até recentemente, essa rota era transitável apenas algumas semanas por ano. Mas com o aquecimento do Ártico duas vezes mais rápido do que o restante da média global, esse período está ficando muito mais longo. A Rússia está explorando essa mudança para tentar exercer controle sobre novos espaços. Ela está modernizando suas bases no Ártico e construindo novas, incluindo uma a apenas 482 Km do Alasca. A China também está aumentando sua presença no Ártico.

As mudanças climáticas também podem ser um impulsionador da migração. Houve 13 furacões no Atlântico em 2020 — o maior número já registrado. A América Central foi atingida de maneira especialmente grave. Tempestades destruíram as casas e os meios de subsistência de 6,8 milhões de pessoas na Guatemala, em Honduras e em El Salvador, e destruíram centenas de milhares de hectares de plantações, levando a um grave aumento da fome. Meses após as tempestades, aldeias inteiras ainda estão enterradas na lama e as pessoas estão escavando partes de suas casas enterradas para vender como sucata.

Quando desastres atingem pessoas que já vivem na pobreza e na insegurança, isso muitas vezes pode ser a gota d’água, levando-as a abandonar suas comunidades em busca de um lugar melhor para morar. Para muitos centro-americanos, isso significa tentar chegar aos Estados Unidos — mesmo quando dizemos reiteradamente que a fronteira está fechada, e mesmo que a viagem imponha enormes dificuldades, especialmente para mulheres e meninas que enfrentam alto risco de violência sexual.

Todos esses desafios estão exigindo muito de nossos militares. A Academia Naval dos EUA fica a apenas oito quilômetros ao norte daqui, e a Estação Naval de Norfolk, a maior base naval do mundo, a cerca de 320 quilômetros ao sul. Ambas as bases — e as missões cruciais que apoiam — enfrentam a ameaça iminente das mudanças climáticas. E essas são apenas duas das dezenas de instalações militares que as mudanças climáticas colocam em risco. Além do mais, nossos militares costumam responder a desastres naturais, que estão se tornando mais frequentes e destrutivos. Em janeiro, o secretário de Defesa Austin anunciou que os militares incluiriam imediatamente as mudanças climáticas em seu planejamento e operações, e como isso avalia os riscos. Como disse o secretário Austin, e cito: “Há pouco sobre o que o Departamento faz para defender o povo americano que não seja afetado pelas mudanças climáticas.”

Dito isso, seria um erro pensar no clima apenas sob o prisma das ameaças. Aqui está o porquê. Cada país do planeta tem de fazer duas coisas — reduzir as emissões e se preparar para os impactos inevitáveis ​​das mudanças climáticas. A inovação e a indústria americanas podem estar na vanguarda de ambas. Isso é o que o presidente Biden quer dizer quando afirma — e cito: “Quando penso em mudanças climáticas, penso em empregos.”

Para se ter uma ideia de escala, considere que, até 2040, o mundo enfrentará uma lacuna de infraestrutura no valor de US$ 4,6 trilhões. Os EUA têm grande interesse em como essa infraestrutura é construída. Não apenas se [isso] cria oportunidades para trabalhadores e empresas americanos, mas também se é verde e sustentável, e feito de forma transparente; se respeita os direitos dos trabalhadores; se dá voz à população local; e se não atola governos em desenvolvimento e comunidades em dívidas. Essa é uma oportunidade para nós.

Ou considere os enormes investimentos que os países estão fazendo em energia limpa. As energias renováveis são agora a fonte mais barata de eletricidade a granel em países que contêm dois terços da população mundial. Prevê-se que o mercado global de energia renovável será de US$ 2,15 trilhões em 2025. Isso é mais de 35 vezes o tamanho do mercado atual de energias renováveis nos EUA. Já o emprego de mais rápido crescimento nos Estados Unidos é o de técnico de energia solar e eólica.

É difícil imaginar os Estados Unidos vencendo a competição estratégica de longo prazo com a China se não pudermos liderar a revolução das energias renováveis. Agora, estamos ficando para trás. A China é o maior produtor e exportador de painéis solares, turbinas eólicas, baterias e veículos elétricos. Detém quase um terço das patentes mundiais de energia renovável. Se não alcançarmos a China, os Estados Unidos perderão a chance de moldar o futuro climático do mundo de uma forma que reflita nossos interesses e valores, e perderemos incontáveis ​​empregos para o povo americano.

