Tenho orgulho da nossa diplomacia

Artigo de

Rex W. Tillerson
Secretário de Estado

The New York Times

No ano passado, os Estados Unidos enfrentaram enormes desafios nas suas relações com a Coreia do Norte, China e Rússia e em seus esforços para derrotar o terrorismo internacional. Mas os americanos devem ser encorajados pelos avanços que o Departamento de Estado e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional fizeram  pela estabilidade e a paz mundial.

Quando o presidente Trump assumiu o governo, identificou a Coreia do Norte como a maior ameaça à segurança dos Estados Unidos. Ele abandonou a política fracassada da paciência estratégica. Em seu lugar colocamos em prática uma política de pressão por meio de sanções diplomáticas e econômicas. Este ano, o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou unanimemente três das resoluções de sanções mais rígidas da história, inclusive banindo uma ampla gama de exportações da Coreia do Norte como carvão, ferro, frutos do mar e têxteis.

Os Estados Unidos pediram a seus aliados e parceiros para exercer pressão unilateral contra a Coreia do Norte a fim de forçar o regime a mudar de atitude. Muitos reagiram com ações positivas como, por exemplo, fechando as portas ao comércio, rompendo os laços diplomáticos e expulsando trabalhadores norte-coreanos. Nossa campanha de pressão pacífica cortou cerca de 90% das receitas de exportação da Coreia do Norte, usadas em grande parte para financiar o desenvolvimento de armas ilegais.

Esperamos que esse isolamento internacional pressione o regime a iniciar negociações sérias para abandonar seus programas de energia nuclear e mísseis balísticos. Uma porta de diálogo permanece aberta, mas deixamos claro que o regime deve fazer por merecer seu caminho de volta à mesa de negociações. Até que ocorra a desnuclearização, a pressão continuará.

Um componente central da nossa estratégia com relação à Coreia do Norte é persuadir a China a exercer sua decisiva vantagem econômica em Pyongyang. A China aplicou alguns banimentos e algumas sanções, mas poderia e deveria fazer mais. Continuaremos também em busca dos interesses americanos em outras áreas das nossas relações, como os desequilíbrios comerciais, o roubo de propriedade intelectual e as preocupantes atividades militares chinesas no mar da China Meridional e em outros lugares. A ascensão da China como potência econômica e militar exige que Washington e Pequim considerem cuidadosamente como gerenciar suas relações nos próximos 50 anos.

Derrotar o terrorismo continua a ser uma das prioridades do presidente.  A estratégia agressiva do governo para deter o Estado Islâmico delega mais autoridade aos comandantes militares americanos no campo de batalha, dando aos nossos soldados mais liberdade e velocidade para fazer o que fazem melhor, em parceria com a força de combate local. Como resultado, a Coalizão Global para Derrotar o Estado Islâmico acelerou operações e recuperou virtualmente todos os territórios que haviam sido tomados no Iraque e na Síria. Enquanto as nossas Forças Armadas ajudavam a libertar o Iraque e a Síria das forças do Estado islâmico, nossos diplomatas davam seguimento prestando ajuda e assistência humanitária, retirando minas terrestres, restaurando fornecimento de água e energia e levando as crianças de volta à escola.

Um compromisso para deter o extremismo e o terrorismo islâmicos também motivou a decisão do governo de adotar uma nova estratégia para o Sul da Ásia, com foco no Afeganistão. Esse país não pode tornar-se um refúgio para terroristas, como o foi nos dias que antecederam os atentados de 11 de setembro. O Paquistão precisa contribuir combatendo grupos terroristas em seu próprio território. Estamos dispostos a fazer parceria com o Paquistão para derrotar organizações terroristas que buscam refúgio, mas o Paquistão deve demonstrar o desejo de ser nosso parceiro.

Na Rússia, não temos ilusões quanto ao governo com o qual estamos lidando. Os Estados Unidos  têm hoje um relacionamento difícil com a Rússia ressurgente que invadiu seus vizinhos, a Geórgia e a Ucrânia, na última década e minou a soberania de nações ocidentais ao se intrometer nas nossas eleições e nas de outros. A nomeação de Kurt Volker, ex-embaixador da Otan, como representante especial para a Ucrânia reflete nosso compromisso com a restauração da soberania e da integridade territorial do país. Sem uma solução pacífica para o caso da Ucrânia, que deve começar com a adesão da Rússia aos acordos de Minsk, as relações com a Rússia não podem continuar como de costume.

Apesar de estarmos prevenidos contra uma agressão russa, reconhecemos a necessidade trabalhar com a Rússia onde houver interesses mútuos. Em nenhum lugar isso é mais evidente do que na Síria. Agora que o presidente Vladimir Putin se comprometeu com o processo político de Genebra apoiado pelas Nações Unidas para dar um novo futuro à Síria, esperamos que a Rússia o cumpra. Estamos confiantes de que o cumprimento dessas conversações produzirá uma Síria livre de Bashar al-Assad e sua família.

Por fim, o fracassado acordo nuclear do Irã já não é o foco de nossa política com relação ao Irã. Estamos agora confrontando a totalidade das ameaças iranianas. Parte dessa estratégia implica na reconstrução de alianças com nossos parceiros do Oriente Médio, e em novembro ajudamos a restabelecer relações diplomáticas entre o Iraque e a Arábia Saudita. Vamos continuar a trabalhar com nossos aliados e com o Congresso a fim de estudar opções para corrigir as diversas falhas do acordo nuclear, construindo ao mesmo tempo um esforço com o mesmo propósito para punir o Irã pelas violações dos compromissos de mísseis balísticos e suas atividades desestabilizadoras na região.

Estou orgulhoso das conquistas que as nossas equipes do Departamento de Estado e da Agência para Desenvolvimento Internacional realizaram este ano no mundo todo, e os avanços continuarão em 2018 e além. Com esse objetivo, fizemos uma reestruturação no Departamento de Estado para reforçar a capacidade das nossas equipes de cumprir nossa missão.

Nossa reestruturação não envolve simplesmente o deslocamento de caixas em nosso organograma. Nossas mudanças devem resolver problemas de raiz que levam a ineficiência e frustrações. Ao realizar mudanças como a racionalização dos nossos recursos humanos e sistemas de tecnologia da informação,  o melhor alinhamento de pessoal e recursos com as prioridades estratégicas dos Estados Unidos e a reforma de processos em duplicidade, estamos dando ao nosso povo mais oportunidades de prosperar profissionalmente e dedicando mais tempo para enfrentar os problemas globais para cuja solução eles dedicaram suas carreiras.

Toda manhã quando acordo, meu primeiro pensamento é: “Como eu e meus colegas do  Departamento de Estado podemos usar a diplomacia para evitar que pessoas no mundo todo sejam mortas, feridas ou privadas de seus direitos?” Apesar dos desafios, continuo otimista quanto ao poder da diplomacia para resolver conflitos e promover os interesses americanos. Minha confiança vem do conhecimento de que os nossos esforços são realizados diariamente por funcionários patriotas e dedicados do Departamento de Estado que fazem sacrifícios para servir com paciência e persistência e que, ao fazer avançar os valores democráticos no mundo, estão protegendo nossos direitos de cidadãos à vida, à liberdade e à busca da felicidade.