Pois bem, permitam-me ser claro: o objetivo número um de nossa política climática é evitar catástrofes. Estamos torcendo para que cada país, empresa e comunidade melhore a redução de emissões e a construção de resiliência.

Mas isso não significa que não tenhamos interesse em que os Estados Unidos desenvolvam essas inovações e as exportem para o mundo. E isso não significa que não tenhamos interesse na maneira como os países reduzem suas emissões e se adaptam às mudanças climáticas. Então, como podemos fazer isso?

Podemos começar liderando pelo poder de nosso exemplo. Enquanto trabalhamos para cumprir nossas ambiciosas metas climáticas, os seguintes princípios básicos guiarão nossa abordagem.

Aumentaremos significativamente nosso investimento em pesquisa e desenvolvimento de energia limpa, porque é assim que catalisaremos avanços que beneficiem as comunidades americanas e criem empregos americanos.

Em todos os nossos investimentos climáticos, buscaremos não apenas promover o crescimento, mas também a equidade. Seremos inclusivos, nos concentrando em fornecer aos americanos em todo o país — e em uma variedade de comunidades — empregos bem remunerados e a oportunidade de se filiarem a um sindicato.

Vamos empoderar os jovens, não apenas porque eles suportarão mais as consequências das mudanças climáticas, mas também por causa da urgência, engenhosidade e liderança que demonstraram no enfrentamento desta crise.

Alistaremos estados, cidades, empresas grandes e pequenas, a sociedade civil e outras coalizões como parceiros e modelos. Outros têm feito um trabalho inovador nesse campo há muito tempo. Vamos elevá-los e compartilhar as melhores práticas.

E isto é importante: estaremos cientes de que, apesar de todas as oportunidades oferecidas pela mudança inevitável para a energia limpa, nem todo trabalhador americano vencerá no curto prazo. Alguns meios de subsistência e comunidades que dependiam de velhas indústrias serão duramente atingidos. Não vamos deixar esses americanos para trás. Forneceremos aos nossos concidadãos americanos caminhos para meios de vida novos e sustentáveis, ​​e apoio enquanto eles atravessam esta transição.

Logo após assumir a Presidência, o presidente Biden criou o Grupo de Trabalho Interagências sobre Comunidades de Carvão e Usinas e Revitalização Econômica. O grupo está trabalhando em todo o governo para identificar e fornecer recursos federais a fim de revitalizar a economia local das comunidades de carvão, petróleo, gás e usinas de energia, e garantir benefícios e proteções para os trabalhadores nessas mesmas comunidades. E como parte de seu Plano de Emprego nos Estados Unidos, o presidente propôs um investimento inicial de US$ 16 bilhões para colocar centenas de milhares de pessoas em empregos sindicalizados, fechando poços e minas de petróleo e gás abandonados.

Se pudermos permanecer fiéis a esses princípios e ao mesmo tempo cumprir nossas metas climáticas, demonstraremos um modelo com o qual outros países desejarão fazer parceria e seguir.

Com esses valores em mente, eis como o Departamento de Estado vai alavancar nossa política externa a fim de apresentar resultados em relação ao clima ao povo americano.

Em primeiro lugar, colocaremos a crise climática no centro de nossa política externa e segurança nacional, como o presidente Biden nos instruiu a fazer em sua primeira semana de mandato. Isso significa levar em consideração como cada compromisso bilateral e multilateral — cada decisão política — terá impacto sobre nosso objetivo de colocar o mundo em um caminho mais seguro e sustentável. Também significa garantir que nossos diplomatas tenham o treinamento e as habilidades para elevar o clima em nossas relações em todo o mundo.

Ora, o que isso não significa é tratar o progresso de outros países sobre o clima como um recurso que eles podem usar para desculpar o mau comportamento em outras áreas que são importantes para nossa segurança nacional. O governo Biden-Harris está unido nisto: o clima não é um cartão de troca — é o nosso futuro.

Estou particularmente feliz que o presidente Biden nomeou meu amigo John Kerry para servir como nosso enviado presidencial especial para o Clima. Ninguém é mais experiente ou eficaz em convencer outros países a elevar suas ambições climáticas. Precisamos que o mundo inteiro se concentre em agir agora, e ao longo desta década, para promover a obtenção de emissões globais líquidas zero até 2050.

Estou 100% com John neste esforço. Os líderes de nossas outras agências do governo dos EUA também estão. E sua liderança será indispensável para inserir o clima em tudo o que fazemos no Departamento de Estado.

Em segundo lugar, à medida que outros países avançam, o Departamento de Estado mobilizará recursos, know-how institucional, expertise técnica de todo nosso governo, setor privado, ONGs e universidades de pesquisa para ajudá-los. Apenas nas últimas semanas, anunciamos um novo financiamento para o empreendedorismo de energia limpa e mercados de energia renovável mais eficientes em Bangladesh e para ajudar as pequenas empresas da Índia a investirem em energia solar. Esses investimentos nos movem em direção às nossas metas climáticas e levam acesso à energia para pessoas que nunca a tiveram antes.

Em terceiro lugar, enfatizaremos a assistência aos países mais afetados pelas mudanças climáticas, muitos dos quais carecem de recursos e capacidade para lidar com seus impactos desestabilizadores. Bem, isso inclui os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, vários dos quais estão literalmente afundando no oceano devido ao aumento do nível do mar. Em 2020, apenas 3% do financiamento climático foi direcionado a esses países. Temos de consertar isso. Para esse fim, os Estados Unidos estão mobilizando especialistas e tecnologia em ilhas vulneráveis ​​no Pacífico e no Caribe visando melhorar os sistemas de alerta precoce e resposta, e estamos investindo na construção de resiliência em áreas como infraestrutura e agricultura.

Em quarto lugar, nossas Embaixadas liderarão no local. Elas já estão — ajudando os governos a projetar e implementar políticas inteligentes para o clima, enquanto procuram maneiras de aproveitar os pontos fortes exclusivos dos setores público e privado dos Estados Unidos. No mês passado, a empresa americana Sun Africa iniciou a construção de duas enormes instalações de energia solar em Angola, incluindo a unidade Biopio de 144 megawatts. Quando concluído, será a maior instalação solar de toda a África Subsaariana. O projeto fornecerá energia suficiente para 265 mil residências e eliminará 1.665.000 litros de óleo diesel com alto teor de carbono que Angola importa e queima a cada ano. Além disso, espera-se que este projeto use cerca de US$ 150 milhões em equipamentos de energia solar exportados dos Estados Unidos. Esse esforço é bom para o povo angolano, bom para o clima e bom para empregos e negócios americanos. E isso simplesmente não teria acontecido se não fosse pelos esforços de nossos diplomatas.

Em quinto lugar, usaremos todas as ferramentas de nosso kit para tornar os inovadores de energia limpa dos EUA mais competitivos no mercado global. Isso inclui instrumentos de alavancagem como o financiamento fornecido pelo Banco de Exportação e Importação para incentivar as exportações de energia renovável; a expansão proposta de créditos fiscais para geração e armazenamento de energia limpa no Plano de Empregos do Presidente Americano; e os esforços contínuos do governo com o intuito de nivelar o campo de atuação global para produtos e serviços de fabricação americana.

Apoios como esses podem ter um impacto desproporcional, principalmente porque o mercado atual de energias renováveis ​​é apenas uma pequena fração do mercado futuro. Além de painéis solares, turbinas eólicas, baterias, existem mais de 40 categorias adicionais de energia limpa, incluindo hidrogênio limpo, captura de carbono e energias renováveis ​​de última geração, como energia geotérmica aprimorada. Ninguém fez uma reivindicação dominante para essas tecnologias promissoras ainda. E, com um impulso de nossa política interna e externa, cada um deles pode ser liderado ou fabricado nos Estados Unidos.

Uma start-up de Massachusetts chamada Boston Metal mostra como isso pode ser feito. A empresa foi pioneira em um novo processo que pode produzir aço e outros metais de forma mais eficiente e com custos mais baixos, ao mesmo tempo que produz menos poluição. A maior parte do setor siderúrgico dos EUA já usa tecnologias limpas, mas o CEO da empresa, um imigrante brasileiro, viu um mercado inexplorado em países como o Brasil, onde a Boston Metal está fazendo parceria com a indústria para substituir formas mais antigas e sujas de fazer aço. Essa empresa está criando empregos de qualidade e com bons salários nos Estados Unidos. O aço é uma indústria global de US$ 2,5 trilhões e muitos dos produtores mundiais precisarão dar um salto semelhante. Os Estados Unidos podem ajudá-los a fazer isso.

Em sexto lugar, nossos diplomatas desafiarão as práticas de países cuja ação — ou inação — está fazendo o mundo retroceder. Quando os países continuarem a depender do carvão para uma quantidade significativa de sua energia, ou investir em novas fábricas de carvão, ou permitir o intenso desmatamento, eles ouvirão os Estados Unidos e nossos parceiros sobre como essas ações são prejudiciais.

E, finalmente, aproveitaremos todas as oportunidades que tivermos para levantar essas questões com nossos aliados e parceiros, e por meio de instituições multilaterais. Na Otan, por exemplo, há consenso de que precisamos adaptar nossa prontidão militar para a inevitabilidade das mudanças climáticas e reduzir a dependência das forças militares dos Aliados em combustíveis fósseis, o que é tanto uma vulnerabilidade quanto uma importante fonte de poluição. Eu sei que o secretário-geral Stoltenberg, que chamou o clima de “multiplicador de ameaças”, é tão sério quanto nós na abordagem da mudança climática.

Transmitiremos uma mensagem forte para a reunião do G7 no próximo mês, cujos membros produzem um quarto das emissões mundiais. E representarei os Estados Unidos na Reunião Ministerial do Conselho do Ártico do mês que vem, onde reafirmarei o compromisso dos Estados Unidos em cumprir as metas climáticas e encorajar outras nações árticas a fazer o mesmo.

Todos esses esforços, internos e externos, nos permitirão liderar com uma posição de força quando o mundo se reunir em novembro para a Conferência da ONU sobre o Clima em Glasgow.

Passei grande parte do meu tempo focado nas ameaças à segurança e aos interesses dos Estados Unidos — ações agressivas da Rússia ou da China, a disseminação da Covid-19, os desafios que as democracias enfrentam. Mas uma ameaça igualmente grave para o povo americano — e existencial a longo prazo — pode ser vista aqui mesmo, na Baía de Chesapeake, onde os custos das mudanças climáticas já se manifestam.

No entanto, desse mesmo lugar, também podemos ver exemplos de inovação e liderança americanas que — se tomadas em escala — podem prevenir uma catástrofe climática e beneficiar trabalhadores e comunidades americanas.

Maryland se comprometeu a cortar as emissões do estado em pelo menos 40% até 2030 e com 100% de energia limpa até 2040. Maryland também oferece aos agricultores fortes incentivos para plantar lavouras de cobertura, que ajudam a reter o dióxido de carbono. Mais de 40% dos agricultores do estado estão usando agora essas safras. E incontáveis ​​outros estão fazendo sua parte para prevenir as mudanças climáticas na baía — e muitas vezes beneficiando empregos americanos no processo.

Considerem o edifício do Merrill Center bem aqui, de onde estou falando. Quando foi inaugurado há 20 anos, era o primeiro Edifício [com certificação] LEED Platinum em todo o mundo, um padrão dos EUA para eficiência energética que desde então se tornou o padrão ouro em todo o mundo. Cerca de um terço de sua energia vem da energia solar. Ele usa 80% menos água do que a maioria dos edifícios de seu tamanho. Quase metade do prédio — os materiais de construção, desculpem-me, vieram de um raio de [cerca de] 480 km. Seu projeto economiza US$ 50 mil por ano apenas em custos de energia.

Uma mais recente instalação construída pela Fundação Baía de Chesapeake em 2014 é ainda mais eficiente, refletindo os avanços no design e na fabricação americanos. Produz mais energia do que consome e toda a água que utiliza é captada pela chuva. Seus painéis solares vêm de Oregon, suas turbinas eólicas de Oklahoma. Esses painéis solares e turbinas eólicas são projeto, propriedade e construção americanos. E pessoas de todo o mundo têm vindo estudar esses edifícios.

São mudanças como essas que ajudarão a preservar a baía como a conhecemos, e todas as comunidades e meios de subsistência que ela sustenta.

Este é o plano para a liderança americana sobre o clima. Reunindo inovação do governo e do setor privado, comunidades e organizações. Não apenas cumprindo metas de controle das mudanças climáticas, mas fazendo isso de uma forma que seja aberta, que seja um bom investimento, que crie oportunidades para os trabalhadores americanos.

A crise climática que enfrentamos é profunda. As consequências de não enfrentá-la seriam cataclísmicas. Mas se liderarmos pelo poder de nosso exemplo — se usarmos nossa política externa não apenas para fazer com que outros países se comprometam com as mudanças necessárias, mas para fazer dos Estados Unidos seu parceiro na implementação dessas mudanças — podemos transformar o maior desafio em gerações na maior oportunidade para as gerações vindouras.

Obrigado pela atenção.

Esta tradução é fornecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deve ser considerado oficial.